COVID-19 é o novo inimigo da reciclagem: desperdício de plástico acelera
Embora sejam frequentes as notícias sobre como os níveis de poluição caíram desde que o novo coronavírus se transformou em pandemia, há outro lado menos positivo que poderá estar a ser ignorado. Grande parte dos materiais necessários para combater o COVID-19 é de utilização única, nomeadamente máscaras e luvas. A isto juntam-se as torneiras abertas enquanto as mãos são lavadas durante pelo menos 20 segundos, várias vezes por dia.
Segundo a edição norte-americana da revisa Forbes, há também players da indústria do plástico a aproveitar o medo e a incerteza em torno da pandemia para adiar medidas ambientais que visam precisamente a redução da poluição provocada pelo plástico. Justificam a utilização de sacos descartáveis, por exemplo, como forma de prevenção.
Em Portugal, a questão também se impõe. Em Lisboa, por exemplo, a Câmara Municipal deixou de fazer a recolha selectiva porta-a-porta, o que significa que os moradores que quiserem reciclar terão de se deslocar até ao contentor mais próximo.
No campo dos supermercados, o Continente deixou de recolher os sacos de plástico entregues em encomendas online anteriores. Cabe também aos consumidores assegurarem que o destino dos mesmos é o ecoponto amarelo.
Já nos Estados Unidos da América, alguns supermercados e lojas estão mesmo a proibir os consumidores de levarem os seus próprios sacos reutilizáveis, obrigando-os a transportar as compras em sacos de plástico descartáveis. Mas será esta, de facto, a melhor opção para combater a propagação do vírus? Um estudo publicado no The New England Journal of Medicine indica que o coronavírus poderá persistir mais tempo no plástico do que noutros materiais – como o cartão, por exemplo.
Cientistas da Ocean Conservancy, citados pela mesma publicação, mostram-se preocupados com este recuo e suspensão temporária das medidas de promoção de um Mundo mais sustentável. Temem que o temporário possa passar a permanente e que todos os esforços até agora tenham sido em vão.