Europass: Fazer a ponte entre candidatos e empregadores

O Europass conta já com 15 anos de existência, tendo atingido mais de 100 milhões de utilizadores. Só em Portugal, em 2019 foram 3,2 milhões os CV feitos através da plataforma Europass.

O Europass surgiu em 2005, sendo um modelo transversal a toda a Europa. De acordo com as estatísticas da Comissão Europeia, em 15 anos atingiram mais de 100 milhões de utilizadores, o que demonstra que é um programa de muito sucesso. Portugal esteve em 1.º lugar no ranking europeu da utilização do CV, de 2009 a 2017, revelando que os empregadores procuravam sobretudo este modelo.
Durante o ano de 2019 houve, aproximadamente, três milhões e 200 mil CV feitos por cidadãos portugueses. Parte destes foi para candidaturas a entidades empregadoras/recrutamento nacionais e/ou europeias. Estes números permitiram a Portugal continuar a manter a 2.ª posição no ranking europeu. No passado dia 1 de Julho, foi lançada a nova plataforma que veio revolucionar o Europass.

Além de disponibilizar modelos editáveis de CV e cartas de apresentação (deixando de existir apenas o modelo estandardizado), o website também permite pesquisar oportunidades de formação ou de emprego na Europa. «O Europass disponibiliza informações fiáveis a quem pretende estudar e trabalhar em diferentes países europeus, fornecendo ligações a fontes europeias e nacionais.
Desta forma, ajuda a encontrar cursos e empregos adequados ao perfil do candidato e a obter orientação e apoio quando for necessário validar e reconhecer as qualificações», salienta Catarina Oliveira, coordenadora do Centro Nacional Europass. Com esta nova plataforma, o Europass funciona como facilitador na procura de emprego na Europa. A plataforma Europass disponibiliza um conjunto de oportunidades de emprego, a nível nacional e europeu.

Para tal, o candidato deve consultar o site Europass – Trabalhar na Europa – e fazer uma pesquisa pela área de trabalho. Ser-lhe-ão apresentadas todas as oportunidades existentes na Europa. Os resultados da pesquisa são fornecidos pela rede europeia de serviços de emprego (Eures). Destacar competências pessoais e sociais Num contexto socioeconómico radicalmente diverso, o desafio está hoje na possibilidade do candidato dar uma contribuição específica, demonstrando que a sua performance profissional resulta em benefícios para o stakeholder, ou seja, demonstrar vantagens no seu recrutamento. As tradicionais competências transversais/softskills já são consideradas clichés, pois foram termos que se tornaram banalizados/frequentemente utiliza- dos/apresentados em todos os CV.

«Este novo período exigirá não só um mindset mas, também, um skillset. É necessário criar uma nova caixa de ferramentas constituída por competências de uma complexidade cognitiva acrescida, sobretudo no domínio das softskills – pensamento crítico e complexo; flexibilidade cognitiva e inteligência emocional, demonstrando que estão preparados para o imprevisto e que têm capacidade de decisão, mesmo perante as adversidades », sublinha Catarina Oliveira, garantindo que estas serão as softskills mais procuradas pelos empregadores. O CV Europass é ajustável a todas as fases da vida de um profissional.

Por um lado, é um instrumento bastante facilitador para quem inicia uma carreira, visto ajudar passo a passo na construção de um modelo de CV; por outro lado, também é produtivo em uma qualquer outra situação, tal como a progressão na carreira ou a mudança de trabalho. Nestes últimos casos, o importante é o candidato desenvolver o seu CV de forma apelativa para o empregador, focando-se, essencialmente, nas suas experiências profissionais que estejam mais relacionadas com o posto de trabalho a que se candidata. Inegável é que, em qualquer dos casos, quem quer entrar no mercado de trabalho tem de se destacar dos restantes candidatos para conseguir atingir o seu objectivo: o emprego desejado.

Juntamente com o CV, é indispensável adicionar uma carta de apresentação. E uma carta de apresentação é, nada mais, nada menos, que uma descrição das intenções e objectivos do candidato a esse posto de trabalho. «A maior vantagem de escrever uma carta de apresentação é poder distinguir-se dos outros. Assim sendo, deve ser escrita pelo próprio, mostrar o interesse que tem na posição a que se está a candidatar e destacar as conquistas e qualidades que o faz ser o candidato ideal à posição», enumera a mesma responsável, lembrando que não deve ser uma cópia do CV.

Até porque deve personalizar a carta e encorajar o leitor a analisar o CV, mostrando que conhece a empresa onde quer trabalhar e como é que a sus experiência pode ser útil para a posição destacada. Em todo o processo é importante ter atenção à linguagem utilizada, aos erros de ortografia, a frases sem nexo e tempos verbais mal utilizados. A verdade é que, neste momento, estamos numa fase de transição a todos os níveis.

Ninguém sabe o que o futuro reserva e, em particular, o mercado de trabalho. Todavia, a coordenadora do Centro Nacional Europass crê que irão coexistir vários modelos no que à procura de emprego diz respeito, entre o tradicional e um modelo para a nova geração. É importante os jovens estarem preparados para os diferentes empregadores. «As redes sociais, os pitch, os CV vídeos já existem há vários anos, no entanto, na minha perspectiva, têm funções diferentes.

As redes sociais acabam por ser um complemento ao CV, pois servem para promover o candidato e facilitar a análise do empregador.» Credenciais digitais Ciente de que há modelos de aprendizagem diferentes nos vários países, a Comissão Europeia está a desenvolver a infra-estrutura das credenciais digitais Europass (EDCI) para garantir um reconhecimento eficaz e seguro em toda a Europa, quer se trate de qualificações ou de outros resultados de experiências de aprendizagem.

O sistema de credenciais digitais Europass é gerido pela Comissão Europeia e é gratuito e seguro. Uma credencial digital Europass é um ficheiro digital emitido pela instituição onde o candidato estudou, descrevendo a qualificação que obteve, bem como informações sobre disciplinas, notas, projectos e outras realizações. A coordenadora do Centro Nacional Europass explica que este sistema vai permitir ao jovem partilhar as suas credenciais digitais Europass com empregadores, estabelecimentos de ensino e formação, ou outras organizações que solicitem informações sobre as qualificações que o candidato possui. Ao receber a credencial digital Europass é possível comprovar automaticamente que a qualificação é verdadeira e, ao mesmo tempo, permite às organizações compreender melhor as competências e experiências.

«No entanto, é necessário que o candidato se certifique que conhece a identidade daqueles com quem partilha as credenciais», alerta. Vantagens para as empresas Para as empresas, cujo recrutamento é em massa, é vantajoso receber CV Europass em comparação com outros CV, já que este modelo permite ao empregador analisar, comparar e seleccionar facilmente todos os CV recebidos, uma vez que se sabe onde se localiza a informação que se pretende obter do candidato, ou seja, não se perde tempo à procura de informação, que muitas vezes não está lá.

Além disso, a criação da plataforma Europass permite ao empregador enviar todos os CV Europass recebidos. A própria plataforma converte toda a informação contida nos CV para uma base de dados Excel, facilitando assim ao empregador a análise da informação recebida por sessão.

Artigos relacionados