Crédito Agrícola: Estratégias de sustentabilidade e proximidade social
A Política de Sustentabilidade do Grupo Crédito Agrícola, criada em 2020, foi revista em 2024 para acompanhar a rápida evolução das tendências e riscos na sociedade portuguesa, bem como para alinhar com a trajectória de sustentabilidade do grupo. Segundo Filipa Saldanha, directora de Sustentabilidade do Crédito Agrícola, esta revisão permitiu a publicação de 13 temas materiais e oito Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) considerados prioritários para o grupo. Além disso, foram definidos os compromissos e metas no âmbito ESG, entre os quais se destaca o Plano de Transição Net Zero. De acordo com a responsável, foram estruturados os eixos da estratégia de sustentabilidade, que «orientam a tomada de decisão em matéria de negócio, gestão interna e filantropia».
O Grupo Crédito Agrícola foca-se principalmente na mitigação das alterações climáticas para medir e monitorizar o impacto ambiental das suas operações. Filipa Saldanha explica que a organização tem vindo a reportar anualmente as emissões geradas por actividades-chave ao longo de toda a cadeia de valor, abrangendo desde a gestão interna às decisões de financiamento e investimento.
Em relação às operações internas, foi definida uma meta de redução de 60% das emissões até 2030, tendo como referência o ano de 2022. Esta meta abrange áreas como as emissões associadas às instalações e frota, compra de electricidade, resíduos gerados, viagens de negócios e deslocações.
No entanto, a maior parte da pegada de carbono do grupo, superior a 99%, provém das actividades de financiamento. Para esta área, foram estabelecidas metas de redução de emissões em oito sectores prioritários da carteira de crédito: Imobiliário Residencial e Comercial, Agricultura, Turismo, Energia, Aviação, Resíduos e Águas Residuais, e Automóvel.
A estratégia de sustentabilidade do Grupo Crédito Agrícola foi desenhada para abranger todo o país de forma uniforme, mas com flexibilidade, para se adaptar às especificidades de cada região. Filipa Saldanha refere que, embora Portugal seja um país pequeno, apresenta desigualdades significativas. Por isso, é natural e desejável que o grupo implemente projectos ou iniciativas orientadas a responder a necessidades e oportunidades específicas.
«O valor da proximidade que tão bem distingue o grupo permite-nos ter o conhecimento e a capacidade de conhecer profundamente as realidades locais, incluindo os principais desafios, riscos e oportunidades que devem orientar decisões estratégicas de todas as Caixas, tanto ao nível da capacitação de comerciais e clientes, das parceiras de impacto ou ao nível do desenho de nova oferta de crédito ESG», afirma.
Num país com todas estas assimetrias, a decisão de abrir ou fechar agências do Grupo Crédito Agrícola é descentralizada e cabe às Caixas Associadas, que baseiam estas escolhas em vários critérios, com especial atenção ao impacto social. Filipa Saldanha explica que «existe uma compreensão generalizada em todo o SICAM sobre a importância de manter a funcionalidade das nossas agências isoladas, tão importantes para o envolvimento, bem-estar e literacia financeira das comunidades mais remotas que, muitas vezes, são também as mais desfavorecidas do ponto de vista socioeconómico».
Apesar de não haver actualmente uma meta de crescimento para o número de agências com função social, a prioridade é preservar a proporção destas agências no total de instalações. «Estas agências são fundamentais para a literacia financeira e o apoio às comunidades mais desfavorecidas», defende a responsável.
E por falar em literacia financeira, esta é uma das prioridades de actuação do Grupo Crédito Agrícola, reconhecida como essencial para o desenvolvimento sustentável da sociedade portuguesa. Filipa Saldanha destaca a recente iniciativa “No Banco da Minha Escola”, promovida pela Associação Portuguesa de Bancos e direccionada a alunos do 3.º ciclo e ensino secundário de escolas de todo o país.
Nesta iniciativa, colaboradores do grupo participam em regime de voluntariado, partilhando conhecimentos fundamentais sobre o funcionamento do sistema bancário, a importância da poupança e do investimento responsável, entre outros temas. «É uma forma de preparar os jovens para se tornarem cidadãos mais conscientes e informados», afirma a interlocutora do Crédito Agrícola.
