Águas do Algarve: Urge travar o desperdício de água

As alterações climáticas estão a afectar os recursos hídricos e ecossistemas em todo o planeta. Portugal não é excepção e irá enfrentar escassez hídrica. Daí que se exija um conjunto de acções por parte dos interlocutores nestas matérias. Na região algarvia, estão a precaver-se para esta situação através de ambiciosos investimentos que estão inseridos no Programa de Recuperação e Resiliência. A par destes, está a ser feito investimento numa estratégia com a vertente educacional da população, incorporando o princípio do uso eficiente aplicável aos objectivos da economia circular, na gestão dos recursos hídricos.

A Águas do Algarve exerce duas actividades reguladas que constituem serviços de interesse económico geral, indispensáveis ao bem-estar das populações, ao desenvolvimento das actividades económicas e à protecção do meio ambiente: abastecimento público de água e saneamento de águas residuais (contrato até 2048), estando a preparar-se para exercer uma terceira actividade prevista no DL n.º 119/2019, que estabelece o regime jurídico de produção de água para reutilização, obtida a partir do tratamento de águas residuais, bem como da sua utilização.

António Eusébio, presidente da Águas do Algarve, lembra que o crescimento da empresa tem sido uma constante ao longo dos anos. «O sistema multimunicipal de abastecimento de água e saneamento do Algarve é dos investimentos mais importantes dos últimos anos no Algarve, não apenas do ponto de vista do desenvolvimento sustentável, da diversidade e complexidade técnica, mas também no âmbito da dimensão e extensão do investimento na região.» Além disto, também dotou a região com um sistema seguro, do ponto de vista da saúde pública dos cidadãos, melhorando os níveis de atendimento e promovendo a qualidade ambiental, designadamente a qualidade da água das praias, rios e lagoas, que são factor essencial para o bem-estar da população e para o desenvolvimento económico e turístico da região.

Um dos impactos mais gravosos das alterações climáticas é o que respeita ao aumento da frequência e severidade de períodos de seca e escassez de água. Daí que o presidente da Águas do Algarve sublinhe que, se por um lado a região tem de ter a capacidade de ser mais eficiente, consumindo menos água, por outro, é fundamental concretizar os investimentos previstos para dotar os sistemas de maior robustez e resiliência.

Recentemente, a empresa acabou uma empreitada muito importante para o Barlavento, que é o reforço da ETA (Estação de Tratamento de Água) de Alcantarilha, onde tem uma nova flotação com duas linhas que reforçaram o sistema de filtração e tratamento da água para consumo humano. «Permite-nos acrescentar 1200 litros por segundo ao que já tínhamos, isto para dar mais robustez e mais eficiência ao sistema. Com este sistema gastamos menos energia, produzem-se menos lamas e, por outro lado, conseguimos fornecer e ter maior capacidade de abastecimento de água», salienta o presidente. No presente ano estão ainda a decorrer obras na Nova Reserva de Abastecimento ao Barlavento (novo reservatório), foi lançado o concurso para uma secagem solar de lamas (Vila Real de Santo António), e, em breve, iniciar-se-á a obra de melhoria do sistema de saneamento de Aljezur, o qual prevê a eliminação da ETAR do Rogil e do Carrascalinho. Acresce todo o investimento associado ao Plano de Resiliência e Recuperação, que complementa o Plano de Eficiência Hídrica, e vem contemplar medidas para o Algarve (no que respeita à responsabilidade da Águas do Algarve) para que consigam ter, até 2026, «um sistema mais robusto, que garanta o fornecimento de água contínuo em quantidade e qualidade, considerando os reflexos das alterações climáticas», acrescenta.

A Águas do Algarve assume um forte compromisso com o desenvolvimento sustentável, composto por um vasto conjunto de princípios, os quais estão também ancorados na conservação dos recursos naturais. «A preservação ambiental está incorporada em todas as actividades e acções que a empresa opera na região», assegura Teresa Fernandes, coordenadora de Comunicação da Águas do Algarve, sublinhando que a comunicação acompanha a visão e estratégia de desenvolvimento da actividade, estando assente no compromisso com a sustentabilidade.

«O planeamento estratégico da comunicação está em permanente desenvolvimento e adaptação às diferentes situações, sendo realizado em coordenação com a Administração da Águas do Algarve», conta a responsável.

