Estas empresas fecharão portas a 8 de Março. Conheça a iniciativa ‘Stop Working for Change’
22 organizações, de 19 países, vão parar total ou parcialmente durante o Dia Internacional da Mulher, 8 de Março, e irão doar um total de 1.928 horas pro bono a ONG relacionadas com o empoderamento feminino durante 2024. É o resultado deste ano da iniciativa global “Stop Working for Change” lançada pela agência de comunicação Canela que reivindica a situação laboral das mulheres, especialmente no sector da comunicação, procurando gerar um impacto real na sociedade.
A Canela lembra que apenas 6% das empresas em Portugal têm mulheres como CEO (Relatório ‘Women Matter Portugal 2023: Caminhos a percorrer’, publicado pela McKinsey & Company), que a diferença salarial entre homens e mulheres em Portugal é de 16,7% e que as mulheres são 21% menos citadas em espaços nobres dos meios de comunicação, em comparação com os homens. «O Dia Internacional da Mulher é “celebrado” há quase 50 anos, desde 1975. Apesar do tempo decorrido, é evidente que os desafios persistem, tal como se reflecte nos actuais índices de desigualdade. O sector da comunicação é maioritariamente composto por mulheres, mas os lugares de topo continuam a ser ocupados por homens. Queremos usar o nosso conhecimento, a nossa experiência e o nosso tempo para fazer a diferença. É por isso que esta campanha não é uma acção de um dia, mas um compromisso permanente com a igualdade», assegura Deborah Gray, fundadora e Managing Director da Canela.
A iniciativa “Stop Working for Change” decorre em duas fases. No dia 8 de Março, as agências participantes fecharão total ou parcialmente as suas portas para se juntarem a uma greve global pela igualdade e todos os trabalhadores irão deixar programada nos e-mails uma mensagem a explicar as razões desta iniciativa. Na segunda fase, as agências participantes doarão horas pro bono a organizações que trabalham para o empoderamento das mulheres. Homens e mulheres, são convidados a juntar-se a este movimento e a trabalhar em conjunto para um futuro mais equitativo.
A campanha terá lugar em Portugal, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos, África do Sul, Japão, Equador, Chile, Uruguai, Paraguai, Costa Rica, Nicarágua, República Dominicana, El Salvador, Belize, França, Alemanha, Brasil e Polónia.
Ao nível de agências do sector, a iniciativa conta com a participação de vários nomes portugueses e internacionais: Ellephant Comunicação, Omertà PR & Influence, LikeBrands, NEI, About PR, Liberty., Mum Abroad, Oink My God, Red Ribbon Communications, TrainTracks, Dimitrakis, Hope & Glory, Sherlock Communications, Red Lorry Yellow Lorry, Sing Comunicação, With, Felicidad Collective e Enterie.
Também a APECOM se junta a este movimento, bem como a Unicorn Workspaces, que doará horas de salas de reunião e a empresa B Corp Phenix, que fará voluntariado numa ONG com quem já tem relação,
As horas pro bono doadas reverterão a favor das ONG Inspiring Girls, SOMA Surf, Mulheres à Obra, Casa de Santo António, Associação de Mulheres contra a Violência, Fundación Madrina, Cicla, Tara For Women, Young Women’s Trust, TechGirlz, 4Voices, SIG Spain, 18Twenty8, Asia-Japan Women’s Resource Center, Suprarecicla, Women in PR, TPM – Todas Para o Mar, I Can Be, FemTechLab, Rodzice dla Klimatu e Crucesxrosas.
Este é o segundo ano consecutivo em que a Canela realiza esta campanha para reivindicar o papel da mulher na comunicação e na sociedade. No ano passado, a iniciativa angariou 320 horas com a ajuda da agência espanhola About PR – que foram dedicadas aos projetos Inspiring Girls, Coachability e Teta & teta.
Em conversa com a Marketeer, Catarina Oliveira, directora da Canela Portugal, enquadra a importância deste dia e do trabalho que será feito ao longo de 2024.
Porque é que na opinião da Canela continua a fazer sentido assinalar o Dia da Mulher?
Este é um tema que nos é especialmente querido, dado que actualmente 75% da nossa direcção e 84% da força de trabalho da empresa são mulheres.
Assinalar este dia, infelizmente, continua a ser necessário. É de realçar o caminho que temos feito até agora, mas também não podemos fechar os olhos ao que se passa à nossa volta: em Espanha e Portugal, apenas 6 em cada 100 CEO são mulheres, apenas 20% dos especialistas citados pelos meios de comunicação são mulheres e a diferença salarial entre homens e mulheres em Espanha é de 15% e em Portugal de 16,7%.
Estamos a falar de números assustadores e que não podem fazer parte de países progressistas e inovadores. A contribuição da Canela é que, em vez de celebrar ou reclamar apenas por um dia, estamos a agir: doaremos horas ao longo do ano para tentar colmatar a diferença salarial ou aumentar o número de mulheres que lideram empresas neste sector.