PROXIMIDADE AO SECTOR AGRÍCOLA
O Crédito Agrícola tem vindo a desenvolver parcerias com organizações como a Climate Farmers para apoiar práticas sustentáveis no sector agrícola. Filipa Saldanha explica que o objectivo é ajudar os clientes empresariais a fortalecer a resiliência das suas culturas agrícolas, tanto em termos ambientais como financeiros.
Uma das iniciativas destacadas é a promoção de acções de formação sobre agricultura regenerativa, uma abordagem que integra a gestão e conservação dos sistemas agrícolas. «Esta metodologia considera factores como a saúde dos solos, permitindo aumentar a fertilidade dos terrenos, a rentabilidade das explorações e a resiliência das actividades face a eventos climáticos extremos», afirma.
A primeira edição da parceria, financiada integralmente pelo Crédito Agrícola, inclui formações práticas para clientes de três subsectores: Produção de Vinhos e Viticultura, Culturas Arvenses e Produção de Azeite e Olivicultura.
O Crédito Agrícola pretende ainda manter o apoio a entidades e projectos alinhados com os seus valores, concentrando-se em quatro áreas prioritárias: desporto, cultura, inovação e sustentabilidade. Filipa Saldanha destaca que este tipo de patrocínios reforça o compromisso do grupo com o desenvolvimento social e económico das comunidades onde está presente.
Além disso, reforça o papel fundamental do patrocínio a feiras, consideradas «um importante veículo de aproximação ao sector primário e de dinamização das economias locais». Esta vertente continuará a ser uma prioridade no roteiro de impacto do grupo nos próximos anos.
ENVOLVIMENTO INTERNO
O envolvimento dos colaboradores do Crédito Agrícola em iniciativas de sustentabilidade e responsabilidade social é uma prioridade estratégica do grupo. A directora de Sustentabilidade afirma que este envolvimento não só reforça a execução da estratégia de sustentabilidade, como também promove o sentido de pertença à organização e um maior conhecimento dos desafios sociais e ambientais.
Os colaboradores são incentivados a participar em diversas acções ao longo do ano. Um exemplo recente é a parceria com a ONG “Just a Change”, no âmbito do combate à pobreza energética. «Com o apoio financeiro e a participação de um grupo de voluntários do Crédito Agrícola, esta iniciativa permitirá recuperar e melhorar a eficiência energética de mais de 50 casas de famílias financeiramente desfavorecidas, de norte a sul do país.»
Neste final de ano, o Crédito Agrícola e as suas Caixas Associadas estão a promover várias iniciativas de apoio à comunidade e a organizações locais. Filipa Saldanha destaca a Campanha Solidária anual do Núcleo Motard do Centro de Cultura e Desporto do CA, uma acção organizada pelos próprios colaboradores, que consiste na recolha de donativos entre membros do Núcleo, familiares e amigos. O valor angariado será utilizado para adquirir artigos necessários para cinco associações de solidariedade social e ajuda animal, que serão entregues pessoalmente.
O grupo também apoia a campanha solidária “Agridoar”, que envolve o sector agrícola, agro-industrial e florestal, com o objectivo de beneficiar quem mais necessita. «Através de recursos financeiros, alimentos e outros bens, esta iniciativa apoia diversas associações e instituições de caridade», explica a responsável.
Além disso, no Natal, o Crédito Agrícola organiza uma festa para todos os colaboradores da Caixa Central e das empresas do grupo, e também promove iniciativas para os seus filhos e netos.
NET ZERO STORIES
A mini-série documental “Net Zero Stories” foi lançada recentemente e já recebeu feedback muito positivo de clientes, parceiros, consultoras e profissionais da área de sustentabilidade de outros bancos. Filipa Saldanha revelou que a iniciativa tem despertado interesse e, para uma possível segunda temporada, já existem empresas interessadas em divulgar as suas acções na área da descarbonização. «Temos algumas surpresas preparadas», adiantou. A directora de Sustentabilidade do Crédito Agrícola destacou ainda a importância de partilhar casos reais e práticos como forma de inspirar outras empresas a avançarem no seu percurso rumo à descarbonização e a adoptarem medidas mais sustentáveis.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Sustentabilidade e responsabilidade social”, publicado na edição de Dezembro (n.º 341) da Marketeer.