Crise exige novos valores emocionais aos gestores

O actual contexto de crise económica gerou um mercado de incerteza que obriga os gestores financeiros a adoptar uma política de maior proximidade e transparência. Esta foi uma das principais conclusões da II Conferência da Executive Digest, subordinada ao tema “Como gerir em tempos de incerteza”.

João Pedro Tavares, vice presidente da consultora Accenture, deu o mote à conferência da Executive Digest (do grupo Multipublicações, dono da Marketeer), que decorreu ontem no Hotel Dom Pedro, em Lisboa. O responsável defendeu que gerir em tempos de incerteza significa, sobretudo, tomar decisões rápidas e gerir tensões, por forma a aumentar o capital de confiança entre as empresas, os trabalhadores e o mercado.

O evento ficou marcado por duas mesas redondas. O painel da primeira foi constituído por António Nogueira Leite, vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos, António Ramalho, presidente da Estradas de Portugal, e João Duque, presidente do ISEG.

Num debate subordinado ao subtema “Impacto da incerteza na gestão financeira das empresas”, os participantes convergiram na opinião de que, para combater o binómio do problema de capitalização das empresas e da aversão ao risco por parte dos investidores, é necessária uma «política de maior proximidade do ponto de vista da informação e do financiamento», como sintetizou António Ramalho. Já António Nogueira Leite sublinhou que não acredita «nas empresas em que o bom trabalho não seja distinguido do mau trabalho», através de incentivos e prémios aos funcionários.

No mesmo tom, os participantes da segunda mesa redonda, dedicada ao subtema “Impacto da incerteza no negócio das empresas”, sublinharam que a entidade patronal deve dar o exemplo e mobilizar os colaboradores, pois a chave para a crise está no trabalho diário das pessoas e empresas. É preciso «abandonar as habilidades financeiras» que «não geram riqueza nem emprego» e «voltar às origens», como ao negócio da mercearia ou agricultura, defendeu Jorge Rebelo de Almeida, presidente Hotéis Vila Galé. «Não é o Estado que vai salvar as pessoas; são as pessoas que vão salvar o Estado», reiterou.

Manuel Lopes da Costa, presidente da HP Portugal, advogou que a missão prioritária dos gestores portugueses é «salvaguardar os empregos». O debate contou ainda com a participação de Jorge Bravo, vice-presidente da Inapa , e António Casanova, presidente da Unilever.

 

Texto de Daniel Almeida

 
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