Do outro lado do ecrã, estão pessoas: o papel do UX/UI Design no crescimento dos negócios
Por Rita Martins, lead teacher do Bootcamp de UX/UI Design na Ironhack
Vivemos imersos na internet e é por lá que fazemos grande parte das nossas tarefas quotidianas. Ao todo, por semana, estamos 72 horas ligados à internet, como indica o Digital Consumer Survey Portugal 2021, o que significa que os portugueses passam, na verdade, mais tempo “conectados” do que a dormir. E não é só através de computadores, como acontecia até há uns anos, quando os telemóveis não tinham touchscreens e ligávamos a televisão apenas para ver as notícias e as telenovelas. Hoje, existem várias plataformas que permitem aceder ao online – inclusive frigoríficos! –, o que implica que exista uma adaptação de cada site, app ou qualquer outra solução tecnológica a cada um destes serviços de acesso.
As empresas estão, cada vez mais, dependentes das novas e crescentes necessidades dos consumidores. Sabe-se hoje que a experiência e interacção de um utilizador com um negócio ultrapassa o simples contacto com um produto digital de um negócio, mas o online está, sem dúvida, muito associado à capacidade de oferecer aos utilizadores de serviços aquilo que eles mais procuram.
Os consumidores procuram hoje, mais do que nunca, descomplicação, consistência e facilidade de acesso a dados importantes. A personalização das interfaces a cada utilizador também é uma tendência crescente – por exemplo, na Netflix, podemos tanto criar a nossa própria lista, como receber sugestões baseadas nas nossas pesquisas. E, ligado a este ponto, até já é possível escolher entre utilizar os serviços em modo claro ou escuro, de forma a dar resposta às diferentes preferências de cada utilizador. Estamos a caminhar para um mundo onde o utilizador está no centro, independentemente do sector a que nos queiramos referir, vigorando assim a ideia de “human-centered design”.
Assim, os conceitos de UX (User Experience) e UI (User Interface), actualmente muito associados ao design de produtos digitais (mas não exclusivos a este), são as “palavras-mágicas” que qualquer empresa deve não só conhecer, como integrar no seu negócio. Se a vida dos clientes é feita no digital, então é lá que as empresas também devem estar, oferecendo, simultaneamente, a melhor experiência possível, sem nunca esquecer que qualquer touchpoint, offline ou online, deve ser considerado na estratégia de uma empresa.
Os softwares desenvolvidos pelas empresas, como sites, aplicações, sistemas de gestão ou até jogos, devem estar construídos de forma eficiente, carregando rapidamente – segundo o Google, 53% dos utilizadores de um site mobile abandona a sua visita se o mesmo demorar mais de três segundos a carregar – e disponibilizando ao utilizador informação pertinente e exposta de forma clara. Se as soluções tecnológicas forem confusas e mal estruturadas, dificilmente levarão à conversão e adopção pelos clientes. Por outro lado, se a experiência for consistente e adaptada ao utilizador, assim como aos seus objectivos e necessidades, teremos um produto do qual as pessoas gostam e que querem continuar a utilizar.
Não é difícil conseguir isto. Para os profissionais de UX/UI Design, é possível criar, em conjunto com programadores, um produto digital adaptado a quem está “do outro lado do ecrã”: um ser humano real, que procura uma solução. Basta pensar naquilo que nós, enquanto consumidores, queremos. Facilidade e rapidez. Acima de tudo, compreensão.
A cor dos botões faz a diferença. A forma como a informação está organizada faz a diferença. A localização do call-to-action faz diferença. São pormenores que, no final de contas, podem levar alguém a concluir uma encomenda, a carregar no “descobre mais”, ou simplesmente a ter uma experiência mais agradável.
Já lá vai o tempo em que os consumidores esperavam apenas que um negócio tivesse um site. Hoje, espera-se que a solução tecnológica e o serviço oferecidos por uma empresa sejam funcionais e acessíveis a partir de qualquer plataforma e a qualquer utilizador. É uma questão de contratar os profissionais que se especializaram nesta área e que conseguem construir produtos adequados e alinhados com os objectivos de cada negócio, poupando recursos, atraindo a audiência-chave e potenciando a experiência do utilizador.
Uma empresa que reconheça a importância em colocar o consumidor no centro da estratégia, tendo em conta todos os touchpoints entre ambos e trabalhando o produto nas suas várias dimensões, conseguirá mais facilmente obter vantagem competitiva e diferenciar-se das restantes.