Entregas em casa podem salvar a restauração mas a Europa (ainda) não está pronta
Uma só semana de confinamento, no primeiro semestre deste ano, custou 412 milhões de dólares (cerca de 348 milhões de euros) em snacks e bebidas sem álcool à economia britânica. Considerando todo o tipo de refeições, este número quase triplica, de acordo com a Kantar Worldpanel.
No total, num período de sete dias, o Reino Unido perdeu 995 milhões de dólares (841 milhões de euros) graças à redução do consumo alimentar fora de casa, ao passo que França perdeu 695 milhões de dólares (587 milhões de euros) e Espanha 594 milhões de dólares (502 milhões de euros).
Segundo a empresa de estudos de mercado, a mudança de hábitos relativamente às refeições está a impactar severamente as receitas a nível global. A culpa é da falta de confiança dos consumidores, que temem visitar os restaurantes, por exemplo, mas também das restrições impostas e que limitam a circulação e o funcionamento dos estabelecimentos.
Para sobreviver, esta indústria está a apoiar-se nas entregas ao domicílio e no take-away, tal como revela o relatório “Out-of-home food and drinks landscape. COVID-19 impact and the road to recovery”. Porém, a estratégia poderá não ter os mesmos resultados em todas as geografias: o mercado de alimentação fora de casa tem sido mais afectado na Europa do que na América Latina ou na Ásia, por exemplo, em parte precisamente devido ao nível mais avançado de implementação de serviços deste tipo nessas regiões.
Na Coreia do Sul, a penetração dos serviços de entrega de refeições, entre consumidores menores de 50 anos, é de 99%. Na China, é de 84%. No Brasil, chega aos 80%, fazendo com que o impacto do confinamento e do recolher obrigatório seja menor nos restaurantes.
Já no Reino Unido, a penetração do chamado home delivery não vai além dos 36%. Espanha e França também não registam valores muito superiores, ficando-se pelos 37% e pelos 44%, respectivamente.
Embora conveniência seja um dos factores mais mencionados pelos consumidores de todo o Mundo para justificar o recurso a estes serviços, não é o principal. Enquanto 41% aponta a conveniência como motivação, 59% refere o prazer que retira da experiência.