De segredo bem guardado a “parque de diversões” para ricos: Louboutin luta para salvar refúgio português
O pequeno paraíso onde Christian Louboutin, o designer franco-egípcio conhecido pelos famosos sapatos, comprou há menos de duas décadas a primeira casa, na aldeia de Melides, esta zona da costa alentejana a sul da Comporta e de Lisboa, era um segredo conhecido por poucos. Hoje é um chamariz – ou “parque de diversões” como lhe chamou a agência Bloomberg – para ricos e famosos.
A explosão de empreendimentos de golfe e resorts ao longo da Costa Vicentina transformou a zona e tem vindo a levantar preocupações aos habitantes locais devido ao impacto ambiental e excesso de turismo. Mesmo à porta da casa de Christian Louboutin, os níveis de água de uma lagoa baixaram devido às alterações climáticas, à agricultura e ao aumento do número de visitantes e o designer manifestou a sua preocupação.
Em entrevista telefónica à Bloomberg, Louboutin indicou que “os turistas vêm pela beleza” e os locais devem lutar para o manter exatamente assim. Além da sua propriedade, o designer possui a guesthouse La Salvada e o Vermelho Hotel na aldeia de Melides e, por isso, não se opõe ao turismo – em concreto, o turismo de luxo – e faz parte de um grupo local que trabalha com promotores imobiliários para gerir o ambiente de forma mais responsável.
O objetivo é proteger a área em redor da aldeia com cerca de 1.500 habitantes, localizada ao longo de um dos últimos espaços quase intocados da costa atlântica em Portugal.
Outra preocupação é de que as novas estâncias multimilionárias esgotem ainda mais os recursos hídricos na região onde muitos ainda dependem da agricultura para sobreviver. Nesse sentido, Louboutin e Noemi Marone Cinzano, uma italiana cuja família foi proprietária da famosa marca de vermute e que tem uma casa no território, fundaram o grupo Intertidal Melides.
Este grupo local tem como foco preservar o ambiente e encorajar “boas práticas ambientais” por parte das empresas. Louboutin acredita que é possível manter a beleza de Melides e, ao mesmo tempo, atrair turistas de alto nível.
“As pessoas são tocadas pela autenticidade e temos de manter assim a região”, afirmou. “Não esperem que Melides se torne como St. Tropez. Isso não vai acontecer”, concluiu.