Desinformação e receio retardam regresso dos portugueses ao cinema

A FEVIP – Associação Portuguesa de Defesa de Obras Audiovisuais lançou uma campanha de apelo ao regresso às salas de cinema, assegurando que estão reunidas as condições de segurança necessárias para que os portugueses retomem os seus hábitos culturais.

Paulo Santos, director-geral da FEVIP, afirma que o lançamento desta campanha visa combater a desinformação e o receio dos portugueses, dois dos factores que têm atrasado o regresso dos portugueses às salas de cinema.

Mais do que promover este regresso, o director-geral da FEVIP assume que era necessário interessar e envolver as entidades ligadas ao cinema, acabando por se formar o grupo que hoje dá suporte a esta acção, a ICA (Instituto do Cinema e Audiovisual). E destaca anda o apoio de entidades como a Associação de Distribuidores de Cinema (APEC), a Associação de Exibidores de Cinema, Academia Portuguesa de Cinema, a Associação de Gestão dos Direitos de Produtores, entre outras.

«É o conjunto destas entidades que permite que esta acção seja desenvolvida, cada uma delas facultando meios dentro das suas capacidades, sejam eles de trabalho na acção, sejam eles de contacto com entidades que apoiam acção, sejam eles financeiros ou sejam eles o contacto com o público em geral», refere Paulo Santos.

Em entrevista à Marketeer, o responsável explica o conceito da campanha, bem como os esforços desenvolvidos para tornar segura uma ida ao cinema.

Qual tem sido a lotação das salas de cinema em Portugal desde que reabriram?

Os portugueses estão a voltar aos poucos às suas rotinas, mas a desinformação e algum receio estão a fazer com que seja um regresso mais lento do que o desejável. No caso dos cinemas, sabemos que estamos preparados para receber os espectadores com toda a segurança e é essa confiança que queremos transmitir, mas infelizmente ainda estamos abaixo da lotação ideal.

Quais são os principais receios dos espectadores?

De um modo geral, os portugueses ainda estão a evitar locais fechados, dando preferência a espaços abertos, como jardins ou praias, onde consideram que estão menos expostos a um possível contágio. Existe muita desinformação sobre as formas de contágio e isso faz com que, em caso de dúvida, se evitem certos sítios. Também por isto, esta campanha é tão importante. Além de apelarmos à vontade que os portugueses têm de regressar aos cinemas, queremos demonstrar que as salas de cinema cumprem os requisitos exigidos pela DGS e que são um espaço “Clean&Safe”. A TV ajudou a passarmos o confinamento de uma forma mais leve talvez, mas não há nada que substitua a experiência de um filme num grande ecrã e estamos convictos que estes receios serão todos ultrapassados após a primeira ida a uma sala de cinema.

Que medidas estão a ser tomadas pelos cinemas para garantir a segurança?

As salas de cinema que estão actualmente em funcionamento cumprem todas as medidas de saúde e segurança definidas pela DGS. Para se garantir este cumprimento, foram implementadas medidas desde as mais básicas, como o reforço de limpeza das salas e dos espaços comuns, o uso obrigatório de máscara por colaboradores e clientes, a disponibilização de gel desinfectante em vários pontos, a criação de circuitos diferenciados de circulação de entradas e saídas e o reforço da sinalética, até outras mais complexas e menos visíveis, como a desinfecção por nebulização ou a monotorização online e permanente dos sistemas de ventilação e qualidade de renovação do ar. Para garantir o distanciamento social dentro das salas, todos os lugares são marcados e atribuídos de forma desencontrada. Os horários das sessões também sofreram alterações, de forma a permitir mais tempo para o reforço da higienização das salas entre cada sessão.

Qual é o conceito da nova campanha de comunicação criada para levar os portugueses ao cinema?

Esta ideia parte de necessidades básicas que distribuidores e exibidores detectaram ainda durante o período de confinamento, essenciais para voltarem a ter público significativo nas salas de cinema, tais como: ultrapassar o “medo de tudo” que se instalara na população em geral, demonstrar que as salas de cinema respeitam normativos de saúde que viessem a ser determinados, sendo locais seguros, trazer à memória do público as sensações de ir ao cinema, ter uma oferta de filmes a que o público seja sensível e com essa oferta contínua trazer e manter público para as salas.

Em que meios será divulgada a campanha?

A campanha, que terá uma primeira fase de arranque durante 21 dias, será partilha em inúmeras plataformas e de forma massiva, com diferentes spots de TV e online, com mensagens complementares, mas que todas elas comportam um movimento muito particular, e que queremos assinalar pela repetição do desafio: “Apetece-me…” e do hashtag: “vamosaocinema!?”.

O que motivou a escolha do mote “Apetece-me…”?

Procurámos responder ao maior número de desejos e gostos de todos os que adoram cinema: apetece-me pipocas, apetece-me uma boa história ao teu lado. E a pensar até nas famílias que, depois de tanto tempo fechadas em casa, têm agora direito a um: apetece-me sair e ter os miúdos sossegados. Ao criarmos o hashtag “vamosaoainema!?” pretendemos que o mesmo pudesse antes de mais ser em si um movimento (vamos!?) e ao mesmo tempo poder ser usado como uma afirmação/decisão, desafio e convite, com um gigante potencial viral e nesta vertente, houve um trabalhado dedicado de seleccionar influenciadores, actores e todo um leque de artistas e agentes ligados ao cinema, e ao entretenimento em geral. Veremos muitas caras conhecidas a partilhar este movimento que é sair de casa e ver cinema numa sala de cinema com quem desejamos partilhar essa experiência.

A quem coube o processo criativo desta iniciativa?

Esta campanha é o resultado de um trabalho criado e desenvolvido entre os principais interlocutores com assento na FEVIP, onde foram discutidos o conceito e os objectivos da mesma. A criatividade ficou a cargo da Connect Comunicação, assim como toda a produção e implementação.

Veja aqui o vídeo da campanha.

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