Começar de novo
M.ª João Vieira Pinto
Directora de Redacção Marketeer
Janeiro é mês de recomeço. No caso da Marketeer, até é duplo. Não só marca o início do ano, como nos dita o aniversário – 23 anos, neste caso.
Estamos mais que adultos. Em jeito de malas feitas à saída da universidade, mas com a vontade redobrada de querer continuar a aprender. Todos os dias, ou não estivesse o mercado editorial e de Media em fase de desafios imensos.
Sempre que fazemos anos, gostamos de partilhar páginas e dar mais voz e texto a quem, de uma forma ou de outra, já se cruzou connosco. Numa época em que palavras como empreendedorismo ou startups andam de mãos dadas com apps ou networks, fomos procurar saber até que ponto o último ano foi moldado pela entrada de alguma nova marca. Um produto ou serviço que tenha chegado e conquistado o seu espaço ao ponto de – e no caso de um jamais desejado tsunami – não se querer largar. Falámos com actores, escritores, políticos, chefs, pintores, artistas, gente da rádio e da televisão. O resultado é que, ao contrário do que até podíamos supor, não há vencedores nem vencidos. Há marcas digitais que se levam no bolso e que já não se dispensam, pelo conforto com que simplificam serviços e nos resolvem processos em segundos de ligação ao ecrã. Mas há quem se mantenha fiel a referências de sempre, físicas, palpáveis.
Entre todas as respostas que nos chegaram há, contudo, um ponto em comum: a experiência ou memória que a marca gera. Essas, e só essas, é que não se querem largar (como a Marketeer, esperamos, também)!
No dia em que escrevo este Editorial, Cristina Ferreira, a mais mediática, marketeira e personal-brand-apresentadora da (agora) SIC, estreava o seu novo programa. Até aí, tudo pacífico, excepto as unhas roídas à espera de audiências, perdas e conquistas. E, sim, mais uma vez, Cristina ganhou. Mas, o que elevou mais ainda o programa daquela que foi a maior contratação de sempre da estação de Carnaxide foi o telefonema. Marcelo Rebelo de Sousa, o próprio, entrou em directo para desejar felicidades. As críticas não tardaram, os comentários nas redes menos ainda, o turbilhão de histórias, posts e conversas cresceu em onda gigante. Por aqui, e por mim, só há duas dúvidas que levanto:
– Marcelo, a pessoa por detrás do político, pode fazer os telefonemas que quiser; Marcelo, o presidente, precisava desta exposição?
– Marcelo foi julgado, criticado, comentado e sujeito a “crucificação” social; mas, e se tivesse sido Barack Obama a telefonar a Oprah Winfrey, teríamos reagido da mesma forma? Afinal, qual é o peso e valor de cada marca pessoal?
Um bom ano e boas leituras, que nós por cá prometemos continuar a preparar grandes edições para os próximos meses!
Editorial publicado na revista Marketeer n.º 270 de Janeiro de 2019.