Desenvolvimento psicomotor no primeiro ano de vida
Chamamos desenvolvimento psicomotor ao processo de evolução contínua da inteligência, da comunicação, da componente emocional, social e da aprendizagem de uma criança. Este processo está dependente do amadurecimento do sistema nervoso central e decorre por etapas. Importa salientar que todas as crianças passam pela totalidade destas etapas, mas o ritmo a que cumprem cada uma varia.
Para começar, o desenvolvimento de uma criança é influenciado por elementos pré-natais, perinatais e pós-natais. Os primeiros são constituídos pela genética, a forma como decorreu a gravidez e os hábitos da mãe. Já os elementos pré-natais prendem-se com o parto, a forma como este correu, se o bebé é pré-termo e a adaptação do recém- nascido ao ambiente extra-uterino. Por fim, os factores pós-natais são a alimentação, os cuidados de saúde, o ambiente e a afectividade que rodeiam a criança.
O género da criança também exerce a sua influência sobre o desenvolvimento. Devido à genética, as crianças do sexo masculino mostram uma evolução mais rápida na motricidade, enquanto as raparigas revelam uma maior facilidade na aprendizagem da linguagem. Mas, na fase inicial do desenvolvimento psicomotor, os bebés de ambos os sexos aprendem, ao mesmo tempo, a deslocar-se, a focar-se nos pais e a ficar atentos aos contactos que vão estabelecendo com as pessoas que os rodeiam.
Um admirável mundo novo
Ainda que, tal como já referimos, cada criança tenha o seu próprio ritmo de aquisição de competências psicomotoras, todas passam pelas mesmas etapas de evolução. Comecemos destacando que, desde o nascimento, o recém-nascido reage a sons e a luz, assim como é capaz de fixar uma cara, desde que esta esteja a uma distância de 25 a 30 centímetros. Com um mês, o bebé está a adaptar- se a um ambiente novo constituído por imensos odores, sons, texturas e cores. É por isso recomendável que os pais proporcionem um ambiente tranquilo, sem demasiados estímulos, para que o bebé se sinta confortável e seguro para assimilar a informação na quantidade adequada.
O contacto físico com os pais é (e será sempre) importante, por isso embale a criança e massaje-a por curtos períodos de tempo. Nesta altura, vai constatar que o bebé já reage com o corpo às vozes e que fica atento quando alguém interage com ele. Por isso, fale directamente para a criança, mudando a cadência da voz e referindo várias vezes o nome da criança. Desta forma, o bebé vai gradualmente reconhecer os pais.
Aos quatro meses, o bebé mostra-se mais observador e é capaz de fixar objectos. Gosta de ouvir música, emite alguns sons e também vira a cabeça para os sons que ouve, aumentando assim o contacto social. Para reforçar estas competências continue a falar bastante com o bebé e mostre-lhe várias expressões faciais. Promova também o contacto com objectos, dando-lhe rocas, para que desenvolva a motricidade fina.
Com seis meses, o bebé é já bastante activo e revela interesse por tudo o que os adultos fazem, foca-se especialmente no movimento das mãos. É capaz de reconhecer-se ao espelho e demonstrar alegria perante a sua própria imagem. Promova o desenvolvimento psicomotor, colocando o bebé num tapete de actividades para que este experiencie novas formas e texturas. Sempre que o ouça palrar, responda para o incentivar a emitir sons.
Vocabulário simples
Chegados aos nove meses, os bebés são capazes de distinguir entre rostos familiares e desconhecidos, assim como respondem ao chamamento do seu nome. Agarram e seguram objectos e brincam com os adultos, atirando os objectos para o chão. Nesta fase, estimule o desenvolvimento da criança, chamando os objectos pelos nomes e coloque-os a alguma distância da criança para que esta se sinta tentada a alcançá-los. Com um ano, a criança encontra-se numa etapa do desenvolvimento psicomotor, na qual já entende o significado de algumas acções como o “dar”, também diz palavras simples como mamã e papá e anda apoiado. Esta é a altura em que deve estimular a autonomia da criança, dando-lhe liberdade para fazer o que quer, mas cumprindo regras e não ultrapassando limites.
Desafie a criança
- Prefira brinquedos de construção simples. Este tipo de actividade não só vai manter o interesse da criança, como incentiva o desenvolvimento.
- Brinque às escondidas (“cucu”). As crianças, em especial os bebés, adoram esta brincadeira, que é uma excelente forma de os pequenos entenderem que os pais não desaparecem. A assimilação deste facto permite às crianças sentirem segurança para explorar o ambiente e serem mais independentes, sabendo que os pais estão por perto.