EDP: Onde vai carregar o seu carro, hoje?

Em 2018, estando já presente na mobilidade eléctrica, a EDP começou a olhar de uma forma mais efectiva para as oportunidades que começavam a surgir. Os clientes começavam a ter necessidades de carregar o veículo ao fazerem a transição para carros plug-in ou 100% eléctricos.

Surgia, assim, uma equipa focada no desenvolvimento de novos produtos e serviços que é hoje a equipa de mobilidade inteligente que está na EDP Comercial e que garante a oferta para os segmentos residencial e empresarial. E de 2018 para cá, o crescimento tem vindo a acelerar, bem como os investimentos que a EDP tem vindo a fazer na mobilidade eléctrica.

«A aposta na mobilidade é enquadrada por todo o tema da transição energética e pelo desenvolvimento de novos produtos e serviços que a EDP Comercial tem feito junto dos seus clientes», sublinha Gonçalo Castelo Branco, director de Mobilidade Inteligente da EDP. Esta transição, suportada também na energia descentralizada, solar e soluções de eficiência energética, representa a posição de liderança do Grupo EDP. «É este conjunto de soluções que queremos trazer aos clientes também na mobilidade eléctrica, tanto para o carregamento privado, em casa e na empresa, como no carregamento público com energia 100% verde.»

A EDP tem procurado olhar para a jornada completa do cliente da mobilidade eléctrica. Desde que o cliente começa a estar próximo desta realidade – porque vai trocar de carro ou a empresa está a electrificar a frota –, a EDP quer ajudar a esclarecer dúvidas e a informar sobre as várias alternativas. Daí que a empresa esteja muito próxima e faça parcerias com as principais marcas automóveis, concessionários e locadoras.

«É importante estar junto do cliente nessa altura para que ele conheça quais são as nossas soluções», garante Gonçalo Castelo Branco, salientando que, em média, 80% do carregamento ocorre no espaço privado, seja em casa ou no trabalho. «É uma experiência muito diferente de quem tem um carro a combustão e abastece 100% num espaço público. Um carro eléctrico, vou carregá-lo quando está estacionado em minha casa, ou no meu trabalho, a maior parte das vezes.»

E é nesse contexto que a EDP disponibiliza opções várias pensadas para o mercado residencial, empresarial e carregamento na via pública.


CHEGAR A CASA E CARREGAR

Para carregar o carro em casa, a EDP tem à disposição dos clientes as gamas wallbox, pensadas para veículos eléctricos e híbridos plug-in. «É muito importante que, tendo garagem, consiga carregar em minha casa», salienta Gonçalo Castelo Branco. E nesse sentido a EDP apresenta uma variedade de carregadores com diferentes níveis de inteligência e que, através da ligação à app, permitem fazer a gestão dos consumos. «A parte digital é muito importante na experiência e investimos no desenvolvimento desta área.»

Nos condomínios a questão é um bocadinho diferente até porque, aí, há dois níveis de desafios. «O primeiro é que tipicamente no condomínio eu tenho um lugar de garagem que é meu. Mesmo que eu lá ponha um carregador ou uma tomada, a maioria das vezes a energia da garagem é a energia do quadro comum do prédio (das luzes da garagem, do elevador e das escadas). Ou seja, se eu começar a carregar o meu carro aí, o que acontece é que eu estou a gastar energia que é do condomínio», explica o mesmo responsável. No entanto, a EDP garante ser já possível fazer o acerto de contas necessário com o condomínio. «Com a app EDP Charge é possível fazer a gestão, porque sempre que eu carrego o veículo, a app guarda a informação sobre o custo daquele carregamento e automaticamente faz o pagamento para a conta do condomínio.» Com este sistema, o cliente pré-carrega a sua conta com um cartão bancário ou com referência multibanco, fica com saldo e sempre que está a carregar o carro está a fazer encontro de contas com o condomínio. «Isto resolve um problema importante nos condomínios, que é a questão da divisão de contas que é feita de uma forma automática e muito simples», assegura o director de Mobilidade Inteligente da EDP.

