Coleção Guardi da Gulbenkian exposta no Thyssen de Madrid até maio

A coleção de 19 obras do pintor veneziano Francesco Guardi da Fundação Gulbenkian, a maior do mundo, está desde hoje em exposição no Museu Thyssen de Madrid, onde ficará até 11 de maio deste ano.

A exposição “Guardi e Veneza na coleção do Museu Gulbenkian”, que hoje de manhã abriu ao público em Madrid, inclui ainda um quadro do filho de Francesco Guardi, Giacomo Guardi, também da Gulbenkian.

A mostra completa-se com uma obra de Canaletto (1697-1768) que serviu de inspiração a Francesco Guardi (1721-1783) e que pertence à coleção Thyssen-Bornemisza.

Francesco Guardi foi “o último dos grandes pintores venezianos” e, apesar de “talvez não ter a popularidade que merece”, como acontece com Canaletto, e depois de ter sido “pouco apreciado em vida”, é atualmente considerado “um dos melhores pintores” da sua época, realçou hoje o diretor artístico do Museu Thyssen-Bornemisza, Guillermo Solana, na inauguração da exposição de Madrid.

O artista veneziano é o pintor mais representado na coleção de arte que comprou o próprio Calouste Gulbenkian, que adquiriu o conjunto de obras de Francesco Guardi entre 1907 e 1921.

As obras de Guardi integram a exposição permanente do Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde têm uma sala própria, o que sublinha a excecionalidade desta mostra em Madrid e colocou algumas dificuldades à sua concretização, como reconheceu o diretor do Museu Calouste Gulbenkian, António Filipe Pimentel, que esteve hoje também no Thyssen-Bornemisza.

Tanto António Filipe Pimentel como Guillermo Solana destacaram a colaboração “de muitos anos” entre os dois museus, que tem incluído empréstimos mútuos regulares e de “obras que normalmente não se emprestam” ou a coorganização de exposições.

Entre outubro do ano passado e 13 de janeiro último, esteve na Gulbenkian, em Lisboa, uma exposição com mais de 50 obras que celebram a ligação de mestres da pintura do século XVIII à arquitetura única da cidade de Veneza, como Canaletto e Guardi e que resultou, precisamente, de uma colaboração entre os dois museus.

Intitulada “Veneza em Festa. De Canaletto a Guardi”, aquela exposição integrou pinturas de artistas da época como Canaletto, Francesco Guardi, Giambattista Tiepolo e Bernardo Bellotto.

O Museu Gulbenkian contribuiu com as 19 obras de Francesco Guardi que possui, enquanto o Museu Thyssen levou para a exposição em Lisboa um conjunto de obras de outros mestres venezianos, incluindo Canaletto, Michele Marieschi, Pietro Longhi e Giambattista Piazzetta.

Hoje, “em reciprocidade”, chegou a Madrid “a coleção integral dos famosos Guardi do Museu Calouste Gulbenkian”, afirmou Guillermo Solana.

A par da exposição das 21 obras, haverá no Thyssen, entre março e abril, uma série de atividades paralelas e complementares, como três conferências e um concerto, em colaboração com a Embaixada de Portugal em Espanha.

O embaixador português em Madrid, João Mira Gomes, destacou hoje o papel fundamental da cultura na “missão de aproximar os povos e os públicos” de Portugal e Espanha, congratulando-se com o exemplo da colaboração entre “duas instituições fundamentais” nos dois países, a Gulbenkian e o Thyssen-Bornemisza.