“Detesto Matemática” – Sinais de alerta da Discalculia

Por SEI – Centro de Desenvolvimento e Aprendizagem

“Odeio matemática!” – É frequente ouvirmos os nossos filhos/alunos fazerem este tipo de desabafo. Com igual frequência podemos cair no erro de achar que se trata de simples preguiça ou desmotivação para aprender a disciplina.

Contudo, a frustração associada a esta frase tão frequentemente pronunciada pode, por vezes, reflectir uma verdadeira dificuldade em aprender e desenvolver o cálculo matemático. À dificuldade de aprendizagem associada ao raciocínio lógico-matemático dá-se o nome de Discalculia ou Perturbação da Aprendizagem Específica, com défice no Cálculo.

Podemos generalizar que todas as crianças que não gostam de matemática têm discalculia? Claro que não. Mas existe um
conjunto de sinais de alerta relacionados com esta dificuldade de aprendizagem a que pais e professores devem estar atentos. Quanto mais cedo for feito o despiste da discalculia, mais cedo se implementará uma estratégia de reeducação para a criança. Isto poderá evitar o desgaste de repetidas situações de stress relacionadas com problemas escolares, os quais resultam muitas vezes numa crescente desmotivação em prosseguir os estudos.

Os sinais de alerta associados à Discalculia dependem da idade/fase escolar da criança: 

Pré-escolar:

– Dificuldade em compreender o sentido do número;
– Dificuldade em aprender a contar;
– Dificuldades na identificação de números: quer a nível visual (por ex. trocas entre o 2/5, o 3/8 ou o 6/9) quer a nível auditivo;
– Dificuldade em memorizar números;
– Dificuldade em organizar objectos de uma forma lógica: por formas, cores ou tamanhos;
– Dificuldade em reconhecer grupos e padrões;
– Dificuldade em usar conceitos comparativos tais como: maior/menor; mais alto/mais baixo;
– Dificuldades na lateralidade: distinguir entre a esquerda e a direita;

Idade Escolar:

– Dificuldade em compreender a linguagem e os símbolos matemáticos: “diferença”, “soma”, “igual”, “+”, “-“, “=”, etc.;
– Dificuldade em compreender o valor obtido pela modificação de um número: limitações em perceber que os números 560, 605 e 506 são diferentes, apesar de constituídos pelos mesmos três números (“5”, “6” e “0”);
– Dificuldade em resolver problemas matemáticos básicos através da soma, subtracção, multiplicação e divisão;
– Dificuldade em compreender que 5 é o mesmo que 3+2 ou o mesmo que 4+1, que 5+4 é igual a 4+5, ou que 8×2 é igual a 2×8;
– Dificuldade em desenvolver competências para a resolução de problemas matemáticos mais complexos;
– Fraca memória de longo prazo para funções matemáticas;
– Pouca familiaridade com o vocabulário da matemática;
– Dificuldade em resolver problemas matemáticos de forma oral, nomeadamente no caso de problemas muito extensos, e na presença de informação desnecessária e demasiadas abreviaturas;
– Dificuldades na compreensão do conceito de medida;
– Relutância em participar em jogos que requeiram o uso de estratégia;
– Dificuldades visuo-espaciais na leitura e escrita de números;
– Dificuldade em identificar as horas, por não conseguir distinguir o ponteiro das horas e dos minutos;
– Dificuldade em compreender o valor das moedas: a criança não compreende que uma moeda de 1 euro é igual a 2 moedas de 50 cêntimos ou 5 moedas de 20 cêntimos.

Se o seu filho ou aluno apresenta alguns destes sinais, poderá ser sinal de uma discalculia. Nesse caso, deverá recorrer a ajuda técnica especializada para fazer uma avaliação psicopedagógica da criança e despistar eventuais dificuldades de aprendizagem. Só assim poderá implementar-se um plano de intervenção adequado que ajude a criança a colmatar as dificuldades sentidas e promover o seu sucesso escolar.

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