DECO PROTeste: Apoiar decisões sustentáveis por parte dos consumidores

Muitos dos testes comparativos que a DECO PROTeste realiza regularmente têm critérios associados ao consumo de energia e de água, ruído ou até tipologia do material da embalagem. Além disso, para algumas tipologias de produtos, a DECO PROTeste atribui o selo “escolha verde”, que é associado a produtos com boa ou muita boa qualidade ao nível de performance e que, em simultâneo, têm 5 estrelas no que diz respeito a critérios ambientais. Este selo distingue, assim, os produtos que têm menos impactes ambientais, sem que a sua qualidade seja afectada. Enquanto maior organização de Defesa do Consumidor em Portugal, que assenta numa base de expertise técnica, a DECO PROTeste contribui, assim, para ajudar os consumidores a fazerem escolhas acertadas e sustentáveis.

De acordo com Rita Rodrigues, directora de Comunicação e Relações Institucionais da DECO PROTeste, «a estratégia, ao nível da sustentabilidade, é a de, por um lado, garantir que os consumidores têm o máximo de informação para seleccionar os produtos e serviços mais sustentáveis e promover as melhores práticas ao nível do consumo sustentável. Por outro lado, pretendemos ser uma força motriz para todas as marcas melhorarem os seus produtos e serviços para os tornarem mais sustentáveis, contribuindo para uma sociedade mais inclusiva, onde este tipo de produtos e serviços estão acessíveis aos consumidores».

A título de exemplo, ao nível da embalagem, a DECO PROTeste desenvolveu uma campanha onde os consumidores foram convidados a denunciarem embalagens excessivamente grandes para o produto em causa.

«Se todas as famílias portuguesas comprarem, pelo menos uma vez, um cabaz com 13 produtos do dia-a-dia como a DECO PROTeste fez, isto equivale a 1050 toneladas de embalagens desnecessárias, ou seja, o peso de 175 elefantes.» A directora de Comunicação e Relações Institucionais da DECO PROTeste acrescenta que «toda a informação que diz respeito aos consumidores está presente num site específico para o efeito e que pode ser acedido de forma gratuita por todos os consumidores que pretendam melhorar os seus hábitos de vida e consumo, de forma a serem consumidores mais sustentáveis (deco.proteste.pt/sustentabilidade)», afirma Rita Rodrigues.

Outro ponto destacado pela responsável é o facto de Portugal ser o primeiro país do mundo a celebrar oficialmente o Dia Nacional da Sustentabilidade – a 25 de Setembro. A celebração desta data é fruto de um movimento que foi liderado pela DECO PROTeste.

MAIOR CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

De acordo com um estudo europeu recente, realizado pela DECO PROTeste e as suas congéneres internacionais, mais de metade (54%) dos consumidores europeus inquiridos dizem estar ansiosos com as notícias sobre as alterações climáticas, e quatro em cada cinco inquiridos (79%) declaram fazer um esforço para viver de uma forma mais sustentável.

No que diz respeito ao acto de compra, um quarto dos inquiridos (25%) procura frequentemente informações relativas a questões ambientais nas suas decisões de compra de produtos e serviços, e a grande maioria (61%) fá-lo algumas vezes, número que cai para cerca 40% quando se considera apenas consumidores portugueses.

Sobre este cenário traçado pelo estudo desenvolvido pela organização, a directora de Comunicação e Relações Institucionais da DECO PROTeste afirma que «isto leva a que as expectativas dos consumidores possam ser aproveitadas em termos de negócio. As questões ambientais não fogem à regra e, teoricamente, isso até seria bom para o consumidor. As típicas reivindicações “verdes” sobre produtos de consumo assumem formas como, por exemplo, “eco”, “renovável”, “biodegradável”, “feito de conteúdo reciclável”, “livre de”, mas o que falha, muitas vezes, é a transparência das alegações e benefícios ambientais anunciados, bem como a base pouco rigorosa em que assentam. A proliferação de designativos e alegações verdes não ajuda os consumidores a fazer escolhas informadas quando procuram “escolhas sustentáveis”».

O mesmo estudo europeu, acima referido, indica que 48% dos consumidores preferem comprar um produto com um rótulo ambiental, número que aumenta para 60% quando se considera apenas os consumidores portugueses.

