Eurobest: «Os criativos das agências dão o melhor ROI»
Como transformar uma agência num campo de forças criativo e mobilizar os decision makers de topo da indústria publicitária para que apostem em ideias verdadeiramente grandiosas foram os temas abordados no seminário “Turning an agency into a creative forcefield”, conduzido por Armin Jochun, chief creative officer (CCO) da agência alemã thjunk ag, no âmbito do festival Eurobest.
«As agências falam muito, prometem muito, mas se quisermos construir algo especial a honestidade, a coragem, são essenciais». De resto, a ideia de coragem aplicada à criatividade foi dos conceitos mais reforçados no âmbito do maior certame europeu de publicidade, que assinala este ano o seu 25º aniversário.
Eis as questões que, de acordo com o CCO da thjunk ag, as agências devem colocar a si próprias, de forma a transformarem-se em campos de força criativos: gostam e respeitam, de facto, as pessoas com quem trabalham?; a agência é um local para onde todos gostam de ir de manhã?; e, por último, a agência ajuda os talentos a crescer?
É que Armin Jochun defende mesmo que as agências, mais do que dinheiro, devem «oferecer aos seus talentos criativos um grande futuro». E desenganem-se os que pensam que encontrar talento é difícil. «O problema está nas agências que trabalham como nos anos 80 e acham que vão atrair talentos com base no dinheiro. As agências são responsáveis por dar aos jovens talentos asas para voar. E eles vão proporcionar-nos o melhor ROI (Return On Investment)», defendeu. Até porque «o estagiário de hoje pode ser o chefe de amanhã», alertou o profissional. «Esqueçam os modelos antigos!», continuou.
Num outro ponto, Armin Jochun explicou perante a plateia que o mindset gera resultados, que é o mesmo que dizer que as agências podem colher frutos de um espírito, de um ambiente concertados. «Deve ser criada uma atmosfera onde todos partilhem ideias. Não telefonem aos clientes, tentem estar o mais próximo possível deles, entusiasmá-los com as ideias.»
E há uma “meca” para onde as agências devem apontar baterias: os festivais de publicidade e criatividade. «Invistam toda a energia e dinheiro em festivais que vos dêem visibilidade», referiu o CCO. «Se ganharem em Cannes ficam com uma história para contar. E não enviem os chefes para o palco! Enviem os talentos, para que nunca esqueçam esse momento», sugeriu, dirigindo-se às agências.
De referir que, sob a liderança criativa de Armin Jochun, a agência Jung von Matt ganhou 50 Leões no espaço de três anos.
Mesmo sem ter uma “fórmula” para ganhar, Armin Jochun adianta algumas questões que devem estar presentes na mente das agências, quando entrarem em competições da indústria: a ideia é poderosa o suficiente para mudar opiniões, atitudes e mindsets com um simples “flash”?; poderá essa ideia dar um novo significado a uma marca?; poderá tocar verdadeiramente as pessoas? e poderá a ideia mudar as regras do jogo?
Texto de Daniela Domingos