Caro cliente: a comunicação não é um favor que lhe fazemos. É um ativo que deve proteger

OpiniãoNotícias
Daniel Almeida
16/11/2025
20:03
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16/11/2025
20:03


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Por Soraia Pedroso da Costa, CEO & founder da SoraiaPedroso Boutique de Comunicação

Custa-me escrever isto. Mas custa ainda mais ver como a comunicação continua a ser tratada – mesmo por quem devia protegê-la. Todos os dias, chegam briefings em cima da hora, estratégias construídas em improviso e expectativas que pedem resultados sem dar tempo para os construir. Continuamos a assistir, vezes demais, à comunicação a ser encarada como um favor. Como algo que se pede “quando der”, “se der” ou “se for preciso”.

Como se comunicar fosse um extra. Um post bonito para publicar, um PR de última hora para remediar o que não se pensou antes. Uma solução rápida para tapar buracos – em vez de uma construção contínua, pensada e alinhada com objetivos reais. Não é.

Spoiler: comunicar não é um acessório. É a base que sustenta tudo o que uma marca quer ser, parecer e alcançar. E é, tantas vezes, o que distingue quem sobrevive de quem lidera.

A comunicação é um ativo. Um dos mais importantes que uma marca pode ter. E o que fazemos – quem trabalha nesta área com consistência e visão – é cuidar desse ativo. É construir reputação. Criar perceção. Gerar influência. É proteger e amplificar uma marca quando ela tem algo a dizer – e até quando ainda não sabe como o dizer. Porque não é só o que se diz. É o que os outros entendem. E, mais do que isso, é o que os outros passam a acreditar.

O problema é que, muitas vezes, só se dá valor à comunicação quando ela já não está lá. Quando o nome não aparece. Quando as vendas não disparam. Quando surge uma crise e ninguém sabe o que dizer. Quando se percebe, tarde demais, que reputação não se compra – constrói-se. E leva tempo. Não se faz com pressa. Nem por impulso. E, sobretudo, não se faz sozinha. Precisa de confiança mútua, de escuta ativa e de espaço para pensar antes de agir.

Este texto não é só um desabafo – é um apelo. A quem lidera marcas, equipas ou empresas: parem de olhar para a comunicação como uma função tática e passageira. Parem de a ver como algo que se liga e desliga conforme a faturação ou a agenda do CEO, porque não é isso que constrói relevância. E, quando isso acontece, quem perde é a marca.

E, sim, sei que o mercado exige rapidez. Que os orçamentos são limitados. Que os desafios mudam todos os dias. Mas também sei – e acredito profundamente – que nenhuma marca cresce de forma sustentável sem uma narrativa coerente, uma presença consistente e uma comunicação que acompanhe a visão do negócio.

A comunicação não existe para decorar. Existe para pensar. Para posicionar. Para traduzir em palavras aquilo que as marcas fazem todos os dias – ou que gostariam de fazer, mas ainda não conseguem. E só funciona quando é feita com intenção, com proximidade e com estratégia.

A comunicação não é o fim. Mas pode – e deve – ser o motor. Quando bem feita, não é apenas visibilidade – é influência. Não é só alcance – é relevância.

Por isso, sim: nós, comunicadores, também temos de dizer estas coisas em voz alta. Porque não basta saber fazer – é preciso lembrar porquê. E defender o valor daquilo que fazemos. Porque comunicar não é um favor que lhe fazemos. É o que fazemos para que o mundo o leve a sério. E isso, convenhamos, vale muito mais do que parece.




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