O outro desafio dos condomínios é a questão da potência disponível, já que a instalação eléctrica dos edifícios, em geral, não está preparada para, de repente, ter 10 carros para carregar. E se todos ligarem ao mesmo tempo acontece o mesmo que quando em nossas casas ligamos várias máquinas em simultâneo: o quadro vai abaixo. Para resolver esta questão poder-se-ia aumentar a potência do prédio, mas isso tem um custo muito significativo para apenas um prédio. A solução que a EDP vai ter no mercado passa pela gestão da potência, aquilo que a empresa chama de carregamento inteligente.

No fundo, explica Gonçalo Castelo Branco, com esta solução, «se eu ligar dez carros durante a noite, o sistema vai fazendo a gestão de maneira a que, por exemplo, às 8h00 da manhã já todos estejam com 80% de bateria». Desta forma acaba-se com o pico de consumo de todos ligarem ao mesmo tempo, ficando o consumo distribuído ao longo da noite com a gestão inteligente da potência.

O responsável salienta que, hoje, o que acontece numa garagem é que já há dois ou três carros eléctricos a carregar e a potência ainda aguenta. Mas quando metade da garagem ou 75% da garagem (daqui a poucos anos) forem carros eléctricos ou híbridos plug-in a carregar, existirá este problema e é preciso começar a resolvê-lo desde já. «É uma realidade incontornável.»

Os construtores dos novos prédios começam também a ter esta realidade em consideração. «Quando o lugar do condómino é específico, ele pode estar ligado à sua fracção directamente. Isso pode ser feito de raiz no prédio.» Numa outra vertente, a EDP tem estado a trabalhar com promotores, como a Solyd, em que estão a ser preparadas as instalações para a mobilidade eléctrica com uma pré-instalação que permita, à medida que os condóminos vão tendo carro eléctrico, instalar o carregador.

Os carregadores inteligentes, que começam a ser mais standard, são carregadores que comunicam. «Comunicando com a nossa plataforma digital EDP Charge, o condómino pode configurar a app para carregar à noite, quando o tarifário do condomínio for mais barato, pode fazer gestão da potência, obter informação sobre os pagamentos que já fez ao condomínio… », enumera, salientando que tudo isso pode acontecer no condomínio ou até na residência individual.

E aqui cruza-se um aspecto importante que diz respeito às frotas das empresas. Através da app será também possível que o custo que o colaborador tem a carregar o carro em sua casa ou no condomínio seja reembolsado pela empresa. «Estamos a programar que seja possível tratar este tema dentro deste ecossistema da EDP Charge.»

Até porque esta app é acessível não apenas para os privados e condomínios, mas também para as empresas. «A solução permitirá gerir os carregadores nas empresas, para estas poderem cobrar aos colaboradores ou não (pode ser variável consoante a função dos colaboradores e suas regalias) e aos visitantes.» As empresas vão poder gerir estes processos através da plataforma EDP Charge, bem como a potência e histórico de consumo.


CARREGAMENTO PÚBLICO

Hoje, a EDP tem mais de 43 500 clientes de mobilidade eléctrica. Uma parte muito importante são os que têm o cartão CEME (Comercializador de Energia em Mobilidade Eléctrica), ou seja, o cartão que permite carregar na rede MOBI.E, a rede de carregamento público (acessível a todos os outros operadores).

Com este cartão, os clientes podem carregar os seus veículos em qualquer carregador da rede pública em Portugal, tendo sempre a mesma tarifa de energia garantida, que tem um desconto quando são clientes da EDP Comercial. Além disso, têm a garantia de que a electricidade é 100% verde. «O meu carro só não emite emissões se a energia com que eu carrego também ela própria foi gerada de fontes renováveis. E é isso que garantimos na mobilidade eléctrica», sublinha Gonçalo Castelo Branco.

