Da SheIn à Mango ou H&M: marcas de moda aumentam investimento em startups para cumprir objectivos “verdes”

Com a data limite de 2030 a aproximar-se rapidamente, os fabricantes têxteis na Europa estão a intensificar esforços para cumprir os objectivos estabelecidos pela Comissão Europeia. A partir de então, todos os produtos deverão ser duradouros e recicláveis, fabricados com uma alta percentagem de fibras recicladas, isentos de substâncias perigosas e produzidos com respeito pelos direitos sociais e pelo meio ambiente.

Este desafio imposto está a acelerar investimentos e alianças estratégicas em toda a indústria, com nomes como Inditex, Mango, H&M e SheIn a liderar o caminho.

A indústria têxtil é amplamente reconhecida como uma das mais poluentes do mundo. Para enfrentar esta realidade, as empresas estão a investir em startups especializadas em tecnologias sustentáveis. O objectivo é não só cumprir os requisitos legais, mas também responder às expectativas dos consumidores cada vez mais conscientes do impacto ambiental das suas escolhas de moda, salienta o Cinco Días.

A gigante espanhola Inditex, dona de marcas como Zara e Massimo Dutti, anunciou recentemente uma nova participação na startup norte-americana Galy, que se dedica à produção de algodão em laboratório a partir de células vegetais. Este investimento é parte de uma série de acções que incluem parcerias com empresas como Circ e Infinited Fiber, focadas na criação de fibras sustentáveis a partir de resíduos têxteis.

Da mesma forma, a Mango tem seguido uma estratégia semelhante, acumulando sete investimentos directos em startups através do seu Mango Startup Studio. A última aposta foi na Hoop Carpool, uma empresa que se dedica à mobilidade sustentável.

A H&M, um dos gigantes suecos da moda, também tem intensificado os seus esforços nesta área, com cerca de trinta investimentos nos últimos anos. Recentemente, adquiriu uma participação na Rondo Energy, uma startup que procura descarbonizar a cadeia de abastecimento.

SheIn entra no jogo

Num movimento significativo, a SheIn anunciou um investimento de 250 milhões de euros na Europa e no Reino Unido, direccionado para questões ambientais. Destes, 200 milhões serão investidos em startups que trabalham em inovação de materiais reciclados. A empresa chinesa, frequentemente criticada pela sua falta de transparência nas políticas de sustentabilidade, pretende acelerar inovações que possam reduzir a pegada ambiental da indústria da moda.

Mas os desafios não são apenas tecnológicos, também regulatórios. A partir de 2025, os fabricantes têxteis na Europa serão obrigados a implementar a recolha selectiva de resíduos e, adicionalmente, o regulamento de design ecológico aprovado pelo Parlamento Europeu em Abril estabelece normas para garantir a durabilidade e circularidade das peças têxteis.

No entanto, estas exigências também representam oportunidades para inovação e liderança de mercado. As empresas que conseguirem adaptar-se rapidamente não só cumprirão as exigências legais, mas também poderão capitalizar sobre uma base de consumidores cada vez mais preocupados com a sustentabilidade.

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