
Discurso de ódio online cresce 16% em 2024
Os insultos, o racismo, o “bodyshaming” e, de um modo mais geral, as mensagens discriminatórias aumentaram 16% em 2024, de acordo com um estudo da empresa francesa Bodyguard. A especialista em monitorização e moderação nas redes sociais publica o seu primeiro Observatório de interações online: ódio, assédio e comportamento nas redes sociais.
Os insultos (30%) são os mais utilizados no discurso de ódio em todas as redes sociais estudadas. O “ódio” (20%), ou seja, comentários com atitude de hostilidade, surge em segundo lugar. Segue-se o racismo (4%), o bodyshaming (1,8%) e a discriminação de pessoas que se identificam como membros da comunidade LGBTQIA+ (1,5%). Quase 70% de todo o conteúdo de ódio é publicado entre as 18h e as 9h, em comparação com 30% durante o dia.
Dois sectores são principalmente afetados: os meios de comunicação social e o desporto. Quase 5,5% dos comentários recebidos pelos media são de ódio. “Isto representa mais de 4 milhões de comentários, 40% dos quais são ódio genérico mostrando falta de interesse/hostilidade na informação partilhada na publicação”, diz Bodyguard. O desporto é o segundo setor mais impactado. No setor do futebol, por exemplo, são necessários em média 4 minutos no X ou 13 minutos no Instagram para que surja uma primeira mensagem de ódio.
Os formatos também influenciam a percentagem de conteúdo de ódio. As publicações compostas apenas por texto são as primeiras a preocupar-se (8,7%), seguidas das publicações ilustradas com uma foto (5,8%) e das publicações ilustradas com um vídeo (4,7%). As publicações patrocinadas são menos impactadas, com apenas 3,9% de conteúdo odioso.
O YouTube é a primeira plataforma afetada por este conteúdo de ódio (8,3%). A rede social X surge em segundo lugar com 6,5% de conteúdos de ódio, seguida de perto pelas duas empresas da Meta: Facebook (5,5%) e Instagram (3,6%). Destaca-se o aumento de 50% das mensagens de ódio no LinkedIn, que atingiu uma percentagem de 0,6%.
“O ódio online está a aumentar constantemente e é provável, face às recentes políticas de moderação de algumas plataformas, atingir volumes sem precedentes […] Perante esta constatação, os movimentos estão a ser organizados e as plataformas estão a ser abandonadas em favor de outras. Na Bodyguard, acreditamos que esta não é uma solução real, mas sim um deslocamento do problema…”, defende Charles Cohen, fundador e CEO da Bodyguard.