Quinta do Pessegueiro: Onde a tradição guia a criação

Modernidade, sofisticação e funcionalidade são os adjectivos que caracterizam a Quinta do Pessegueiro.

Este projecto nasceu da paixão do empresário francês Roger Zannier pelo Douro. Em 1991, no âmbito de visitas recorrentes a Portugal relacionadas com a actividade têxtil, descobriu a região e apaixonou-se pela Quinta do Pessegueiro, escolhendo o seu genro, Marc Monrose, para levar este projecto a bom porto.

Localizada em Ervedosa do Douro, São João da Pesqueira, no coração do Douro Vinhateiro, Património da Humanidade, a adega da Quinta do Pessegueiro distingue-se pela sua arquitectura contemporânea e por características distintas e inéditas.

Resultado da união criativa dos arquitectos Artur Miranda e Jacques Bec (Oitoemponto), a adega é uma realização atípica e extraordinária de uma ferramenta lógica e funcional, originária de um compromisso com o processo tradicional e natural de elaboração do vinho, criando uma verdadeira união e harmonia entre tradição e modernidade, enaltecendo, assim, a alma da Quinta do Pessegueiro.

O edifício tem cinco níveis e associa métodos tradicionais de produção de vinhos de elevada qualidade ao mais sofisticado equipamento. Um autêntico desafio da tecnologia, esta adega foi concebida de forma a utilizar a gravidade natural ao longo de todo o processo, preservando o vinho e excluindo o uso de bombas.

O respeito pela matéria-prima começa na vinha e acaba na adega, com a utilização de uma cuba-elevador, assegurando a condução do vinho em cada etapa e, posteriormente, a qualidade do produto.

A filosofia desta empresa conjuga a sabedoria da viticultura tradicional no Douro com os conhecimentos científicos modernos. Os vinhos são elaborados a partir de métodos tradicionais, como a pisa a pé em lagar de granito e a utilização de leveduras indígenas.

Na Quinta do Pessegueiro a tradição secular do esmagamento da uva com os pés é mais do que uma representação da história e do folclore. A técnica da pisa é utilizada em três lagares. Não se trata de um espírito de conservadorismo extremo, mas no acreditar que a pisa da uva é um processo humanizado que permite extrair a melhor dádiva de cada bago.

A propriedade expandiu-se com o decorrer dos anos, sendo actualmente constituída por três parcelas distintas: Pessegueiro, Teixeira Afurada. A área de vinha em produção ronda os 30 hectares. Todas situadas na sub- -região do Cima Corgo, estas parcelas beneficiam de características históricas e climáticas diversas, sendo a viticultura praticada adaptada ao carácter único de cada uma.

Com uma superfície total de 20,3 ha, a Teixeira está exposta a noroeste, com uma altitude que varia entre 75 e 418 metros. Origina vinhos potentes e ao mesmo tempo frescos, directos e frutados.

Parte das vinhas da Teixeira foram plantadas ainda no início dos anos 80. Desde 2011, decorreram novas replantações com inúmeras castas. Esta propriedade é a mais próxima da adega e possui, sem dúvida, os socalcos mais antigos. Foi na Teixeira que foram descobertos e recuperados socalcos pré-filoxera, formações anteriores a esta epidemia.

No Pessegueiro, as parcelas íngremes estão voltadas a Oeste e elevam-se a uma altitude entre 197 e 355 metros. Os nove hectares existentes estão repartidos entre vinhas velhas com mais de 110 anos e vinhas plantadas há 40 anos.

Geralmente, a maturação das uvas é tardia, resultando em vinhos muito complexos e frutados, tanto no aroma como no paladar, com toques de especiarias, cacau e café.

A Afurada, com 1 ha, eleva-se a uma altitude entre 500 e 525 metros e está exposta a Sul. Todas as castas da propriedade são autóctones, predominando a Touriga Nacional Touriga Franca, Tinta Roriz, Souzão e Tinto Cão. Numa fase mais recente, Tinta da Barca, Tinta Amarela, Rufete, Alicante Bouschet, Rabigato e Folgasão.

