Do primitivismo à nova onda de peixe: estas são as tendências da indústria alimentar para 2023
O Mundo está em mudança e o consumidor também, desde aquilo que consome até à forma como o faz. Foi com base nestas duas premissas que a consultora alimentar Lantern produziu o estudo “World Gastronomic Trends”, no qual enumera as principais tendências para o futuro da alimentação a nível global.
Biodiversidade
A primeira grande tendência incide sobre o conceito de Biodiversidade. Aos dias de hoje, 75% dos alimentos do Mundo são gerados a partir de 12 plantas e cinco espécies animais. Por isso, é de esperar que a indústria alimentar consiga diversificar a oferta, apostando em novos produtos e conceitos, oriundos de espécies e plantas diferentes. Pode fazê-lo, segundo a Lantern, através da recuperação de variedades de plantas e culturas, utilizando-as em produtos, mas também através da comunicação da origem dos ingredientes e do valor da biodiversidade de forma educativa.
Primitivismo
Outra grande tendência mundial passa pela recuperação de velhos hábitos de cozinha, que a Lantern intitula como Primitivismo. Por este conceito entende-se a utilização de técnicas de recuperação e receitas ancestrais, através de produtos fermentados, fumados, salgados e cristalizados. Dentro deste plano, a Lantern antevê um maior encorajamento à procura de ervas e frutos silvestres para a criação de combinações únicas com outros produtos; além da expansão dos produtos fumados, que se irão tornar mais premium consoante o seu nível de concepção.
Sofisticação Verde
Em 2021, a Lantern revelava que, só em Portugal, mais de 11% da população era veggie, ou seja, que seguia uma dieta alimentar maioritariamente “verde”. Esta comunidade está a crescer de forma geograficamente transversal e, por isso, espera-se uma aposta cada vez maior em produtos direccionados para as dietas veggie ou plant-based. «Começar a comer mais verduras já não é uma tendência. Tornou-se mesmo um facto», considera, em comunicado, David Lacasa, partner da consultora Lantern. Neste aspecto, vamos ver produtos mais premium e de luxo no âmbito dos produtos e a oferta plant based.
Uma nova onda de peixe
A alimentação marítima continua a ser um aliado de peso para quem procura, gradualmente, ir reduzindo o consumo alimentar de origem animal. No entanto, a Lantern estima que 55% de cada peixe capturado seja desperdiçado, o que tem levado alguns estabelecimentos de venda de peixe a apostar no aproveitamento de todas as partes do peixe e a levar essa diversificação até ao consumidor. Esta é também a razão pela qual começam a surgir novos espaços como os “talhos do peixe”, onde o consumidor é convidado a experimentar diferentes partes das espécies marinhas capturadas.
Para concretizar esta tendência, a Lantern antevê uma maior aposta na curadoria e maturação do peixe, prolongando a sua vida útil; a oferta crescente de opções à base de peixe e marisco como uma alternativa mais saudável às carnes; a criação de novos produtos à base de peixe, como as massas; e ainda uma aposta fortificada na narrativa em torno do peixe capturado.
Vinho com menor lugar à mesa
Seja carne, peixe ou verduras, não há prato que um copo de vinho – seja branco, tinto ou rosé – não consiga acompanhar. No entanto, e também fruto dos últimos anos, em que os consumidores passaram a preocupar-se cada vez mais com a sua saúde, há um consumo cada vez menor de bebidas com álcool. Isto leva a que cozinhas de todo o Mundo comecem a apostar em sumos ou bebidas que, além da fruta original, contenham outros elementos gastronomicamente interessantes.
Neste contexto, a Lantern acredita que os consumidores serão cada vez mais convidados pelos anfitriões a testar novas experiências na conjugação entre comida e bebida – seja com cocktails ou simples sumos cujo sabor advém da inspiração nas bebidas tradicionais. «Acima de tudo, os agentes da indústria gastronómica devem apostar na inovação. No caso das bebidas, podem até considerar fazer algumas escolhas de marca nostálgicas e inspiradas na vindima, inspirando também os consumidores a embarcar em experiências mais lúdicas. Com ou sem álcoo», aconselha David Lacasa.