Da era do packaging à food barrier: estas são as tendências de consumo que vão marcar 2022
Não é uma surpresa que a pandemia tenha afectado as marcas, os consumidores e a relação entre ambos. De forma geral, tornou os clientes mais exigentes e também mais cépticos segundo avança o estudo “Tendências Consumidor 2022”, elaborado pela área de Consumer Engagement da LLYC.
Com base na análise de interacções sociais nos 12 países onde a consultora está presente – num total de mais de 31 milhões de tweets de quase oito milhões de perfis e 50 empresas globais –, conclui-se, por exemplo, que o impacto emocional que a Covid-19 deixou no consumidor se traduz numa descrença crescente do discurso do propósito, na procura de marcas que promovem a felicidade e o conforto e numa crítica aos positivismos tóxicos.
O relatório identifica assim as 10 tendências mais relevantes para os próximos meses e que vão representar uma “grande oportunidade para as marcas encontrarem um potencial de diferenciação junto dos seus clientes e da sua concorrência”.
– Made in felicidade: No rescaldo da pandemia, intensifica-se o desejo de celebrar momentos de “microfelicidade” que reconfortem, nem que seja apenas temporariamente. Procura-se escapar da realidade incerta e stressante. Algumas empresas, cujos produtos e serviços estão relacionados com o prazer ou o bem-estar, partem em vantagem, mas isso não significa que outras tenham perdido tudo – trabalhar a criatividade e a personalização é fundamental para alcançar este objectivo.
– Positivismos tóxicos: Os últimos dois anos têm, sem dúvida, revolucionado a forma como as pessoas se relacionam. Agora, são deixadas levar também pelo contágio emocional digital. Depois da ansiedade e do medo que a pandemia deixou, vem o tsunami do positivismo extremo. Têm de se juntar a ele? Não é obrigatório. Trata-se de normalizar as impressões mais negativas e reconhecer que, dentro do mau, também pode haver algo construtivo.
– Meme everything: Tal é a força e vocação universal dos memes que os estrategas de social media marketing transformaram esta ferramenta num caminho eficaz para estabelecer uma relação com os seus públicos. Quando são bem utilizados, podem aumentar significativamente o seu engagement. Apesar do crescimento e da elevada conversação, as marcas devem medir bem o uso que fazem deles e analisar previamente se se relacionam com a sua identidade e os seus clientes.
– The food barrier: Hoje, os consumidores estão mais conscientes da importância do bem-estar, da saúde mental e da estabilidade, da felicidade, do equilíbrio social e da consciência ambiental. Já não é uma tendência, é uma realidade. Vivemos uma nova era onde o auto-cuidado e o compromisso dos consumidores para com o planeta vão condicionar e impulsionar a indústria alimentar para novos caminhos para além da satisfação e do puro prazer de comer.
– “Quando” e não “onde”: Passámos da facilidade e acessibilidade nas compras para o imediatismo. O “agora” e o “já” tornaram-se uma moeda em que muitas marcas encontraram um caminho de diferenciação com um consumidor cada vez mais ansioso e exigente com o seu tempo. Hoje, prefere-se fazer compras rápidas em estabelecimentos físicos próximos ou através de retailers e lojas que garantam entregas no próprio dia.
– Novos códigos para marcas de sempre: A fidelização à marca que antes se esperava foi substituída pela necessidade de uma experiência de compra única. Os mais jovens estão particularmente motivados pelo facto de esta ser a mais personalizada que podem ter. Os dados mostram que os consumidores querem cada vez mais ver-se reflectidos na comunicação das marcas e isso também influencia as decisões de compra.
– Consumidores transumanistas: As pessoas estão cada vez mais interessadas em entender como a tecnologia é o caminho para acabar com as limitações físicas. Os avanços nas últimas décadas e a aceleração da digitalização na pandemia fazem com que o mundo presencial seja cada vez mais reduzido. O virtual está a expandir-se, permitindo às pessoas assimilar a possibilidade de depender cada vez menos do corpo físico.
– Boomers go digital: 80% dos consumidores adultos com acesso à Internet na Europa utiliza canais digitais nos últimos seis meses. Os baby boomers sentem que as redes sociais têm tido um efeito positivo nas suas vidas, surpreendentemente a níveis próximos dos registados por grupos mais jovens. As marcas têm de ter em conta esta geração ao criar experiências de compras virtuais, plataformas e comunicações.
– Propósito/cépticos: Porque é que os consumidores estão tão cépticos quando a maioria das marcas está a trabalhar com mais empenho do que nunca o seu propósito? Porque a empresa negligencia o benefício a curto prazo que tem para o cliente. Mais do que palavras sobre responsabilidade ou grandes ambições, as pessoas simplesmente querem que o propósito se reflicta na prática e que tenha impacto nas suas vidas ou no seu meio envolvente.
– A nova era do packaging: As etiquetas dos produtos fornecem informações relevantes, tornaram-se uma parte essencial da experiência e da decisão de compra. Agora, os consumidores adquirem os produtos não só pela sua utilidade, pelo seu preço ou pela sua qualidade, mas também pelo seu alinhamento com os seus valores. A sustentabilidade, o comércio local, a slow fashion ou a rastreabilidade são conceitos que ganham importância na hora de consumir.