Da IA aos wearables: 5 tendências que vão marcar o sector da Saúde em 2023
O futuro é incerto em várias áreas de actividade, e a Saúde não é excepção. Ainda no rescaldo da pandemia de Covid-19, enfrentamos agora um cenário de ameaça de recessão económica, ao mesmo tempo que a transformação digital e a adopção tecnológica continuam a acelerar. Como é que todos estes factores vão impactar a Saúde nos próximos 12 meses?
Este foi o desafio a que o autor e consultor estratégico Bernard Marr procurou dar resposta. Num artigo publicado na Forbes, o especialista apresenta cinco tendências que vão marcar o sector em 2023.
1. Inteligência Artificial
De acordo com dados da consultora Precedence Research, o mercado da Inteligência Artificial (IA) no sector da Saúde deverá passar de 11,06 mil milhões de dólares em 2021, à escala global, para 15,1 mil milhões de dólares em 2022 e 20,65 mil milhões em 2023 – ou seja, deverá duplicar em apenas três anos.
Neste momento, diversas tecnologias baseadas em IA e machine learning, tais como visão computacional, processamento de linguagem natural e reconhecimento de padrões, já são amplamente utilizadas no sector da Saúde e vão continuar a ser adoptadas em 2023. Estas tecnologias estão a ser usadas, por exemplo, na criação de novos medicamentos – podendo contribuir para prever os resultados de testes clínicos ou potenciais efeitos secundários -, mas também na análise de imagens (como raio-x) para a detecção de sinas precoces de doença. Também já foram usadas com sucesso na detecção e tratamento de patologias neurológicas, como Parkinson ou Alzheimer.
2. Saúde à distância
Desde o início da pandemia de Covid-19, os cuidados de saúde e tratamentos à distância tornaram-se parte da rotina de muitos pacientes. A telemedicina, conceito que abrange todo o tipo de medicina à distância, desde teleconsultas com o médico às cirurgias remotas, que já são uma realidade graças à robótica, tornou-se um conceito normal no léxico de todos nós.
Outros modelos de cuidados à distância têm vindo a crescer. É o caso do conceito de hospital virtual, que permite a um conjunto de profissionais de saúde providenciar cuidados a pacientes que estão remotos, geralmente com sintomas relacionados. Além disso, existem cada vez mais comunidades online, criadas por pacientes, associações médicas ou instituições de solidariedade social, onde os pacientes e cuidadores podem partilhar testemunhos e conselhos relacionados com determinadas doenças e o seu tratamento. Patients Like Me, Care Opinion e cancer.org são alguns exemplos de comunidades deste género.
Com o aumento dos custos médicos e a escassez de profissionais de saúde em muitos países, é provável que a telemedicina continue a crescer em 2023.
3. Saúde no retalho
Um estudo da Forrester aponta que os retalhistas vão duplicar os seus investimentos na área da Saúde em 2023. Nos EUA, retalhistas como a Walmart, a Amazon ou a CVS já oferecem um conjunto alargado de serviços de saúde, tais como análises ao sangue, vacinação e check-ups médicos, que até então só eram prestados em hospitais, clínicas ou farmácias.
Segundo Bernard Marr, esta tendência vai tornar-se cada vez mais evidente em todo o Mundo, à medida que os retalhistas continuam a desenhar serviços de saúde de forma mais conveniente e eficiente para os pacientes, que muitas das vezes nem precisam de fazer marcação. “Em 2023, os pacientes vão escolher a saúde no retalho como a sua rede de cuidados primários”, vaticina a Forrester.
4. Dispositivos médicos wearable
Os dispositivos wearable serão cada vez mais utilizados pelos pacientes em 2023 para monitorizem a sua saúde e bem-estar e a sua actividade física, bem como pelos profissionais de saúde para que possam monitorizar os seus pacientes de forma remota. A Internet of Medical Things tem crescido a ritmo acelerado nos últimos anos, reflectindo-se hoje na existência de simples dispositivos desenhados para analisar os sinais vitais, como o ritmo cardíaco ou os níveis de oxigénio no sangue; smartwatches capazes de fazer scans sofisticados, como electrocardiogramas; têxteis inteligentes que conseguem detectar a pressão sanguínea e prever o risco de ataque cardíaco; e luvas inteligentes que permitem reduzir os tremores dos doentes que sofrem de Parkinson.
Além disso, os dispositivos wearable podem também ser úteis na detecção de sinais de doença mental, através da leitura de sinais como os níveis de actividade, padrões de sono e ritmo cardíaco, que podem indiciar um risco de depressão, por exemplo.
No próximo ano, é de esperar que os dispositivos médicos wearable sejam equipados com novos processadores e tenham maior capacidade para fazerem a leitura dos dados in-device, com benefícios ao nível da privacidade dos pacientes.
5. Personalização
Em 2023, os pacientes terão mais oportunidades de receber cuidados de saúde que são personalizados especificamente para si. Esta é uma tendência que agrega conceitos como a medicina de precisão, em que medicamentos e tratamentos são desenhados especificamente para um grupo de pacientes – baseados em factores como a idade, genética ou factores de risco – ao invés de uma abordagem one-size-fits-all. Os cuidados de saúde mais personalizados e precisos têm em consideração a informação genética ou o genoma dos pacientes e podem ajudar os profissionais de saúde a prever o quão eficaz serão determinados medicamentos no tratamento desses pacientes ou possíveis efeitos secundários indesejáveis.