Uma das outras grandes apostas da marca tem sido o investimento nos pontos de carregamento público. A EDP tem mais de 1300 pontos de carregamento contratados, tendo a ambição de ultrapassar os 1500 este ano (pontos ligados à MOBI. E e acessíveis por qualquer utilizador de qualquer comercializador de energia, ou seja, com qualquer cartão CEME). E para isso as parcerias têm vindo a revelar-se fundamentais. «A EDP não tem localizações próprias onde ponha os seus pontos de carregamento. Todos os pontos de carregamento que tem em espaços públicos estão nas instalações dos parceiros.» Podem ser encontrados em hotéis Vila Galé e Pestana, em espaços Via Verde Electric nas auto-estradas, nos parques da McDonald’s ou da Saba Parques, entre outros. Nesses espaços há carregadores que são investimentos da EDP Comercial.

O director lança o repto: «Queremos ampliar para mais hotéis e restaurantes. Qualquer detentor de um espaço – restaurante, supermercado ou hotel –, que queira ter pontos de carregamento para os clientes, pode contactar a EDP Comercial que nós fazemos esse investimento. E ficamos com a exploração, que é uma parte importante do nosso negócio.»

A EDP ganhou uma parte do concurso dos lotes da MOBI.E em 2020, tendo quase 400 pontos na via pública em mais de 90 municípios. «Ter carregadores na via pública vai ser cada vez mais importante, porque começa a existir um público e clientes que querem ter um veículo eléctrico mas que não têm garagem.» Daí que seja importante que, no sítio onde vivem, no seu bairro, tenham uma solução de carregar o veículo durante a noite. «Nos próximos anos esta interacção com os municípios, esta capacidade de podermos ampliar a oferta de carregamento público para potências mais baixas, para poderem carregar os carros também durante a noite, são muito importantes», salienta.


IMPACTO DA PANDEMIA

A pandemia veio, de alguma forma, mostrar às pessoas como é que seria o mundo com menos veículos. «Dentro da tragédia que foi a pandemia, as pessoas perceberam o que é uma cidade com menos carros, com mais espaço», salienta Gonçalo Castelo Branco. A consciência ambiental e de sustentabilidade dos clientes tem vindo a ser mais marcada, ou seja, a opção por soluções mais limpas, seguras e eficientes é claramente uma tendência (tanto pelas novas gerações como pelas mais velhas).

Mas o responsável salienta que, à responsabilidade corporativa da EDP e de outros líderes de empresas a nível global na transição energética, juntam-se questões de índole regulatória, nomeadamente a nível europeu.

O director de Mobilidade Inteligente da EDP lembra que a União Europeia quer reduzir, até 2030, 55% das emissões comparando com o período de 1990. «Portanto, algumas das medidas que estão em cima da mesa para acelerar esta transição é que a partir de 2035 não sejam vendidos carros na União Europeia que tenham emissões de CO2. Andando para trás, toda a cadeia de valor, todos os fabricantes automóveis e a parte toda de colocação de carregamentos eléctricos estão a acelerar muitíssimo.»

De uma forma muito rápida, explica, a regulação sobre os novos edifícios, a necessidade de ter pontos de carregamento em função do número de lugares de estacionamento e pontos de carregamento por quilómetros de auto-estrada… vêm incentivar e fundamentar muito isto. E os resultados estão à vista. Em Portugal, no ano passado, um em cada cinco carros vendidos eram eléctricos (100% eléctricos ou híbridos plug-in). É uma quota de mercado de 20% que se tem mantido já durante o ano 2022. «Isto está a acontecer na Europa e está acontecer em Portugal.»

E Gonçalo Castelo Branco não tem dúvidas de que a mobilidade vai ser cada vez mais eléctrica, conectada, partilhada e tendencialmente autónoma. Por esta ordem, provavelmente. «Esta transição vai acontecer mais depressa do que aquilo que todos esperamos.» Está, defende, a ser acelerada por um conjunto de factores regulatórios, tecnológicos e ambientais.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Mercado Automóvel”, publicado na edição de Junho (n.º 311) da Marketeer.

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