Escritório: um espaço ultrapassado ou uma oportunidade para as marcas?

Por Rui Sales Rodrigues, Diretor de Marketing e Comunicação da Accenture Portugal

O conceito tradicional de escritório representou, durante anos, um espaço físico onde os colaboradores se reuniam para trabalhar. Hoje, e depois de tantas alterações globais, as organizações são desafiadas a repensar e a redesenhar estes espaços, com um novo modelo que priorize o bem-estar, a agilidade e flexibilidade da cultura organizacional ou até o contributo para a comunidade e sustentabilidade do planeta.

As mudanças sociais vividas nos últimos anos tiveram impacto nas expectativas dos colaboradores e alteraram radicalmente o ambiente laboral. Estudos indicam que o modelo de trabalho desta nova era deve reflectir cinco premissas:

  • Trabalho flexível: identificada como o factor mais importante para o trabalho híbrido no futuro, a flexibilidade apoia o bem-estar e a produtividade. Numa pesquisa recente que realizámos, 88% dos inquiridos afirmaram que este aspecto era “muito importante”.
  • Não existe um modelo único para todos: o modelo tem de ser suficientemente diversificado e flexível para apoiar o espectro de trabalho e as pessoas.
  • Decisão de modelo em função dos requisitos de trabalho: a tomada de decisões sobre o local onde o trabalho é realizado deve depender também dos requisitos específicos das funções, considerando-se igualmente as preferências das pessoas.
  • Tempo de ligação presencial: embora possa variar entre pontos de contacto semanais e trimestrais, dependendo das funções, todos os colaboradores terão uma base recomendada para tempo presencial – para colaboração, aprendizagem, partilha de conhecimentos e desenvolvimento das relações com clientes, colegas, parceiros e comunidades.
  • Cultura orientada para o ser humano e experiência omni-conectada: estabelecer uma cultura e uma experiência inclusiva e interligada, assente na igualdade e na diversidade, para garantir que todas as pessoas se sintam integradas, possam progredir, prosperar e construir carreiras onde se sintam realizadas.

Embora muitos acreditem que a inovação tecnológica é a resposta para a transformação, esta é apenas parte da solução. As organizações mais bem sucedidas colocam as pessoas como o foco da mudança, surgindo, neste novo prisma, questões como a flexibilidade, gestão de carreira e estabilidade, a par com o bem-estar físico, emocional e relacional que devem ser prioridades fundamentais em todos os modelos de trabalho.

O esbatimento das fronteiras entre o físico e o digital reforçaram a relevância da cultura de uma marca dentro e fora de portas, em ambientes híbridos que exigiram a reavaliação do papel operacional dos escritórios – os quais devem ser cada vez mais concebidos não como locais de trabalho, mas como espaços de colaboração, co-criação e inovação. Um lugar capaz de proporcionar um ambiente social para a criatividade, a resolução de problemas e o desenvolvimento de novas ideias.

A consideração destas mutações levou a que várias organizações em Portugal tenham evoluído para espaços mais colaborativos e sustentáveis, apoiados em sistemas de inteligência artificial que permitem optimizar o desempenho, aumentar a produtividade e humanizar o trabalho.

Esta evolução dos modelos de trabalho, que passa necessariamente pela experiência omni-conectada, exige também um cuidado redobrado para com o sentimento de pertença. A marca e a cultura deve-se fazer notar em todos os outros espaços físicos, muitas vezes pessoais, que servem igualmente de ambientes de trabalho.

Ainda, e para além da preocupação com as pessoas, as empresas devem redesenhar os escritórios tendo em consideração não só o compromisso para com a sustentabilidade, mas também o poder na consciencialização dos próprios colaboradores sobre esta temática.

Tendo por base o objectivo da Accenture de atingir a neutralidade carbónica e o desperdício zero até 2025, o novo edifício sede Santos 37, recentemente inaugurado, é um escritório moderno, empático e versátil que reflecte os valores da marca e que utiliza a tecnologia para oferecer o maior conforto a todos os que o visitam.

Santos 37 materializa a intenção da empresa em ajustar-se continuamente, conciliando a tecnologia, criatividade e cultura corporativa para responder às novas necessidades das pessoas, clientes, parceiros e ecossistemas de talento e inovação.

Em suma, os escritórios convencionais já não respondem ao que uma marca deve representar dentro e fora de portas. Mas estarão elas preparadas para o futuro?

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