Café, um acto de amor

Rui Miguel Nabeiro, CEO do Grupo Nabeiro – Delta Cafés, assumiu, no passado mês de Março, a presidência da International Coffee Partners (ICP), uma organização sem fins lucrativos formada por oito empresas familiares europeias de café. Todas as empresas da ICP – Delta Cafés, de Portugal, Franck, da Croácia, Paulig, da Finlândia, Joh. Johannson, da Noruega, Löfbergs, da Suécia, Lavazza, de Itália, Neumann Kaffee Gruppe, da Alemanha, e a Tchibo, da Alemanha – reconhecem nesta iniciativa o benefício de trabalharem em conjunto numa base pré-competitiva, unindo forças para um sector de café mais sustentável e mais justo.

A Delta Cafés juntou-se à ICP em 2018 e assume agora a liderança de um projecto e missão que estava nas mãos de Kathrine Löfberg, presidente do Conselho de Administração da Löfbergs, uma empresa sueca de torra e comercialização de café.

Nesta nova etapa, Rui Miguel Nabeiro pretende fazer o follow up do trabalho já desenvolvido pela ICP, elegendo como principais focos o desafio da migração dos jovens das áreas rurais para as grandes cidades, o cada vez mais evidente desafio das alterações climáticas, assim como o reforço das parcerias estratégicas que colaborem para a sustentabilidade e viabilidade do sector do café. «Tenho o prazer de contribuir para o crescimento do nosso trabalho conjunto. As gerações mais jovens e as alterações climáticas são as prioridades da ICP. O nosso objectivo é dotar os mais jovens de ferramentas que lhes permitam explorar a agricultura e o café como pilares da sua subsistência», adiantou o novo presidente da International Coffee Partners no evento que decorreu na Delta The Coffee House Experience, em Lisboa. O reforço das parcerias será também um ponto fulcral nos próximos anos, propondo a ICP apoiar e melhorar a qualidade de vida dos pequenos produtores de café, tornando-os mais competitivos e dotando-os de práticas sustentáveis.

Rui Miguel Nabeiro partilhou, ainda, algumas experiências já vividas no âmbito da ICP, como uma das vezes em que esteve no terreno, em Minas Gerais, no Brasil, onde percebeu a diferença real que a ICP faz na vida das pessoas. «Desde ensinar- -lhes como ver informação na internet a como trabalhar com um Excel ou mesmo como e quando vender os produtos de maneira a obterem preços mais justos. São pequenas coisas que fazem uma diferença imensa na vida destas pessoas», assegurou.

INTERNATIONAL COFFEE PARTNERS

Fundada em 2001, a ICP já apoiou mais de 100 mil famílias de pequenos produtores de café em 13 países. Numa parceria das principais empresas familiares europeias de café, a associação tem como objectivo continuar a contribuir, com a sua experiência e know-how, para um sector cafeeiro sustentável, mais equilibrado e igualitário em países estratégicos.

Esta contribuição colectiva é feita através da implementação de projectos de melhores práticas em comunidades de pequenos produtores de café, oferecendo-lhes a possibilidade de terem uma vida melhor, assim como a capacidade e resiliência para se adaptarem aos diversos desafios que enfrentam, como a pobreza, falta de condições de subsistência, alterações climáticas ou falta de oportunidades para as camadas mais jovens.

Kathrine Löfberg, que deixa para trás um mandato de sete anos, prolongado devido à pandemia por Covid-19, reflectiu sobre todo o trabalho feito, assumindo que foi possível constatar os efeitos benéficos do trabalho da ICP junto dos produtores: «Apesar das adversidades vividas pelas famílias, que já se encontravam numa situação vulnerável, verificámos que as que participaram nos projectos da ICP foram capazes de reagir e mitigar os desafios da pandemia de forma mais rápida.» Kathrine Löfberg manterá um papel activo, tendo assumido a responsabilidade da nova iniciativa da ICP, a Coffee&Climate, vocacionada para o fornecimento de ferramentas aos produtores de café, para que estes se adaptem melhor às questões climáticas.

Sobre o projecto de 20 anos da ICP, completados em 2021, a mesma responsável acrescentou, ainda, que toda esta experiência lhes permitiu «aprender a não olhar para a produção de café de forma isolada, mas para a agricultura familiar como um todo», chamando ainda a atenção para outro ponto de extrema importância: «Adoptamos uma abordagem holística que inclui as gerações mais jovens, questões de género, actividades fora da exploração agrícola, e a natureza.»

Nesta missão que agora começa, Rui Miguel Nabeiro assumiu que, apesar da concorrência entre as famílias que constituem a ICP, todos estão «alinhados em termos de valores familiares, visão a longo prazo e todos vivemos e respiramos café». Algo que seria complementado pelas palavras do comendador Rui Nabeiro: «Estas pessoas são responsáveis por pensar o que é o futuro e isso é extraordinário, pois todos pensávamos que a vida era nossa, mas a vida é de toda a gente. Vamos, na pessoa do meu neto, agarrar esta oportunidade com carinho, força e amor porque quem partilha estes detalhes da amizade, o caminho é sempre em frente. O que estamos a praticar é um acto de responsabilidade, de proximidade e de não pensarmos só em nós. Não queremos tudo, temos o que nos faz falta.»

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Empresas 100% Portuguesas”, publicado na edição de Abril (n.º 321) da Marketeer.

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