Como a Covid-19 influencia as encomendas em Portugal?

As medidas impostas no âmbito da Covid-19 colocaram os portugueses mais predispostos para o e-commerce, levando as transportadoras a aumentar o seu volume de trabalho.

No que diz respeito à distribuição de encomendas, os CTT verificaram um crescimento em algumas categorias, mas uma redução noutras. «Há um forte crescimento nos produtos essenciais (higiene, saúde e alimentação) e em consumíveis, material informático e livros, muito alavancado pela oferta de e-commerce já existente. Por outro lado, verifica-se uma redução no retalho, devido ao encerramento das lojas, e no sector automóvel, pela diminuição da procura», afirma Miguel Salema Garção, director de Comunicação e Sustentabilidade dos CTT.

O responsável explica que há uma grande dinâmica no sector alimentar, electrónica de consumo e artigos de lazer/desporto. «Tratam-se de categorias coerentes com o período pelo qual todos estamos a atravessar, sendo a proveniência quer nacional quer internacional», afirma.

Os CTT criaram também, em parceria com o Governo, o serviço Criar Lojas Online, oferta que permite que as PME ligadas ao retalho ou venda de bens físicos construam lojas online. «Neste serviço, as principais categorias das lojas, por ordem decrescente são, o vestuário e calçado, produtos casa e decoração, produtos alimentares, equipamento electrónico e informático, livros e filmes, higiene e cosmética», refere Miguel Salema Garção.

Estes novos desafios do mercado foram também sentidos pela DPD (empresa que resulta da fusão entre a Chronopost e a Seur). Registou, desde o início da pandemia, uma rápida evolução na diminuição dos fluxos B2B (Business2Business) com o fecho das lojas de rua e nos centros comerciais. Mas, em contrapartida, assistiu-se a um acréscimo significativo do B2C (Business2Consumer), sobretudo para bens essenciais. «Porque mais pessoas passaram a estar em casa, e tiveram de evitar sair para efectuar algumas compras, o recurso acabou por ser o da oferta disponível no e-commerce», afirma Olivier Establet, CEO da DPD Portugal.

O responsável refere que os portugueses estão a encomendar, sobretudo, os bens considerados essenciais, nomeadamente tudo o que tem a ver com alimentação e artigos de electrónica. «Não nos podemos esquecer que o teletrabalho e a permanência dos alunos em casa, dado o encerramento das escolas, tem obrigado a que as famílias se preparassem para poderem continuar a desempenhar as suas actividades em casa, logo a encomendarem produtos em que, noutra ocasião, comprariam directamente nas lojas físicas», explica.

Preparadas para maior procura

A DHL Express Portugal é outra das transportadoras que disponibiliza um serviço porta-a-porta, ainda que esteja essencialmente vocacionada para o transporte expresso internacional de encomendas e documentos. Apesar de não divulgar informações em termos de número de encomendas e volumes de cargas, assegura que está a operar na sua capacidade plena.

«Podemos afirmar que a DHL Express está operacional em todo o território português e que mantemos toda a nossa estrutura a trabalhar, quer em regime de smartworking, quer na linha da frente das operações e recepções. O nosso propósito e os nossos valores enquanto empresa levam-nos a colocar o bem-estar e a segurança dos nossos membros, dos nossos parceiros, dos nossos clientes e das nossas comunidades em primeiro lugar», afirma José António Reis, director-geral da DHL Express Portugal.

No caso dos CTT, ainda que o número de encomendas tenha aumentado, Miguel Salema Garção assegura que os CTT estão em constante actualização da procura para adaptar a sua capacidade operacional, não tendo sentido necessidade até ao momento de reforçar equipas. «E podemos ainda aumentar a capacidade se for necessário porque adaptaremos a operação a esse aumento», sublinha.

O CEO da DPD também refere que a procura pelos serviços aumentou, devido ao número de empresas que iniciaram o seu processo de venda online durante a pandemia. Para fazer face ao crescimento da actividade, a DPD reforçou as equipas de distribuição e atendimento ao cliente.

Esforço para cumprir prazos de entrega

A procura é maior, as empresas prepararam-se para fazer frente aos desafios mas… e os prazos de entrega, mantêm-se? Apesar do maior volume de encomendas, Miguel Salema Garção assegura que «os CTT estão a manter o cumprimento dos níveis de serviço acordados com os seus clientes».

O CEO da DPD refere que, actualmente, as entregas que que dependam de serviço aéreo estão muito condicionadas, dadas as restrições impostas às companhias. «Estamos a cumprir de uma forma geral com os prazos de entrega habituais, podendo ocorrer, pontualmente e em alguns locais, ligeiros atrasos tendo em conta os constrangimentos com os quais somos confrontados no dia-a-dia», explica.

José António Reis afirma que, em alguns países e regiões afectados e com restrições de circulação, a rede DHL está a sofrer ligeiros atrasos. Por essa razão, a companhia actualiza permanentemente os clientes sobre o estado da sua rede.

Texto de Rafael Paiva Reis

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