Comprar uns sapatos online e calçá-los duas horas depois

Por Pedro Vasconcelos, co-founder da Batch

Em 2020, e muito devido à pandemia, a penetração do e-commerce teve o maior crescimento dos últimos 18 anos, diz-nos o INE. Este crescimento deve-se, não só ao fecho dos estabelecimentos, mas também à segurança que o estar em casa traduz.

Esta transição brusca do comércio offline para o digital veio colocar uma enorme pressão nas operações dos retalhistas  que não estavam preparados para o aumento de volume de vendas e teve como consequência o aumento significativo do tempo de entrega das suas encomendas – mais habituados a compras instantâneas (offline) acompanhadas da experiência de loja, a nova realidade de encomendas que demoram dias ou semanas a chegar não satisfez os consumidores que procuravam uma solução para este problema. Desta forma, para muitas marcas houve uma rotura no comodismo das encomendas online. Tudo porque nos tornámos mais exigentes e esperar deixou de ser… cómodo.

Mas porque é que isto acontece?

Na grande maioria dos casos, a preparação das encomendas é feita de forma centralizada, num armazém, longe dos centros urbanos e do consumidor final. Consequentemente 1) torna-se mais complexo reduzir tempos de entrega, 2) há uma capacidade finita de preparação, 3) há uma maior emissão de C02 na atmosfera.

A procura a aumentar acelerou a transição para novos modelos logísticos e operacionais que permitem aos retalhistas garantirem uma maior proximidade dos seus consumidores. O que a Amazon e Inditex têm vindo a fazer há muito tempo vemos agora empresas de todos os sectores e tamanhos a procurar soluções para descentralizar o seu fulfillment e preparar encomendas em vários pontos geográficos em simultâneo,tirando proveito de infra-estrutura estrategicamente posicionada (nas suas lojas ou darkstores) para 1) conseguirem tempos bastante competitivos de click-to-door, 2) aumentar a sua capacidade de produção e 3) reduzirem a sua pegada carbónica.

Não vem de hoje a procura por tempos de entrega reduzidos e com consumidores cada vez mais exigentes (+50% da Generation Z espera ter pelo menos Same Day delivery quando compra online), as marcas que não colocarem como prioridade este focus na proximidade vão acabar por perder competitividade.  Não se pode exigir às empresas especializadas numa específica indústria que tenham o know how logístico necessário para dar esta resposta. Logo, a necessidade de novos parceiros que resolvem este problema, satisfazendo da melhor forma os consumidores que compram online,  e tornando realidade a possibilidade de encomendar um par de sapatos online e calçá-los 2h depois, era sem dúvida urgente.

Numa altura em que sentimos que o tempo passa cada vez mais devagar, o facto de podermos ter um pedaço de normalidade – a compra, quase, “instantânea” – é um sinal de inovação dos tempos. Uma inovação que iria demorar mais uns anos a chegar mas que a pandemia acelerou fazendo com que se tornasse na regra número 1 das compras online: o tempo de entrega.

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