Facturação dos negócios afunda 9% mas turismo e rentrée atenuam quebras

A facturação dos negócios em Portugal caiu 9% no passado mês de Setembro, em relação ao período homólogo de 2019. O número é apontado pela Reduniq, segundo a qual se verifica, ainda assim, uma retoma gradual das vendas e do número de transacções graças ao turismo nacional e à rentrée (regresso às aulas e ao trabalho).

O relatório “Reduniq Insights” revela que a quebra de 9% em Setembro está significativamente abaixo da descida acumulada de 20% que se verificou até Setembro em termos de facturação total, oferecendo alguma esperança para o consumo no território nacional. Contudo Tiago Ooom, director da Reduniq, alerta que estes «números não podem ser assumidos como indicadores seguros de que esta tendência de recuperação irá prevalecer».

Por um lado, explica, porque é expectável um novo agravamento da crise sanitária, que resulta também numa nova vaga de restrições e condicionamento de comportamentos de consumo. Por outro, é importante ter em atenção o adensar dos impactos de uma crise economia anunciada.

Além da facturação, a Reduniq verifica uma retoma gradual em termos de número de transacções: desde 23 de Agosto que a variação homóloga fica abaixo de 1%. Isto significa que os portugueses estão a comprar mais vezes, mesmo que o valor gasto em cada compra tenha caído para uma média de 33,50 euros por transacção.

Por distrito, o mesmo relatório mostra que distritos mais dependentes do turismo, como Lisboa, Faro, Porto, Açores e Madeira, são os mais afectados. Nestes casos, as quebras em Setembro ficaram entre os 14% e os 24%.

Já por sectores, a Reduniq sublinha que os sectores das farmácias (+45%), do retalho alimentar tradicional (+31%) e dos electrodomésticos e tecnologia (+7%) são aqueles que apresentam um melhor desempenho no acumulado do ano, sendo mesmo a excepção à quebra no consumo desde Janeiro. Por outro lado, os negócios de hotelaria (-64%), moda (-37%), e perfumarias (-35%) apresentam as maiores descidas.

«Em determinadas categorias, como os cabeleireiros, farmácias e retalho alimentar tradicional, esta melhoria da performance observou-se, por um lado, pelo aumento do parque de terminais de pagamento automático no sistema – resposta dos retalhistas ao receio dos consumidores usarem dinheiro físico – e, por outro lado, aquilo que consideramos ser uma migração de pagamentos em dinheiro físico para pagamentos electrónicos – desde logo pela democratização do contactless», explica Tiago Oom, referindo-se ao facto de que o relatório tem por base as transacções feitas no seio da rede Reduniq.

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