ISAG: Excelentíssimos senhores, tudo fixe?

Por Márcia Monteiro, Coordenadora da licenciatura em gestão de empresas do ISAG – European Business School

Na voz da Geração Z (nascida entre 1997 e 2010), o título deste artigo descreve-se numa palavra: cringe. Na escrita de uma docente millennial da área do Marketing que vos escreve, só resta responder: têm razão. No entanto, serve este título de exemplo hiperbolizado do que pode acontecer quando queremos falar para todos, sem encontrarmos quem nos queira ouvir. Nesse caso, saberemos mesmo a quem estamos a dirigir-nos?

Nada há de errado em ambicionarmos chegar ao maior número de clientes ou consumidores. Aliás, esse é o propósito essencial do trabalho da comunicação e do marketing. Contudo, como todas as áreas vitais para o funcionamento, sustentabilidade e crescimento das empresas, estas também necessitam de estratégia. De modo algum nos será possível chegar a todo o lado, a todo o momento e a toda a gente de forma igual, sem nos adaptarmos ou admitirmos que não vamos alcançar resultados.

A localização (cidade, região ou país), o momento do ano ou a actualidade são variáveis que têm de pesar na hora de dirigirmos qualquer acção de marketing. O mesmo acontece com a idade, um aspecto que continua a levantar muitas questões. Termos gerações diferentes no mercado é em tudo natural, mas o paradigma actual e futuro é ímpar: o imparável ritmo do crescimento tecnológico e das mutações sociais e económicas deixa-nos perante um enorme diferencial entre gerações.

As formas, plataformas, necessidades e motivações para o consumo tornaram-se altamente dispersas e isso só deverá acentuar- se daqui para a frente, já que o aumento da esperança média de vida continuará a fazer com que gerações distantes coexistam. No futuro, teremos consumidores aptos para o digital até mais tarde, embora saibamos que as novidades tecnológicas (incluindo aquelas que não podemos ainda adivinhar) estarão sempre mais próximas dos consumidores mais novos.

Este fosso geracional apresenta-se como um determinante desafio para quem pensa as estratégias de marketing. Devemos olhar o nosso público com genuína curiosidade, válida para gerações mais velhas ou mais novas, percebendo o que as move e onde se movem, de que precisam e o que desejam, quais os seus gostos e a sua linguagem. Esta atenção ao detalhe vai ajudar- -nos a perceber cada geração de consumidores e a segmentar o nosso público-alvo. Por vezes, vamos perceber que um produto não interessa a todas as gerações. Noutras vezes, não vamos ter interesse em chegar a todas elas e, noutras vezes ainda, vamos conseguir chegar a muitas, mas de forma adaptada a cada uma delas. O que realmente importa é que, em todas essas vezes, percebamos como fazer chegar um produto ou serviço a quem realmente queremos, ou seja, a quem o consome, compra ou usa.

Independentemente das gerações para quem falarmos, importa relembrar algo transversal a todas. Por mais tecnologia que (felizmente!), agora e no futuro, cruze o caminho do marketing até ao consumidor, do outro lado, continuarão a estar pessoas que se movem não só por necessidades imediatas, mas por emoções e ideais. É necessário sabermos procurar esse lado humano pelo qual o consumidor clama, seja qual for a sua idade.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Marketing Digital”, publicado na edição de Setembro (n.º 302) da Marketeer.

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