Data-Driven Marketing: Acabaram-se as suposições

Por Ana Barros, CEO da Martech Digital

O mundo do marketing está a passar por uma revolução profunda muito impulsionada pela análise de dados. Hoje, o marketeer tem de ser orientado por dados, ou seja, tem de ter um mindset data-driven. Precisa de informações precisas para entender o comportamento do cliente, criar estratégias personalizadas e maximizar o retorno do investimento. No entanto, à medida que os dados se tornam a moeda mais valiosa do marketing moderno, é fundamental discutir não apenas o poder, mas também a responsabilidade que isso implica.

A forma de usar estes dados pode tornar-se determinante para o nosso negócio, colocando os departamentos de marketing na linha da frente. Já não basta confiarmos nas experiências, opiniões subjectivas ou suposições pouco comprovadas. Para alcançar a personalização e eficiência que os negócios necessitam, é fundamental analisar factos e procurar melhorias contínuas.

O data-driven marketing recorre à aquisição e análise de dados recolhidos através de interacções com potenciais clientes e fontes externas. E onde estão estes dados? Na pegada digital de cada um. Interacções nas redes sociais, pesquisas no Google, respostas de formulários e até a localização dos nossos telemóveis – as empresas têm acesso a uma quantidade sem precedentes de informação. E se estes dados estão lá, disponibilizados por indústria, sector e público-alvo, porque não podem os departamentos de marketing usá-los a seu favor?

De acordo com pesquisas recentes da Invoca, 80% dos clientes afirmam que é mais provável comprarem produtos ou serviços de uma empresa que oferece uma experiência personalizada. Portanto, a personalização não é apenas desejável, mas também uma necessidade imperativa para atrair e reter clientes na era digital.

Com recurso à tecnologia, os profissionais de marketing podem optimizar recursos e aumentar o retorno do seu investimento. Isto capacita-os a compreender mais profundamente os seus clientes e a personalizar as suas campanhas. Como resultado, não só ajuda a empresa a compreender os interesses de diferentes segmentos (público, localização, preferências de abordagem e o timing ideal para acção), como também a aprimorar produtos e serviços para atender às expectativas dos clientes. O conhecimento detalhado do público-alvo permite que as empresas desenvolvam mensagens altamente personalizadas, impulsionando o envolvimento e as taxas de conversão.

A avalanche de informação com que nos deparamos diariamente, convida as empresas a uma boa gestão e utilização dos dados pelos departamentos de marketing. Como sabemos, a privacidade dos dados é uma preocupação crescente. E um dos temas que o marketing deve gerir com mãozinhas de fada é precisamente o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), para garantir que os dados dos clientes são tratados de forma ética e responsável.

Outra questão é a própria qualidade dos dados. A era do big data deu acesso a uma vasta quantidade de informações provenientes de diversas fontes, sejam elas estruturadas ou não. A quantidade de dados é tão vasta que, na maioria das vezes, ainda não conseguimos processá-los completamente. É por isso que, cada vez mais, é importante desenvolver modelos de Inteligência Artificial e promover disciplinas como a Ciência de Dados (Data Science). É fundamental que as empresas consigam investir em formação e contratação de profissionais capacitados nestas áreas.

No final, é tudo uma questão de personalização, melhoria do ROI e compreensão dos nossos clientes. O data-driven marketing não é apenas uma tendência passageira, mas uma necessidade do agora. E não estamos apenas a falar de acompanhar tendências, mas de criá-las. Se não estamos a aproveitar os dados para impulsionar as nossas estratégias de marketing, nunca poderemos fugir da complacência e corremos o risco de nos tornarmos irrelevantes e pouco originais.

Artigos relacionados