Fazer roupa como quem faz kombucha? É possível e o resultado desfila hoje na ModaLisboa

Aquela Kombucha juntou-se ao designer Ivan Hunga Garcia para apresentar hoje, na ModaLisboa, a colecção “O Último Prefixo”, onde o SCOBY (Symbiotic Culture of Bacteria and Yeasts) da marca portuguesa de kombucha será protagonista.

A película de celulose criada pelas bactérias ao consumirem o etanol produzido pelas leveduras apresenta-se como um novo material vegan e biodegradável utilizado enquanto “tecido” pelo designer na criação da nova colecção. O SCOBY da marca foi adicionado, no seu estado original, às peças, apresentando-se como um material orgânico vivo.

«Fascinou-nos acompanhar o desenvolvimento das peças pelo Ivan e a sua dedicação para com esta missão de desenvolver uma colecção biodegradável. É um processo extremamente desafiante trabalhar com materiais desta natureza e em especial o SCOBY-leather, pois implica todo um processo de fermentação à sua desidratação e modelagem», comenta, em comunicado, Maria Lima, fundadora da Aquela Kombucha.

Foi através da exploração do biodesign que Ivan Hunga Garcia encontrou na marca de kombucha o parceiro que procurava para abrir portas à conversa sobre a relação entre a moda e a sustentabilidade. É neste contexto que “O Último Prefixo” é uma colecção que aborda a família da espécie neo-hominídeo, sucessora do ser humano e como esta se insere no ecossistema.

«Esta colecção foi um momento de aplicação de técnicas por algum tempo imaginadas de forma utópica», explica o designer português. «Especificamente sobre o SCOBY, as propriedades vivas e a noção de uma comunidade de cultura bacteriana numa superfície aplicável ao design não só suscita um incentivo a uma inter-relação entre seres e corpo/vestuário, como questiona toda uma nova perspectiva de moda ‘descartável’, no sentido orgânico da palavra. Esteticamente, a sua proximidade com a pele humana excluiu todas as alternativas artificiais e sintéticas, como o látex e o vinil.»

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