Consumidores mudam comportamentos para escapar à inflação. Refeições fora são o primeiro corte

Os actuais níveis de inflação, os mais elevados das últimas décadas, desencadearam uma onda de “ansiedade da factura”, levando um em cada três europeus a afirmar que não terá dinheiro suficiente para pagar as suas contas de serviços essenciais nos próximos 12 meses.

A conclusão é de um estudo da Intrum, que revela que a maioria dos consumidores inquiridos já está a mudar a forma como gasta o seu dinheiro. Os dados revelam que mais de oito em cada dez inquiridos europeus demonstram preocupação face ao impacto do aumento dos preços dos bens alimentares e da energia no seu bem-estar financeiro.

«Após longos anos de inflação baixa e de fraca política monetária, a subida dos preços e o aumento das taxas de juro tornaram os consumidores europeus profundamente pessimistas quanto ao futuro. Muitos consumidores que não foram severamente afectados durante a pandemia estão hoje a sentir as consequências. Os choques de custos terão naturalmente um impacto significativo nos padrões de despesa dos consumidores, com riscos acrescidos de incumprimento para facturas de menor prioridade», revela , em comunicado, Andrés Rubio, CEO da Intrum.

Os consumidores que estão a mudar o seu comportamento estão a cortar nas refeições fora, o que é uma má notícia para o sector da hotelaria e outros que estavam a começar a recuperar a sua posição após as dificuldades sentidas com a pandemia da Covid-19. Os consumidores mais jovens estão a sentir um impacto particular nas suas vidas sociais e são mais propensos a usar o buy-now/pay-later (BNPL) para cobrir o custo crescente. De acordo com a Intrum, 31% dos europeus da Geração Z, que estão no final da adolescência e na casa dos vinte anos, dizem que o fazem cada vez mais.

A análise demonstra ainda que mais de metade dos inquiridos acredita que uma inflação elevada irá durar anos, apesar da intervenção governamental, sugerindo pouca fé na capacidade dos seus líderes em controlar os preços. As incertezas económicas estão também a causar a preocupação de uma maioria (seis em cada 10 dos inquiridos), de que não estão a poupar o suficiente para o futuro e não serão capazes de se reformar confortavelmente.

Uma forma de os consumidores combaterem as perspetivas sombrias das suas finanças pessoais é aumentar os rendimentos domésticos, e três em cada 10 inquiridos indicam que em breve irão pedir um aumento salarial. Uma resposta que sobe para 41% entre os inquiridos com crianças pequenas.

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