Casa Ermelinda Freitas: Marcas que dão vida à casa centenária

A Casa Ermelinda Freitas dedica-se à produção de vinho desde 1920, a partir dos 550 hectares de vinhas que estão situados em Fernando Pó, uma zona privilegiada na região de Palmela. Mas seria apenas mais recentemente que, pelas mãos de Leonor Freitas (neta da fundadora), a aposta em marcas próprias se tornaria uma realidade.

Na verdade, não fazia parte dos planos de Leonor Freitas dedicar- se ao mundo rural. Mas com o súbito falecimento de seu pai, decidiu abraçar a Casa Ermelinda Freitas, para ver se conseguia não ter que vender e dar continuidade a todo o esforço, trabalho, amor e dedicação dos seus antecessores. Algum tempo volvido e chegaria a decisão de começar a fazer marcas próprias (Dom Campos, Terras do Pó, MJ Freitas, Dona Ermelinda, Quinta da Mimosa, Leo d’Honor, entre outras), passando a engarrafar todo o vinho com o logotipo da Casa Ermelinda Freitas. «Este foi o grande passo para conquistar mercado, bem como os nossos consumidores, que ainda hoje são fiéis à Casa Ermelinda Freitas e a quem muito agradecemos toda a ajuda dada e a preferência pelos nossos vinhos», comenta a gestora.

Hoje, a Casa Ermelinda Freitas responde por um volume de negócio de 34 milhões de euros, sendo 35% proveniente do mercado internacional onde, entre mais de 40 destinos, se destacam Inglaterra, EUA, Polónia, Brasil, Holanda e Luxemburgo.

O solo destas vinhas da região de Palmela é composto por areias muito semelhantes às areias de praia e muito rico em água, desempenhando um papel importante na maturação das uvas. A brisa envolvente dos rios refresca as vinhas durante os Verões secos, atribuindo suavidade e elegância aos vinhos.

Nesta casa têm procurado tirar vantagem de possuírem vinhas velhas ou vinhas de castas raras e únicas em Portugal. Apesar de economicamente não serem viáveis, Leonor Freitas mantém-nas, pois sabe que, assim, consegue fazer vinhos excepcionais. «Utilizamo-las para criar vinhos diferenciadores e poder também melhorar os meus vinhos de topo», conta a responsável. E dá o exemplo do Carménère, uma casta de origem chilena que se tem dado muito bem nos terrenos arenosos da Península de Setúbal e que tem deslumbrado e fidelizado os consumidores. Destaca ainda o Gewürztraminer, casta de origem na Alsácia que na região de Palmela fica, devido ao sol, com mais maturação, verificando-se a presença de fruta: se no nariz tem rosas, na boca deslumbra com o sabor a líchias.

«Mantendo a tradição continuamos a apostar nas grandes castas da região Fernão Pires nos brancos e o Castelão de Vinhas velhas nos tintos, que produzem vinhos únicos. Aqui onde a minha família me deixou as vinhas é o berço do castelão da região», lembra Leonor Freitas.

Mas é indubitável que a inovação e constante procura de novidades fazem parte dos genes da Casa Ermelinda Freitas, que procura sempre a melhor qualidade (e o preço justo) para poder presentear os seus consumidores. «É isso que sempre procurei e felizmente tenho tido bons resultados.»

O principal desafio no presente e no futuro desta casa passa por conseguir manter a competitividade. «Vejo o negócio do vinho como um negócio familiar/empresarial. No meu negócio coloco sempre toda a afectividade familiar, que o negócio tem tido em primeiro lugar, mas sempre numa perspectiva de tornar a empresa competitiva e profissional.» Isto porque a gestora está bem ciente de que se a empresa não for competitiva, principalmente na qualidade e no preço dos produtos, nunca terá um grande futuro. O futuro, esse, garante Leonor Freitas, «será assegurado pela quinta geração, que já está a assumir grande parte da gestão do negócio». Enquanto o momento de passar a pasta totalmente não chega, Leonor Freitas continua a dar formação aos colaboradores, a contratar pessoas com formação para as várias áreas da empresa, a apostar nas novas tecnologias mantendo o respeito pela tradição e procurando passar a mensagem que recebeu através das três gerações anteriores do respeito pelo próximo, deixando também o agradecimento aos consumidores. A responsável acredita que as empresas, que não tenham um cluster competitivo e dinâmico, acabam por nunca crescer e a médio prazo perderem a competitividade, perdendo assim o dinamismo e por consequência as suas vendas.