Esta não é a primeira vez que a Canela se associa a este dia. Em anos anteriores, o que foi feito?
Quando criámos esta campanha, estávamos longe de antever o sucesso que seria um ano depois! O ano passado foi a génese de toda a campanha, onde decidimos reivindicar o papel da mulher na comunicação e na sociedade ao fechar portas no dia 8 de Março e doar 8 horas de trabalho de cada colaborador a uma ONG. No total, entre a Canela em Portugal e Espanha – e com a ajuda da agência espanhola About PR – foram angariadas 320 horas que foram atribuídas ao longo de 2023 aos projectos Inspiring Girls, Coachability e Teta & teta.
O feedback da campanha foi tão positivo, tanto da parte de colaboradores como de clientes e parceiros, que este ano decidimos convidar outras empresas e organizações de todo o mundo a juntar-se a este movimento.
Como surgiu a ideia da campanha Stop Working For Change?
Há uns anos a nossa directora, Deborah Gray, viu no LinkedIn pessoas a felicitar as mulheres no dia 8 de Março. Em conversa concordámos que não é essa a ideia que temos deste dia. Não celebramos o Dia da Mulher por gosto. As mulheres não precisam de um dia para serem celebradas. O importante é reforçar uma luta que infelizmente ainda não terminou e consciencializar a sociedade para as desigualdades ainda existentes.
Que resultados do primeiro e quais os motivos que vos levaram a repetir a acção este ano?
Tal como referi, o feedback do ano passado foi extremamente positivo. São vários os factores que nos fizeram repetir em 2024. Por um lado, acreditamos que para haver uma verdadeira mudança, é preciso realizar acções reais que perdurem no tempo, não basta um único dia. Por outro, vimos a motivação e o envolvimento de todos os colaboradores da Canela que sentiram que faziam parte de um movimento para uma verdadeira mudança e, por último, sentir o apoio dos nossos clientes deu-nos o ímpeto para repetir.
Somos uma agência focada no impacto, acreditamos que há espaço para todos no mercado e temos a sorte de ter parceiros espalhados pelos quatro cantos do mundo. Com estas linhas orientadoras, só fazia sentido repetir esta acção com a colaboração do máximo de organizações, pelo que convidámos empresas do nosso sector e não só. Com algumas já colaboramos, outras ainda não tínhamos qualquer relação e em ambas as situações temos recebido uma magnífica resposta que nos deixa profundamente felizes. Essa é a magia de trabalhar com um propósito: unir esforços entre todos para um bem comum.
Em Portugal, que empresas manifestaram o interesse de se juntar ao movimento, este ano?
A participação em Portugal foi um enorme sucesso. Com a Canela, somos 8 organizações portuguesas juntas neste Stop Working For Change de 2024.
Temos 5 agências: Canela, Ellephant Comunicação, LikeBrands, Omertà PR & Influence e NEI, bem como a própria APECOM.
Do lado das empresas contamos com a Unicorn Workspaces, que disponibilizará horas de salas de reuniões para as ONGs que necessitem, além da “colega” B Corp Phenix – aliás contamos com duas empresas certificadas este ano, sendo a outra a agência criativa espanhola Felicidad Collective. De realçar que a comunidade B Corp nos deu um feedback muito positivo quando partilhamos a iniciativa e várias empresas investigaram como poderiam fazer parte, no entanto por várias razões este ano ainda não foi possível. Estou confiante que para o ano seremos muitos mais!
De que maneira estão a ser apoiados pela APECOM?
Desde o primeiro momento que a presidente da APECOM, Domingas Carvalhosa, se mostrou interessada em fazer parte desta campanha. Além de ter divulgado esta iniciativa junto dos associados, vai também fechar portas no dia 8 e doar as horas não trabalhadas a uma ONG.
Para nós é um verdadeiro orgulho fazer parte desta associação e sentirmos que recebemos o seu apoio numa causa que nos é tão querida.
Quais as ONG que estão a ser apoiadas em Portugal por este movimento? Quais os critérios para essa escolha e de que forma se manifesta o apoio?
De momento, as ONG confirmadas são: Inspiring Girls, SOMA Surf, Mulheres à Obra, a Casa de Santo António e a Associação de Mulheres contra a Violência. Relativamente aos critérios de selecção, cada empresa escolheu a ONG que queria apoiar, sendo que a única condição era que a organização tivesse foco no empoderamento das mulheres.
O apoio consiste em doar pelo menos 8 horas por organização. No caso da Canela doaremos 8 horas por colaborador, num total de 296 – 240 em Espanha e 56 em Portugal. Estas horas serão investidas ao longo do ano na resolução das necessidades das ONG em termos de comunicação. Queremos utilizar o nosso conhecimento, a nossa experiência e o nosso tempo para fazer a diferença.
Texto de Maria João Lima