Estamos mais emocionais e exigentes? 10 tendências de consumo para 2021

A maior mudança de comportamento no consumidor dos últimos anos. É desta forma que a LLYC descreve o impacto da pandemia na generalidade dos cidadãos que compram e consomem produtos e serviços. Segundo a consultora, o novo coronavírus fez com que as pessoas se tornassem mais emocionais e exigentes, valorizando atributos e valores como saúde, segurança, proximidade, disponibilidade e preço.

Para dar resposta a esta nova realidade, as marcas devem ser mais empáticas e repensar a sua estratégia, adaptando-se ao consumidor que emerge da crise sanitária, do confinamento e do teletrabalho, entre outras alterações ao dia-a-dia.

«A (r)evolução que estamos a viver passa por uma mudança radical na forma como nos relacionamos e por um regresso aos aspectos mais primários e às garantias de segurança. Os consumidores exigirão das marcas mais um passo no seu compromisso com as pessoas para estarem mais perto delas e criarem uma diferença real nas suas vidas», frisa Marlene Gaspar, directora de Engagement e Digital da LLYC em Portugal.

De acordo com a responsável, quer seja em termos de empatia e de ligação emocional, quer seja através de questões mais racionais (como a proximidade e a prontidão no momento de responder às suas necessidades), as marcas têm de mostrar que estão lá. «Mais do que informação comercial, [os consumidores] esperam que se posicionem e opinem frente a temas sociais e políticos», acrescenta.

Estas conclusões fazem parte do relatório “Tendências do Consumidor 2021”, publicado no IDEAS, o think tank de liderança e conhecimento da consultora LLYC. O mesmo estudo aponta 10 tendências de consumo para 2021:

1 – Emoções ao poder

Desde Março do ano passado que entrámos numa “era de emoções fortes”, que dará impulso à Internet of Behaviours (IoB). De acordo com o estudo, a LLYC acredita que a IoB pode tornar-se uma grande ferramenta de marketing e vendas porque, além de fornecer informações sobre comportamentos, permitirá prever comportamentos e até mesmo emoções em momentos específicos do dia-a-dia do consumidor. Fazê-lo sem perder a confiança dos consumidores será o grande desafio das marcas;

2 – Simples e menos

Os consumidores reconectaram-se com o essencial e redefiniram as prioridades com a crise pandémica. O minimalismo e a simplicidade serão reis e as marcas tendem a apostar numa oferta menor em termos de variedade, mas mais profunda no seu significado e valor para o consumidor. Algumas já propõem aos consumidores adquirir menos produtos, mas de maior qualidade. É por isso que está na altura de dar palco aos produtos hero e de demonstrar, com contributos contados e poderosos, como as marcas podem ter um impacto positivo e real na vida das pessoas;

3 – Saúde mental

As doenças mentais deixaram de ser um tema tabu e há cada vez mais marcas que recorrem a estes temas para dialogar com o consumidor. Segundo a OMS, 450 milhões de pessoas sofrem de um distúrbio mental ou de comportamento e o choque emocional gerado pela pandemia veio agravar ainda mais estes indicadores. É por isso um propósito muito relevante para as marcas entrar neste território tão pertinente no dia-a-dia;

4 – Casa saudável e segura

Nunca imaginámos que iríamos passar tanto tempo em casa ao longo do último ano. Segundo a consultora, o próximo desafio da arquitectura sustentável e ecológica é colocar no centro do projecto arquitectónico o design do bem-estar das pessoas. O WELL Building Standard™ ilustra este objectivo, que pretende ser um modelo para medir características que apoiem e promovam a combinação de conforto e saúde num espaço físico. O uso eficiente da tecnologia numa casa inteligente será outro dos focos-chave das marcas em 2021;

5 – Dessincronização social

A nova forma de vida tem impacto directo sobre os três eixos de trabalho, lazer e família e exige flexibilidade e um exercício de definição de limites pessoais e de trabalho. Nesta equação, o consumidor está cada vez mais exigente com a disponibilidade imediata da sua compra. É por isso que o e-commerce é a nova pedra angular graças às garantias de segurança que oferece e transforma a distribuição num desafio e numa alavanca estratégica para as marcas;

6 – A acessibilidade manda

A sensação de incerteza associada à preocupação com a saúde e as condições económicas torna as pessoas mais conservadoras na maioria das suas decisões. Mais do que nunca, os consumidores pensam duas vezes antes de gastar e estão mais motivados para a poupança, devido à incerteza que este contexto lhe traz. É por isso que a acessibilidade torna-se novamente essencial para fidelizar o cliente;

7 – A era da criatividade

O dia-a-dia exige que criemos novas formas de estar e a tendência é que este modo de vida mais criativo se torne o status quo. A pandemia acelerou a digitalização a passos largos e estamos a assistir a profundas mudanças a nível económico e social que marcarão a nossa geração. As empresas e as indústrias vão precisar de criatividade para se manterem relevantes. É por isso que 2021 exigirá uma readaptação contínua e o despertar do nosso “eu” mais criativo;

8 – Um novo modelo de cidade

A pandemia levou à redefinição de novos estilos de vida em que o ser humano mudará a sua maneira de se deslocar e de viver no meio urbano, transformando, assim, a experiência de consumo. O desafio é facilitar o redesenho das cidades, incluindo actividades culturais, actividades ao ar livre e desportos;

9 – Cultura do cancelamento

O isolamento fez disparar o impacto cultural da Internet, dando lugar a uma nova etapa para o activismo social digital.  A cultura do cancelamento não deixa apenas margem de manobra contra os juízos de valor dos utilizadores. As marcas enfrentam, assim, uma maior responsabilidade face às suas acções que os consumidores exigem no mercado;

10 – Apoio ao local

O consumo de proximidade revaloriza os bairros como unidade de relação e incita à compra reflexiva, e está associado à sustentabilidade e à criação de emprego. O desafio de 2021 será ver se a importância que os consumidores deram aos negócios locais se equilibra com o crescimento do e-commerce, à medida que o mercado se normaliza. Neste cenário, os grandes players terão de focar as suas estratégias numa perspectiva glocal real, aponta a LLYC.

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