Continente corta 200 toneladas de açúcar nos seus produtos
Foram 200 toneladas de açúcar, 47 toneladas de sal e 25 toneladas de gordura que foram cortadas de 60 produtos de marca própria Continente e que não entraram na alimentação dos portugueses este ano. Os dados foram avançados esta manhã por Ana Alves, directora Comercial Marcas Próprias Continente, que garante que ser activa na promoção da alimentação saudável dos portugueses é o propósito da marca. «Queremos ajudar a tomar decisões que tenham impacto na vida dos consumidores», garantiu.
Com esse foco e no seguimento de trabalhos anteriores que a marca tem vindo a desenvolver nos últimos anos – lançamento da Área Viva, do semáforo nutricional, da gama Continente Equilíbrio, da conferência Portugal Saudável e da Roda da Alimentação em estreita colaboração com Catarina Furtado – a marca própria do Continente entendeu que não podia ficar por aí. Até porque, lembra Mayumi Delgado, Nutricionista do Continente, em Portugal continuamos com valores preocupantes: «5,9 milhões de portugueses têm excesso de peso (30,7% das crianças têm excesso de peso e obesidade) e três em cada dez portugueses têm hipertensão arterial.» A profissional sublinha que os portugueses continuam com uma alimentação desequilibrada. «Não consumimos o que devemos de frutas e legumes e consumimos em excesso sal, gorduras e açúcares.» E os números da Organização Mundial de Saúde não a deixam mentir: cada português consome por dia 7,4 gramas de sal e 84 gramas de açúcar quando os valores máximos deviam ficar pelos 5 gramas de sal e 50 gramas de açúcar.
Foi neste contexto que o Continente entendeu que não podia limitar-se a ter no seu portefólio de produtos uma marca mais equilibrada – a Continente Equilíbrio -, mas que devia estender essa preocupação a toda a gama de marca própria alimentar onde existe sal, açúcar ou gordura.
«Mapeámos todos os produtos da nossa oferta e identificámos 60 produtos que escolhemos para reduzir. Não são necessariamente aqueles que têm maiores quantidades de sal, açúcar ou gorduras, mas aqueles que os consumidores identificam como saudáveis, de que são exemplo as sopas e os iogurtes. E são os que entram mais nas nossas casas e que chegam a mais consumidores», explica Ana Alves. Nas sopas foram feitos dois movimentos: um de redução para que o consumidor fosse habituando o seu paladar e o outro passou por oferecer uma alternativa sem sal procurando receitas que recorrendo a especiarias conseguiram dar sabor à sopa, ou seja, não tem sal mas tem sabor. Nos iogurtes, o trabalho foi feito com os líquidos e com os gregos. Nos líquidos foram consumidas menos 95 toneladas de açúcar. «O segredo está na fruta porque volta a saber a fruta», garante a responsável. Já os gregos levaram menos 25 toneladas de gorduras às casas dos portugueses, mas aqui o desafio é, garante a marca, a textura. «Vamos continuar a reduzir, mas precisamos de ter alternativas para dar a textura», explica Ana Alves.
A bolacha Maria – sim, aquela que é a primeira bolacha que muitos portugueses dão aos seus filhos e que lhes estreia o palato – foi também abrangida nesta primeira leva de redução e representou menos 70 toneladas de açúcar na alimentação dos portugueses. «Já fizemos esta redução e o consumidor não sentiu.»
Outro produto alimentar muito procurado pelos consumidores são as batatas fritas e, nesse caso, foram reduzidas as quantidades de sal em quatro toneladas este ano. Já no que à polpa de tomate respeita, houve uma redução de 40 toneladas de sal nos produtos da marca própria.
«Estamos hoje a alertar o consumidor para um movimento que já fizemos. Fizemos muitos testes com os consumidores para garantir que o consumidor regular não sentia esta mudança. Estamos a conseguir influenciar o consumidor sem que ele perceba», sublinha Ana Alves. E, garante, a redução de 200 toneladas de açúcar não significa que estavam carregados de açúcar. É uma questão de escala. «Nós vendemos muitos iogurtes! É uma alteração subtil em cada produto, mas o total é o somatório de muitos produtos.» Certo é que este é um trabalho que o Continente não dá por terminado, mas encara como um processo em continuidade, havendo mais produtos que a qualquer momento poderão ver as suas receitas alteradas no sentido de reduzir sal, açúcar e gorduras.
Texto e fotos de Maria João Lima