
Crise do chocolate: Marcas substituem ingredientes para reduzir custos
Se é fã de chocolate e costuma comprá-lo regularmente, já terá reparado que estes até podem manter o preço, mas o tamanho das embalagens tem reduzido. A confirmação desta estratégia – chamada “reduflação” – foi dada à Marketeer pela Mondelez, dona de produtos como a Milka ou Oreo, e a Mars Wrigley, que detém os M&M, Snickers ou Mars, tendo a Mondelez Portugal admitido a possibilidade de aumento de preços no futuro.
Tudo se deve à chamada “crise do chocolate” que está a elevar os preços de produção a níveis recordes. As empresas estão, por isso, a tentar adaptar-se ao aumento dos custos de produção procurando ingredientes alternativos.
De acordo com o jornal El Economista, para evitar passar o aumento dos custos integralmente para os consumidores (arriscando-se a perder clientes), muitas marcas estão a substituir a manteiga de cacau por gorduras de qualidade inferior, podendo impactar negativamente a experiência de consumo.
A substituição da manteiga de cacau por gorduras como palma, palmiste, coco e gordura anidra do leite tem preocupado especialistas. A Organização de Consumidores e Usuários (OCU) – associação de defesa do consumidor espanhola – alerta que essa prática não visa melhorar o produto, mas sim reduzir custos, comprometendo sabor e textura.
O ideal é que um chocolate seja feito com 100% de manteiga de cacau, pois ela derrete na temperatura do corpo, proporcionando uma experiência sensorial única. Entretanto, para baixar os preços de produção, algumas marcas optam também por substituir o açúcar por xaropes de glicose e frutose, resultando em chocolates com superfícies foscas, manchas brancas de gordura, camadas espessas e doçura excessiva.
Para ilustrar o impacto dessas mudanças, a OCU analisou 30 caixas de chocolates, entre marcas famosas e marcas brancas. O resultado foi preocupante: apenas 10 foram classificadas como de boa ou muito boa qualidade.
Entre as marcas reprovadas está a célebre caixa vermelha da Nestlé, que utiliza uma combinação de manteiga de cacau, gordura de palma, karité, gordura anidra do leite e manteiga. Apesar da composição inferior, os chocolates figuram entre os mais caros da análise: 47,96 euros por quilo em Espanha.
Outra decepção foi a Trapa Sublimes, que, embora não utilize xaropes, mistura manteiga de cacau com manteiga, óleo de coco e óleo de girassol. O resultado desagradou, apesar do preço mais acessível: 17,8 euros por quilo em Espanha.
Os chocolates Lindt Lindor também receberam críticas. Mesmo recorrendo a açúcar de alta qualidade, as gorduras adicionadas (óleo de coco, óleo de palmiste e gordura anidra do leite) não corresponderam às expectativas para um produto que custa 37,45 euros por quilo em Espanha.
Por fim, as famosas conchas de praliné Guylian SeaShell também não escaparam das avaliações negativas. Embora sua composição não tenha sido o principal problema, a aparência e o sabor decepcionaram os especialistas, possivelmente devido ao excesso de açúcar ou à textura inadequada. Seu preço também está entre os mais altos: 32,6 euros por quilo em Espanha.