Centros comerciais não têm os dias contados: retalho continua a recuperar em 2022

Uma análise da consultora imobiliária global Savills demonstra que, embora o investimento em retalho na Europa tenha vindo a diminuir ao longo dos últimos cinco anos, certos mercados, como o do Itália e dos países nórdicos, registaram sinais de recuperação. Reino Unido, Alemanha e França captaram 72% do total de investimento em retalho feito na Europa em 2021, com os volumes de negócio no sector a superar os de 2020.

Os dados demonstram que o segundo trimestre do ano passado registou um investimento de 6,9 mil milhões de euros, um valor 18% acima do mesmo período de 2020. Os terceiro e quarto trimestres de 2021 também ficaram acima dos períodos homólogos do ano anterior, com subidas respectivas de 38% e 34%. Nos últimos três meses de 2021, verificou-se um investimento de cerca de 11 mil milhões de euros em activos imobiliários de retalho na Europa.

Os retail parks e instalações de armazenamento dedicadas ao retalho representaram mais de 30% do total de investimento feito no sector em 2021, um aumento face à média de 20% dos últimos cinco anos. Os supermercados e hipermercados, por sua vez, representavam cerca de 7% do investimento em retalho entre 2013 e 2019. Contudo, em 2020 e 2021 essa taxa aumentou para 20% e 17%, respectivamente.

Por outro lado, o segmento dos centros comerciais tem vindo a cair, à medida que o comércio online ganha tracção e as incertezas sobre o futuro se mantêm relativamente aos formatos físicos de retalho. Em 2013, os centros comerciais representavam 41% do total de investimento, mas em 2021 esse peso caiu para 17%.

Ainda assim, e apesar da ascensão do comércio online, os centros comerciais não têm os dias contados, assegura o estudo. Calcula-se que 72% das compras continuem a ser feitas em lojas físicas e que o poder de compra dos consumidores na Zona Euro cresça 4,2% este ano e 2,4% em 2023, o que deverá aumentar a confiança dos consumidores e potenciar a abertura de novos espaços.

Na sua trajectória de adaptação aos novos tempos, os centros comerciais vão também procurar diversificar ainda mais a oferta disponibilizada aos clientes, com a adição de novos serviços e lojas, como clínicas, serviços e espaços de cowork, embora os sectores de alimentação e conveniência continuem a dominar.

«A pandemia acelerou mudanças nos padrões de consumo – mudança de hábitos e estilo de vida, maior relevância digital, entregas ao domicílio, valorização da sustentabilidade –, exigindo que o mercado se adapte a essas mudanças. Proprietários e investidores que melhor compreenderem estas alterações poderão dispor de uma oferta mais relevante que vá ao encontro das novas necessidades dos operadores e dos consumidores. É expectável uma recuperação de todos os sectores, que estão já em plena actividade, sendo o factor crítico de sucesso a capacidade de adaptação às novas necessidades do mercado», salienta, em comunicado, José Galvão, Retail Associate director da Savills Portugal.

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