Deadbots: uma realidade que já dá vida a quem morreu (e pode incorporar anúncios)

Já viu aquele episódio da série Black Mirror em que o protagonista morre, mas é trazido de novo à vida através da tecnologia, que permite à sua família interagir com um robô semelhante, como se se tratasse realmente da pessoa? Essa ideia hipotética da ficção científica já é hoje possível, mais ou menos, através daquilo que é apelidado de deadbots.

Estes chatbots imitam a forma como a pessoa falecida falava, seja por texto ou voz, tendo como objectivo dar algum conforto aos entes queridos. Porém, muitos são aqueles que levantam questões éticas e morais sobre esta novidade.

Os éticos Tomasz Hollanek e Katarzyna Nowaczyk-Basińska da Universidade de Cambridge são os mais recentes a expressar as suas preocupações sobre os riscos da «indústria da vida digital após a morte», avança a Science Alert.

«As pessoas podem desenvolver laços emocionais fortes com tais simulações, o que as tornará particularmente vulneráveis à manipulação», diz Tomasz Hollanek. Portanto, imagine se a simulação de um familiar ou amigo morto começar, a meio de uma conversa, a sugerir a venda de produtos….

Para os dois profissionais em causa, os restos digitais de uma pessoa devem ser tratados de forma digna e não como uma fonte de lucro. Contudo, não vêem uma proibição total dos deadbots como algo viável.

Em 2022, a ética Nora Freya Lindemann argumentou que os deadbots deveriam ser classificados como dispositivos médicos para garantir que a saúde mental é uma prioridade chave da tecnologia. Crianças pequenas, por exemplo, podem ficar confusas com a perda física de um ente querido se estes ainda estiverem digitalmente “vivos” e fizerem parte da sua vida diária.

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