No entanto, apenas cerca de 40% dos consumidores mostrou-se disponível para pagar mais por “produtos sustentáveis” – isto é, cerca de 45%, considerando os consumidores portugueses. Verifica-se, assim, uma tendência crescente da sustentabilidade como factor de decisão dos consumidores, mas, especialmente em momentos de crise, o preço continua a ser o factor mais determinante.

Rita Rodrigues lembra que «é necessário também clarificar que os produtos mais sustentáveis não são necessariamente mais caros. Por vezes, mudanças para produtos mais sustentáveis não implicam um aumento de custos em termos de matérias-primas e produção, podendo até haver reduções de materiais que levem a menores custos. O que defendemos, na DECO PROTeste, é precisamente que as marcas melhorem os seus produtos e serviços para os tornar mais sustentáveis, e que os tornem acessíveis a todos os consumidores».

Por outro lado, é importante compreender o tempo de vida útil do produto que se tenciona comprar. Rita Rodrigues refere que, por exemplo, um saco de compras reutilizável em PP (vulgarmente conhecido como saco de ráfia) será mais caro que um saco de plástico de uso único que, tipicamente, custará 10 cêntimos na caixa de supermercado. No entanto, se tivermos em consideração as compras semanais durante um ano, a vantagem ambiental e financeira da alternativa que se pode reutilizar é muito significativa.

SUSTENTABILIDADE NAS EMPRESAS

A introdução das preocupações de sustentabilidade nas estratégias das empresas tem vindo a aumentar, seja por necessidade de preparação das mesmas às obrigações legais, seja por resposta às preocupações dos consumidores e do mercado. «Do que temos vindo a perceber, com o trabalho próximo que fazemos com as marcas e entidades, este esforço nas organizações, de alertar e promover iniciativas e acções que tenham esta chamada de atenção para mudanças de comportamento ao nível ambiental e sustentável, está a produzir os seus efeitos. Pequenas e grandes iniciativas externas e internas, fóruns de discussão que permitem debater o tema, parcerias sustentáveis e até mesmo melhorias de processos ao nível dos negócios são alguns exemplos», esclarece Rita Rodrigues.

Também na DECO PROTeste o compromisso com a sustentabilidade se reflecte interna e externamente. A responsável explica que «se no exterior a sustentabilidade é uma das nossas áreas de acção e promoção enquanto agentes do empoderamento do consumidor, dando destaque ao tema com iniciativas como a instituição oficial do Dia Nacional da Sustentabilidade a 25 de Setembro, é importante considerar que todo este trabalho começa dentro de casa. Internamente, incluímos desde muito cedo a sustentabilidade nos nossos objectivos estratégicos, acabando a mesma por passar para a nossa cultura. Asseguramos a preparação das nossas equipas, a começar pela liderança, para a adopção desta abordagem à interacção com tudo o que nos rodeia».

Por outro lado, a DECO PROTeste privilegia internamente iniciativas neste âmbito. Alguns exemplos concretos passam pela adopção e utilização em todos os meios possíveis de energias renováveis; selecção de fornecedores de produtos e/ou serviços de acordo com semelhante critério; adoptar boas práticas para a redução de resíduos; redução de consumo de papel; e exigentes critérios de escolha de produtos de acordo com factores de reutilização/reciclagem de material.

Numa outra vertente, a organização actua internamente na promoção e divulgação de boas práticas de sustentabilidade e de incentivo a estilos de vida saudáveis, através do empréstimo de bicicletas eléctricas para deslocação para o trabalho; sopa e fruta gratuita no escritório; acções de promoção de saúde, ou os outros serviços que disponibilizam no seu programa wellness, como a medicina curativa, a nutrição, as quick massages ou a psicologia; ou as medidas de worklife balance. «Acreditamos que a adopção de um estilo de vida saudável e equilibrado, assim como a permanência num ambiente de trabalho positivo, contribuem para o bem-estar, maior foco e produtividade e, consequentemente, menor desperdício de tempo e recursos materiais e emocionais», conclui a directora de Comunicação da DECO PROTeste.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Sustentabilidade e Responsabilidade Social”, publicado na edição de Dezembro (n.º 329) da Marketeer.

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