SENSIBILIZAÇÃO DOS CONSUMIDORES

Existe um investimento contínuo da comunicação na sensibilização dos consumidores para as questões associadas ao desenvolvimento sustentável e consequente consciência ecológica, bem como para a importância da contribuição, quer da empresa, quer de todos, para a conservação dos ecossistemas e da biodiversidade, não apenas da região, mas de todo o País.

«É fundamental evidenciar que o valor da água ultrapassa o seu valor monetário! A água é um recurso essencial à vida e fundamental para o desenvolvimento social e económico de qualquer região», alerta, sublinhando que a melhoria da eficiência hídrica é uma obrigação partilhada, tratando-se de um recurso limitado que urge ser preservado.

A responsável acredita que o consumidor de hoje está mais atento às questões ligadas à preservação do ambiente, valorizando as boas práticas da empresa em prol do desenvolvimento sustentável da comunidade. «A nossa aposta na formação de consumidores mais conscientes e sustentáveis, através das várias acções de comunicação e sensibilização que desenvolvemos ao longo de todo o ano, têm, claramente, sido excelentes oportunidades para criar e cimentarmos uma relação de confiança e de compromisso, não apenas com os nossos stakeholders, como com a população em geral, de que, obviamente, nos orgulhamos », refere Teresa Fernandes.

Ciente de que o desperdício de água é um dos maiores problemas do mundo actual, que se tem agravado nas últimas décadas (nomeadamente no Algarve) e que, em Portugal, cerca de 3100 milhões de m3 de água são desperdiçados por ano (o que corresponde a 41% da procura total deste bem essencial), a Águas do Algarve muniu-se da comunicação para sensibilizar para o desperdício. «A região algarvia poderá enfrentar uma grave situação de stress hídrico já nos próximos anos e só uma real mudança nos nossos hábitos, enquanto consumidores, pode travar esta realidade», lembra a responsável, que é a face visível de uma empresa preocupada com o futuro.

Face a esta problemática, foi criada uma campanha de sensibilização, com o objectivo de fomentar consciências colectivas relativamente ao valor da água e à imperativa necessidade da mudança de comportamentos relativamente ao consumo e simultâneo desperdício. «Alertar a população, através da realização de diferentes acções, para a hipótese de escassez muito antes da água faltar nas torneiras, é essencial», comenta. E acrescenta que a experiência tem-lhes mostrado que estes modelos de acções têm vindo a contribuir de forma muito positiva para o esclarecimento e reforço da sensibilização dos cidadãos para os problemas ambientais. «Através destas acções, pretendemos contribuir para a existência e formação de um maior número de cidadãos informados e activos nestas questões, que garanta o envolvimento e, acima de tudo, um compromisso pessoal e organizacional na gestão activa para a existência de um futuro sustentável também para as gerações vindouras.»

Numa época em que os consumidores são “bombardeados” com mensagens e estímulos que lhes chegam de todos os lados, a Águas do Algarve enveredou pela aposta na criatividade e no humor como estratégias para implementar uma comunicação mais eficiente. «O humor é uma poderosa ferramenta de comunicação, que nos permite uma excelente oportunidade de interacção com o público num plano mais emocional e em comportamentos comuns e facilmente reconhecidos pela maioria do público. Pode ser utilizado para despertar consciências para questões do nosso quotidiano, como as que se prendem com a eficiência hídrica.»

Teresa Fernandes explica que ao distanciar-se do tom institucional que caracteriza este tema e apostar num tom de eloquência visual assente numa linguagem humorística, provocatória e satírica, exige-se à audiência um maior exercício de inteligência interpretativa, que obriga um consumo activo da informação (assimilação, processamento e conclusão) em vez do habitual consumo passivo (assimilação).

O compromisso da Águas do Algarve para o futuro assenta em continuar a comunicar proactivamente com os seus stakeholders e restantes públicos, investindo em novos canais de comunicação, apostando cada vez mais nos canais digitais, preservando a proximidade e aumentando as relações de confiança e de notoriedade dentro e fora da região. Sem esquecer as parcerias estratégicas com um vasto conjunto de entidades e empresas que tornam mais eficaz o esforço da comunicação junto da comunidade.

Por fim, mas não menos importante, Teresa Fernandes destaca o reforço na comunicação interna, mais aspiracional e inspiracional, potenciando o trabalho de todos os que diariamente trabalham na Águas do Algarve.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Marketing de Água e Sumos”, publicado na edição de Setembro (n.º 302) da Marketeer.

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