“Carne falsa” ainda tem espaço para crescer? Vendas abrandam

No espaço de alguns meses, as prateleiras e arcas frigoríficas dos supermercados encheram-se de produtos alternativos à carne tradicional. Com base em ingredientes de origem vegetal, multiplicaram-se as opções da chamada “carne falsa”, ou seja, com um sabor e textura semelhantes à carne de vaca, frango ou porco, mas que não contém qualquer elemento animal.

Mas teremos chegado ao pico deste tipo de alimentos? O Financial Times dá conta de um abrandamento do crescimento do sector, que terá até apanhado os líderes das empresas desprevenidos. Depois de uma entrada em bolsa bem-sucedida por parte da Beyond Meat – uma das principais empresas do sector –, em 2019, as vendas de produtos de “carne falsa” cresceram apenas cerca de 50%.

Emiko Terazono, correspondente do Financial Times, considera que um dos problemas é o sabor: «Experimentei muitas coisas disponíveis no mercado e tenho sido desiludida», conta, sublinhando que muitas pessoas mostraram entusiasmo por estas alternativas numa fase inicial devido às alterações climáticas e à crise ambiental. Queriam fazer o que estava certo, mas nem todas terão encontrado soluções à medida dos seus gostos.

Além disso, os ingredientes nem sempre são apelativos: «Ao falar com analistas, algumas pessoas disseram que, se compramos muitos destes produtos e depois tivermos oportunidade de ler os rótulos com cuidado, vemos estes ingredientes e nomes de que nunca ouvimos falar antes. Coisas como metilcelulose.»

A resposta pode estar na inovação, que requer investimentos avultados. Investimentos que poderão não estar ao alcance de empresas de dimensão mais reduzida como a Beyond Meat ou a Impossible. Players já estabelecidos noutros sectores, como a Nestlé, por outro lado, poderão ter os recursos necessários para explorar outras alternativas.

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