Do McDonald’s à Coca-Cola: jovens boicotam gigantes globais em apoio à Palestina
Numa noite tranquila no franqueado do McDonald’s na Avenida Istiklal, em Istambul, a habitual afluência de clientes foi notoriamente reduzida. Aima Tahir, um estudante residente na cidade, é apenas um dos milhares de turcos que decidiram evitar consumir nas cadeias multinacionais durante as primeiras semanas da guerra na Faixa de Gaza. «Estamos a tentar fazer a nossa parte para parar o genocídio. Mesmo que o boicote não seja suficiente, não quero gastar o meu dinheiro em marcas que patrocinam a guerra», afirma Aima, citado pelo El País.
Esta tendência de boicote tem vindo a crescer na Turquia e noutras regiões, com 60% dos inquiridos numa sondagem da Areda Surveys a afirmarem que deixaram de comprar produtos ligados a Israel.
Este movimento de boicote, contudo, não se limita à Turquia. Em cidades como Nova Iorque, Vancouver e Jacarta, milhares de jovens estão a demonstrar a sua solidariedade com a causa palestiniana, evitando consumir em empresas com supostos laços com Israel. Marcas como McDonald’s, Starbucks, Burger King, Coca-Cola e KFC têm sido alvo frequente destes boicotes, que se espalham por diferentes países e culturas.
Impacto nas multinacionais
A resposta dos consumidores já começou a afectar as grandes empresas. O McDonald’s, uma das mais visadas, viu as suas acções cair 3% desde 2023, após críticas sobre o seu alegado apoio ao exército israelita. A queda nas vendas levou a filial israelita da marca, Alonyal, a considerar vender 225 dos seus franqueados. Chris Kempczinski, CEO da empresa, reconheceu em Maio que a guerra teve um impacto negativo no negócio no Médio Oriente, descrevendo o movimento de boicote como «desencorajador e sem fundamento».
A Starbucks, outra gigante americana, tem sido igualmente afectada, principalmente após uma polémica com o sindicato Workers United, que expressou apoio à Palestina. Esta situação levou a uma queda de 4% nas vendas globais e a uma desvalorização de até 27% na bolsa americana em Maio deste ano. Laxman Narasimhan, ex-CEO da Starbucks, tentou apaziguar a situação, afirmando que a empresa «está do lado da humanidade» e não tem «uma agenda política».
Solidariedade global
Apesar das críticas e da aparente eficácia limitada dos boicotes, os participantes acreditam que estas acções têm um valor simbólico e podem ser o primeiro passo para mudanças mais significativas. Aima Tahir, por exemplo, deixou de consumir Coca-Cola, optando por alternativas locais como Le Cola. Em Vancouver, uma jovem de 23 anos uniu-se ao boicote a empresas como Pizza Hut e Walmart, considerando-o «um primeiro passo acessível».