
Crise do chocolate: Em Portugal já se substituem ingredientes e ponderam-se aumentos dos preços? O que diz a Guylian e a Mondelez
A chamada “crise do chocolate” está a elevar os preços de produção a níveis recordes. As empresas estão, por isso, a tentar adaptar-se ao aumento dos custos de produção procurando ingredientes alternativos, como noticiava a Marketeer no passado dia 5 de março, citando o jornal El Economista.
Para evitar passar o aumento dos custos integralmente para os consumidores, muitas marcas estão a substituir a manteiga de cacau por gorduras de qualidade inferior, podendo impactar negativamente a experiência de consumo.
Mas tal acontece em Portugal?
Contactadas pela Marketeer, a Guylian, fabricante de chocolate belga, e a Mondelez, que detém marcas como a Toblerone, Milka e Oreo, rejeitam qualquer alteração nos ingredientes dos seus produtos salvaguardando a qualidade e sabor dos mesmos.
Liesbeth Coppens, Senior Communication Manager da sede da marca na Bélgica, sublinha que a Guylian Portugal “não alterou a composição dos chocolates vendidos no país”, mantendo a “receita original criada pelo fundador, Guy Foubert, utilizando avelãs torradas e chocolate marmoreado, garantindo o mesmo sabor e textura” de sempre.
De acordo com a marca, a prioridade é a “integridade” das receitas e “qualidade dos ingredientes utilizados”. “As nossas avelãs inteiras são provenientes da costa do Mediterrâneo e, desde 2022, utilizamos 100% de cacau Fairtrade em todos os nossos chocolates. Estes ingredientes premium são cuidadosamente selecionados para garantir a mais elevada qualidade, proporcionando aos consumidores a mesma experiência indulgente que esperam da Guylian”, sublinha.
Quanto aos desafios que a indústria enfrenta, a Liesbeth Coppens garante estarem “conscientes”, mas “embora o mercado evolua”, o compromisso “com a qualidade e a mestria de fazer chocolate mantém-se inalterado, garantindo que os amantes de chocolate continuem a desfrutar da experiência indulgente que esperam” da marca.
Já a dona das marcas Oreo ou Milka reforça a mesma ideia garantindo que não comprometem “o sabor e a qualidade dos produtos devido ao custo dos seus ingredientes”.
A marca reforça que procura sempre “atingir a excelência dos produtos e oferecer a melhor experiência de sabor possível”, salientando a procura por inovar. “Recordamos que no final do ano passado decidimos implementar uma nova receita num dos nossos produtos mais icónicos: a OREO, aumentando as suas notas de cacau de uma forma equilibrada”, afirma fonte oficial da marca.
Ainda assim, perante os desafios, a Mondelez assume estar a adaptar-se aos desafios através da chamada “reduflação”, que consiste na redução da dimensão dos produtos, mantendo o preço.
“Como produtor de alimentos, continuamos a enfrentar custos elevados em toda a nossa cadeia de abastecimento, incluindo o custo de certos ingredientes utilizados nos nossos produtos. Os preços do cacau, por exemplo, quase triplicaram nos últimos doze meses, atingindo níveis recorde. Se refletíssemos este aumento no preço final pago pelos consumidores no ponto de venda, o custo de uma tablete de chocolate seria ainda mais elevado”, assume a marca.
A Mondelez garante ainda que, na sua visão, “a melhor opção é rever a dimensão dos produtos, permitindo [aos consumidores] continuar a desfrutar dos seus produtos favoritos”.
“Isto impacta não só os nossos produtos de chocolate, mas também as nossas bolachas, muitos dos quais são cobertos com chocolate. Outros custos, como energia, embalagens e transporte, também continuam elevados. Isto significa que os custos de produção dos nossos produtos são significativamente mais caros”, detalha ainda a marca.
Quanto ao futuro, caso esta estratégia não seja suficiente, a marca não exclui a hipótese “de proceder a aumentos de preços ponderados”, sendo este aumento “sempre o último recurso”.
“Importa salientar que os retalhistas são livres de definir os seus próprios preços nas suas lojas”, conclui a marca em esclarecimentos à Marketeer.