“Foi abordada a possibilidade de rescisões nas próximas semanas”: trabalhadores da TiN (ainda mais) preocupados com o futuro
A Trust in News (TiN), grupo editorial responsável por publicações emblemáticas como Visão, Exame e Caras, enfrenta uma grave crise financeira que culminou no pedido de insolvência. Fundada em 2017, a empresa está agora à mercê de uma assembleia de credores, marcada para 29 de janeiro, que será determinante para o futuro das suas 16 publicações e dos seus trabalhadores.
Os funcionários vivem momentos de enorme incerteza, com meses de salários em atraso e pouca clareza sobre o que os próximos passos poderão significar para os seus postos de trabalho.
“É importante sublinhar que a nossa situação é bastante complicada. Até porque não é de agora que vivemos isto. Não recebemos o mês de dezembro, como não recebemos novembro ou outubro – a grande maioria – e mais seis subsídios de alimentação.”
Este é o testemunho de um jornalista do grupo, que descreve à Marketeer a realidade vivida por muitos dos seus colegas. A situação, já dramática, foi agravada pela ausência de soluções imediatas apresentadas durante o plenário realizado ontem.
Plenário de esclarecimento
O plenário reuniu mais de 100 trabalhadores e foi conduzido pelo administrador de insolvência, que explicou as razões para a falta de pagamento dos salários de dezembro e pediu desculpa pelo impacto nas vidas dos trabalhadores. Durante a reunião, o administrador referiu a possibilidade de efetuar um pagamento parcial dos salários atrasados até ao final de janeiro.
Contudo, “também foi abordada a possibilidade de rescisões nas próximas semanas, um cenário que está a ser avaliado pelo Administrador de Insolvência e que gerou preocupação adicional entre os presentes,” refere o jornalista.
Comissão de Trabalhadores exige prioridade para os empregos
Na mesma assembleia, os trabalhadores apelaram à Comissão de Trabalhadores (CT) e ao administrador de insolvência para que se dê prioridade a propostas de venda das revistas que garantam a inclusão dos postos de trabalho como critério essencial.
“A Comissão de Trabalhadores irá empenhar-se para que essa prioridade seja garantida”, afirmou à agência Lusa um dos seus membros, reiterando o compromisso do órgão em defender os interesses dos funcionários.
A CT também destacou a necessidade urgente de reunir com a Comissão de Credores antes da assembleia de credores, de forma a assegurar que o processo de análise das propostas de compra avance rapidamente e com as devidas salvaguardas.
A Comissão de Credores, que inclui entidades como o Instituto da Segurança Social, a Autoridade Tributária, a Impresa Publishing, o Novo Banco e os trabalhadores. De acordo com a Comissão de Trabalhadores há elementos da Comissão de Credores que estão indicados, mas não estará completo, faltando a Segurança Social. Contudo, o administrador de insolvência comprometeu-se a ajudar a agilizar os contatos.
Com um portfólio sólido de publicações, a Trust in News enfrenta agora o desafio de garantir a sua continuidade num mercado cada vez mais competitivo. O desfecho da assembleia de credores será decisivo, não apenas para os trabalhadores que vivem esta situação difícil, mas também para o futuro de algumas das revistas mais reconhecidas do panorama editorial português.