Os vinhos são da responsabilidade de João Nicolau de Almeida (filho), apoiado por uma equipa de profissionais dedicados.

A partilha de conhecimento, a paixão, a motivação e o empenho dos colaboradores, que também nutrem o respeito pela terra e pela natureza, permitem melhorar ano após ano, vindima após vindima, a qualidade dos vinhos da Quinta do Pessegueiro, tornando- -os, hoje, um dos grandes vinhos do Douro.

Na adega, os vinhos são separados por parcelas (um exemplo perfeito do trabalho parcelar), permitindo reconhecer cada uma das suas singularidades e traçar as especificidades de cada terroir. É por isso, também, que a adega dispõe de cubas de pequena dimensão. Nos processos de vinificação e de maturação, os vinhos evoluem naturalmente, encontrando neles todo o poderio e carácter do Douro associados a uma elegância única.

É exclusivamente a partir das melhores uvas, vindimadas e seleccionadas nos terroirs excpecionais da Teixeira e do Pessegueiro que são produzidos os DOC’S e os Portos.

O portefólio abarca as marcas Aluzé e Quinta do Pessegueiro: Aluzé Branco, Tinto e Rosé, Quinta do Pessegueiro Tinto, Porto Branco, Porto LBV e Porto Vintage. São também comercializados monocastas e blend’s, conforme o potencial qualitativo de cada uma das castas. Actualmente, encontram-se no mercado Touriga Nacional, Tinto Cão, Rufete, Tinta da Barca & Alicante Bouschet. E, em anos especiais, é produzido o Plenitude, elaborado a partir de uvas de vinhas centenárias da Quinta do Pessegueiro, vinificado em lagar de granito com pisa a pé e envelhecido 30 meses em barricas de carvalho.

As poucas garrafas deste vinho são testemunhos da busca diária pela excelência e respeito pela natureza.

Para além do vinho, é produzido azeite de alta qualidade, elaborado com base nas variedades Cordovil, Madural e Carrasquenha. A apanha é manual, sendo a extração do azeite feita a frio e em modo contínuo.

Existe, também, uma pequena produção de mel, estando as colmeias situadas na Quinta da Teixeira.

Estes produtos procuram evocar a autenticidade do terroir e realçar a tradição da região. Estão relacionados com a própria natureza da vinha e com todo o seu ecossistema.

Ao nível das actividades de enoturismo, destacam-se a visita guiada às vinhas e à adega; o visionamento de um filme promocional; a prova de vinhos e azeite acompanhada com produtos regionais. No final, os visitantes têm possibilidade de adquirir os produtos produzidos na Quinta.

Descendo uma escultórica escadaria em betão, os visitantes chegam a uma sala revestida com a mesma madeira com que se fazem as barricas para estagiar o vinho, podendo, a partir daí, admirar um magnífico baixo-relevo, numa clara alusão à cultura da vinha e do vinho e dos valores culturais que lhe estão associados. Conforme reza a lenda, após o dilúvio, Noé começou por ser um bom cultivador. Plantou três vinhas e, quando estas deram fruto, festejou brindando com o seu saboroso néctar.

As visitas deverão ser efectuadas através de marcação prévia, para que possa ser assegurado um atendimento personalizado. Para além das suas participações no sector do vinho, a Quinta do Pessegueiro, e o Château Saint-Maur, em França, Roger Zannier tem investido em diferentes áreas de negócio pelo mundo.

Hoje, a Quinta é um tesouro precioso que se alonga pelo património arquitectónico do Douro. É um lugar mágico. As vistas esplendorosas prendem o olhar dos visitantes que desfrutam de óptimas condições de conforto e de serenidade.

Manter a paisagem viva e a sua notoriedade é uma obrigação que a Quinta do Pessegueiro acolhe de braços abertos.

Sempre, num respeito das tradições e do património, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região.

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