«Tive a sorte de a Casa Ermelinda Freitas se situar numa zona Região da Península de Setúbal, rica em qualidade, com competitividade de vinhos, rica em empresas com dinamismo. Como sabe nesta região existem várias empresas de referência a nível vitivinícola nacional. Assim e devido a isso a minha empresa é muito mais competitiva, pois esta competitividade é saudável fazendo crescer todos.»

SUSTENTABILIDADE NÃO É OPCIONAL

Qualquer empresa responsável tem de ter como um dos seus principais objectivos e preocupações a sustentabilidade, pois será com o equilíbrio do planeta que se conseguirá continuar a trabalhar e ser dignificado pela sociedade como um todo. É impossível não falar em sustentabilidade na Casa Ermelinda Freitas já que, por ter na agricultura a sua área de actividade, tem uma ligação maior a práticas sustentáveis a médio e longo prazo.

«A nossa primeira preocupação começa logo desde a plantação da vinha. Todos os tratamentos que fazemos são com produtos amigos do ambiente que respeitam a fauna da nossa região (Península de Setúbal) e na bordadura das parcelas de vinhas mantemos os refúgios existentes para conservar a biodiversidade. Tudo isto, além de poupar o ambiente, fauna e flora também nos permite ter uma uva mais estável e, por consequência, um produto final mais natural.»

Por outro lado, na aquisição de máquinas existe, desde o primeiro momento, a questão da sustentabilidade, havendo preocupação com os gastos de energia, de água, bem como a utilização dos produtos, o menos agressivos possível para o ambiente. Por exemplo, a desinfecção é feita apenas com água quente. Uma preocupação que nesta casa não é de agora e que vem já bem de trás. «Desde o início que temos uma ETAR a tratar as águas residuais, de modo a que elas tenham as condições necessárias para serem lançadas na rede.»

Mas há mais: na Casa Ermelinda Freitas 50% da energia eléctrica utilizada é proveniente de panéis solares fotovoltaicos que se encontram no telhado do centro de vinificação. «Ajuda a sermos mais sustentáveis e pouparmos, fazendo assim um uso menor de energias fósseis», salienta, lembrando que há também uma grande preocupação com todos os materiais utilizados, promovendo a reciclagem dos mesmos.

Leonor Freitas acredita que o enoturismo, cada vez mais, vai fazer parte, como um complemento, da dinamização da viticultura, das empresas e também da divulgação das regiões. «Os Vinhos Verdes e a Quinta do Minho não poderão ignorar esta realidade e será um passo que queremos muito dar. Sendo os Vinhos Verdes únicos no mundo, mais se justifica desenvolver o enoturismo e receber de modo a podermos partilhar e divulgar esta realidade, os seus vinhos, e a sua região», comenta.

Claro que a pandemia teve também aqui os seus efeitos, mas a Casa Ermelinda Freitas tem vindo a tomar todas as medidas de saúde, seguindo as recomendações da DGS, de modo a poderem voltar a iniciar o enoturismo e dar a confiança às pessoas, de que é possível visitá-los em segurança.

PARCERIAS ENTRE LEONOR FREITAS E O ENÓLOGO JAIME QUENDERA

A Quinta do Minho, que conta com 40 hectares, nasceu em 1990, na Póvoa de Lanhoso, perto de Braga, tendo resultado da fusão de duas das mais antigas quintas ali existentes: a Quinta do Bárrio e a Quinta da Pedreira. A casa principal remonta ao séc. XVIII e tem vindo a ser gradualmente recuperada para apoio a actividades ligadas ao turismo vitivinícola. Com um “terroir” típico do Alto Minho, o seu vinho elegante e fresco tem por base a casta Loureiro, rainha desta região.

Em 2018, com a aquisição da Quinta de Canivães, Leonor Freitas concretizou um sonho de longa data: ter uma quinta no Douro. Esta antiga quinta localiza-se na margem esquerda do Douro, perto de Vila Nova de Foz Côa, sendo conhecida antigamente como “Quinta do Porto Velho”, pois possui um pequeno porto onde as pequenas embarcações atracavam. Com a dimensão de 50 hectares, possui 20 hectares de vinha de diversas idades, composta pelas mais nobres castas tintas, e 4,5 hectares de olival, de onde se obtém azeite de elevada qualidade.

enoturismo@ermelindafreitas.pt
https://www.ermelindafreitas.pt/pt/enoturismo/

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Marcas Próprias”, publicado na edição de Setembro (n.º 302) da Marketeer.

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