É fã de chocolate? Prepare-se, vai ficar mais caro e terá menos cacau
Já reparou que a barra do seu chocolate preferido está mais cara?
Pois, a verdade é que as alterações climáticas estão a afetar significativamente a produção de cacau na África Ocidental, a principal região produtora deste recurso essencial para a indústria do chocolate.
Em 2024, o preço dos grãos de cacau mais do que duplicou face a 2023, refletindo os efeitos de secas severas e chuvas intensas que causaram uma quebra acentuada nas colheitas. Este aumento nos preços não se deve apenas à inflação, mas à crescente instabilidade climática que compromete a oferta global.
A Costa do Marfim e o Gana, responsáveis por cerca de 54% da produção mundial de cacau, têm enfrentado condições climáticas extremas. No ano passado, uma seca devastadora em Gana reduziu a produção em quase um terço, enquanto chuvas intensas durante a estação seca também afetaram gravemente as plantações. A falta de sistemas de irrigação, aliada às alterações no padrão das chuvas, deixa os agricultores vulneráveis a estes extremos climáticos, que se tornaram mais frequentes e imprevisíveis.
Além das condições climáticas, outras ameaças como doenças nas plantações, como o vírus do inchaço do cacaueiro, e a mineração ilegal de ouro, conhecida como “galamsey”, estão a comprometer ainda mais a estabilidade da indústria. As plantações de cacau são frequentemente substituídas por operações de mineração, que destroem as culturas e contaminam os recursos hídricos com químicos tóxicos como mercúrio e cianeto, dificultando a sobrevivência dos agricultores.
Enquanto isso, grandes empresas como Hershey, Mars e Nestlé procuram alternativas para enfrentar os desafios da escassez de cacau. Algumas estão a reduzir a percentagem de cacau nos seus produtos, substituindo-o por outros ingredientes, enquanto outras exploram fontes de abastecimento em regiões como a América Latina, onde os preços também subiram devido à procura crescente.
A produção de cacau cultivado em laboratório surge como uma solução promissora. Este método inovador, que recria o cacau em ambiente controlado, pode reduzir a dependência de culturas tradicionais, mitigando os impactos ambientais e garantindo uma oferta estável. Empresas como a Celleste Bio lideram este movimento, apresentando alternativas que não dependem das flutuações climáticas nem das práticas insustentáveis associadas ao cultivo convencional.
O futuro do cacau enfrenta desafios significativos. A necessidade de soluções sustentáveis e inovadoras é urgente, tanto para proteger os meios de subsistência dos agricultores como para garantir o acesso contínuo ao chocolate, um produto que, devido a estas crises, continuará a ficar mais caro e com menos cacau.