Comunicação Interna ainda se divide entre equipas de Comunicação, Marketing e Pessoas em 54% das empresas portuguesas

A pandemia da Covid-19 foi um importante impulsionador da Comunicação Interna. Cerca de 56% das empresas reconhece que esta teve uma grande importância durante este período e 68% afirma ter mudado a forma como comunica com os seus colaboradores.

A conclusão é do estudo “Communicate to Thrive”, elaborado pela Mercer Portugal, que inquiriu mais de 70 organizações presentes em Portugal, de sectores distintos, como indústria, saúde, serviços, retalho, turismo, energia ou tecnologia, na sua maioria com até 5 mil colaboradores, 55% das quais multinacionais.

A análise sublinha também que o investimento em Comunicação Interna pode trazer vantagens competitivas e melhorar o posicionamento da empresa, diminuindo gaps de comunicação entre equipas e reduzindo custos operacionais.

Ao nível da comunicação, as principais mudanças apontadas após a pandemia são uma maior consciencialização para temas como o trabalho híbrido, a literacia digital, o bem-estar, entre outros (68%), um aumento de canais de comunicação (58%), um aumento da comunicação inter e intra-equipas (46%) e uma maior frequência na comunicação da Direcção com todos os colaboradores (40%).

Em linha com estes dados, o estudo revela uma crescente digitalização da Comunicação Interna. O e-mail é o canal de comunicação a que as empresas mais recorrem, sendo a rapidez e o facto de ser utilizado por todos os colaboradores os principais motivos que justificam esta preferência. A intranet é mencionada em segundo lugar, tendo a segurança enquanto factor predominante. Seguem-se as plataformas digitais, que têm um destaque particular nas empresas com menos de mil colaboradores, sobretudo devido à sua eficácia. Seguem-se a newsletter e os manuais de acolhimento.

Os dados revelam também que as empresas em Portugal têm ainda um longo caminho a percorrer, sendo que em 54% das empresas a Comunicação Interna é uma responsabilidade dividida entre as equipas de Comunicação, Marketing e Pessoas.

Assim, torna-se fundamental profissionalizar o papel da Comunicação Interna, nomeadamente através do report directo ao CEO e de fluxos bem definidos, salienta a análise. De acordo com os resultados, seis em cada dez responsáveis de Comunicação Interna reportam directamente ao CEO, sendo que destes apenas dois consideram que a empresa atribui um nível de importância elevado à Comunicação Interna.

Quando questionadas acerca dos objectivos que pretendem alcançar ao apostar na Comunicação Interna, as empresas destacam o aumento do sentimento de pertença e do trabalho com propósito e engagement, bem como a melhoria da experiência do colaborador. Neste sentido, o estudo destaca enquanto principal desafio da Comunicação Interna o estabelecimento de um vínculo emocional com os colaboradores e a sua mobilização para a acção.

Recomendações:

  • as empresas devem integrar a Comunicação Interna na sua estratégia de comunicação global. É importante compreender que a Comunicação Interna não é apenas um assunto de quem o trabalha, mas sim um tema que impacta os diferentes stakeholders de uma empresa, daí a importância de ser trabalhado de uma forma integrada.
  • é essencial apostar numa comunicação mais humana e à imagem dos diferentes grupos de colaboradores. Uma estratégia de comunicação mais humana e centrada nas Pessoas ajuda as empresas a construírem relações mais fortes. Para isso, é essencial definir targets para a comunicação de acordo com os diversos públicos-alvo e capacitar as lideranças, que assumem um papel central no envolvimento dos colaboradores.
  • a Comunicação Interna actua enquanto enabler da estratégia da empresa, nomeadamente em processos de mudança. Quando os colaboradores compreendem o que é esperado de si e o porquê da mudança que se pretende implementar, verifica-se um maior compromisso.
  • formar e disponibilizar recursos para que os colaboradores desenvolvam competências como a escuta ativa, empatia e comunicação com impacto, de forma a envolver, motivar e alinhar as equipas.
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