E se pagasse a conta em 10 segundos? Sunday aterra em Portugal para simplificar o fim do jantar

10 segundos. É este o tempo que a app francesa Sunday diz ser necessário para pagar a conta depois de um almoço ou jantar. Acabada de aterrar em Portugal, quer transformar e reduzir os últimos 15 minutos da refeição num restaurante através de um QR code que permite pagar a conta sem esperar que um funcionário a traga à mesa.

Este é o mesmo QR code que os clientes usam, no início da refeição, para consultar o menu do restaurante e que, mais tarde, poderá servir também para dividir os gastos entre amigos, se assim se desejar.

Criada durante a pandemia pelos fundadores do Grupo Big Mamma, esta web app (o que significa que não requer download) já está presente em seis países. Portugal é o mais recente destino, na sequência de vários pedidos, segundo adianta Tiago Correia, country launcher. Em entrevista à Marketeer, o responsável revela que «todos os tipos de restaurantes querem a Sunday: fast food, estrelas Michelin, tradicionais, rooftops, grandes cadeias».

Tiago Correia anuncia ainda que o objectivo da Sunday é ter 500 restaurantes parceiros, em Portugal, até ao final do ano. Acompanhe a entrevista na íntegra:

O que motivou a entrada em Portugal?

Após o primeiro confinamento, para reduzir os riscos de saúde, o Big Mamma (grande grupo de restaurantes em França, Reino Unido, Espanha e, em breve, Alemanha, de onde vêm os nossos fundadores) quis impedir a propagação do vírus e penou “porque não deixamos os nossos clientes pagar com um QR code? Evita que as pessoas toquem na máquina do cartão de crédito, na conta, etc.”.

Isto levou-os [aos fundadores] a lançarem um simples QR code nos seus restaurantes e os resultados foram muito além da questão sanitária: após três meses, 80% dos seus clientes estavam a utilizar este método. O sucesso foi tão elevado que tivemos de procurar mais investimento quatro meses depois do lançamento para satisfazer esta procura (124 milhões de dólares).

Trata-se de uma mudança massiva de comportamento. Recebemos tantos pedidos vindos de Portugal que há quatro meses decidimos lançar de imediato a Sunday e os primeiros resultados são bastante grandes. Todos os tipos de restaurantes querem a Sunday: fast food, estrelas Michelin, tradicionais, rooftops, grandes cadeias, etc. Sabemos como os restaurantes e a gastronomia são importantes em Portugal e estamos entusiasmados por levar esta experiência aos portugueses e aos visitantes do país.

Em que é que a Sunday se diferencia de outras aplicações? Porquê pagar através da Sunday e não via MB Way, por exemplo?

Primeiro, o que nos diferencia é que somos uma web aplicação. Ou seja, não é necessário fazer download. Qualquer pessoa com um telemóvel pode digitalizar o QR code e utilizá-la. Com Sunday, todos passam a ter a opção de pagar o valor total, um valor fixo ou dividir a conta de forma igual, sem a necessidade de calculadora ou dividir a máquina do cartão. E podem ainda incluir gorjetas e o número do contribuinte na factura.

A Sunday é a forma mais rápida do mundo de pagar em restaurantes. Somos uma aplicação feita por pessoas do universo da restauração para outras pessoas da restauração e, claro, para os clientes. Os 15 minutos necessários para esperar pela conta são transformados em 10 segundos de simplicidade. O nosso produto é tão simples como isto: o cliente faz o scan, deixa uma gorjeta, paga e sai.

Acaba por poupar 15 minutos do seu tempo e o mais importante é que desfrutou da experiência gastronómica até ao último minuto. Sem ter de criar uma conta, deixar o seu email ou qualquer outra coisa. Qualquer pessoa com um telemóvel pode digitalizar o QR code e utilizá-lo.

E os nossos resultados falam por si. Desde o nosso início, tivemos um aumento de 40% nas gorjetas para o staff, um aumento de 12% no ticket médio, especialmente nos cafés e sobremesas, um aumento de 10% de rotação da mesa e 50% das facturas partilhadas directamente pelos clientes.

Existes custos envolvidos?

Temos um modelo de negócio bastante simples para os restaurantes: sem assinatura, sem taxas de instalação, sem compromisso, aceitando simplesmente uma pequena comissão sobre cada pagamento. Se os clientes a adoram e a utilizam, então temos uma comissão; se não, não custa nada para o restaurante. Para os consumidores, a web aplicação não tem custo nenhum.

Quais são as expectativas para Portugal? Quantos utilizadores tencionam ter este ano?

Conquistámos mais de 6000 restaurantes em oito países, em menos de um ano, com um novo produto no mercado e continuamos a receber centenas de pedidos todas as semanas. Em Portugal, acabamos de começar e já fizemos parcerias com mais de 200 restaurantes. O objectivo da Sunday é ter 500 restaurantes até ao final do ano, mas podemos dizer, com toda a certeza, que o objectivo é infinito.

Se existem cerca de 10 a 20 milhões de restaurantes no mundo, ainda há 99% do mercado para ir atrás. O mercado em Portugal é atractivo, com mais de 30.000 restaurantes. Estou confiante de que a Sunday se vai tornar rapidamente algo imprescindível em todos os restaurantes portugueses, desde o café do bairro até ao restaurante com estrela Michelin. Começámos a nossa operação na região de Lisboa, já estamos activos no Porto e o nosso objectivo é estar por todo o país.

Que outras funcionalidades poderão adicionar em breve?

Desde o primeiro dia de existência da Sunday que temos estado obcecados com uma coisa: que os clientes desfrutem 100% do seu tempo no local e que os proprietários de restaurantes possam concentrar-se na sua missão principal: cuidar dos clientes. Depois de devolver 15 minutos do seu tempo aos clientes e ao staff em mais de 6.000 restaurantes tradicionais, desenvolvemos a solução Order & Pay para que possa ser utilizada por todos no sector da restauração: bares, take aways, fast food, festivais, bares de praia, etc. É uma das funcionalidades já disponíveis nos EUA, Canadá, Reino Unido, França, Espanha e que também iremos implantar em Portugal nos próximos meses.

Queremos perceber que tipo de escritório a Sunday tem em Portugal, com quantas pessoas, em que regime, quais as contratações e ambições da empresa em Portugal. Neste momento, estamos a criar uma equipa. Somos três pessoas em Portugal, com sede em Lisboa, e somos apoiados pela equipa global que está espalhada entre o Reino Unido, Espanha, França, Itália, EUA e Canadá. Num ano, recrutámos mais de 350 pessoas nesses países, o que é bastante impressionante. Vamos continuar a investir em Portugal à medida que crescemos.

Texto de Filipa Almeida

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