Pfizer: «Fizemos algo nunca feito anteriormente»

A Pfizer e a congénere alemã BioNTech trabalhavam, desde 2018, numa outra vacina baseada na tecnologia de RNA mensageiro. Com a chegada da crise sanitária, as duas companhias iniciaram, em Março de 2020, uma colaboração para a Investigação & Desenvolvimento de potenciais vacinas para a prevenção da Covid-19.

O compromisso de ambas as companhias traduziu-se no desenvolvimento em simultâneo de quatro vacinas-candidatas, o que «permitiu avanços temporais consideráveis para a identificação da vacina com melhor perfil de resposta imunitária e de segurança », explica Paulo Teixeira, director-geral da Pfizer Portugal. Em Julho de 2020, iniciava-se a produção da vacina, que haveria de chegar a Portugal ainda antes do final do ano.

De forma muito resumida, esta é a história de como a Pfizer respondeu a um dos maiores desafios de saúde enfrentados pela humanidade. Em entrevista, Paulo Teixeira assume que a inovação tem ajudado a valorizar o papel da companhia (como demonstra o reforço de notoriedade), e da indústria como um todo, mas realça que a colaboração é a chave para o futuro pós-pandémico.

Quais foram os desafios que a Pfizer enfrentou durante o processo de desenvolvimento da vacina contra a Covid-19?

O facto de estarmos a atravessar uma crise de saúde global, com redução de actividade industrial e a consequente limitação de matérias-primas, aliada à urgência de se encontrar uma solução, foram, sem dúvida, os nossos principais desafios. Além disso, enfrentámos o desafio adicional de não comprometer o normal funcionamento da cadeia de produção e distribuição dos nossos outros medicamentos e vacinas, alguns deles de utilidade terapêutica crítica para milhões de doentes em todo o mundo.

Para esta missão de criar uma vacina segura e eficaz, sem saltar qualquer etapa no desenvolvimento clínico e respeitar os mais elevados critérios éticos e de segurança, a Pfizer contribuiu com uma história de 139 anos de Investigação & Desenvolvimento (I&D) de vacinas, bem como uma extensa experiência na área regulamentar e uma sólida rede global de fabrico e distribuição; e a BioNTech aportou mais de uma década de experiência de estudo de plataformas baseadas nesta tecnologia de RNA mensageiro.

Fizemos algo nunca feito anteriormente: ter uma vacina desenvolvida, produzida e aprovada em menos de um ano. Tal só foi possível graças ao esforço sem precedentes por parte das companhias, centenas de investigadores dedicados e um espírito colaborativo entre as companhias, as agências reguladoras e os Governos.

Quantas doses da vacina deverão ser entregues em Portugal?

Até ao final do primeiro semestre, contamos entregar em Portugal um total 6,985 milhões de doses, indo para além dos compromissos inicialmente estabelecidos com as autoridades de saúde.

Isto só se torna possível porque a Pfizer tem uma das cadeias de abastecimento mais sofisticadas da nossa indústria, com mais de 40 fábricas próprias e centenas de fornecedores a nível global.

Entretanto, a companhia já anunciou que o seu medicamento oral para tratar a Covid-19 está em fase de ensaios clínicos. Em que consiste este fármaco? E quando estará disponível no mercado nacional?

Estamos a trabalhar na investigação de dois antivirais contra a Covid-19, um oral e outro endovenoso. Estamos a avaliar a eficácia e segurança de compostos pertencentes à classe dos inibidores da protease, que previnem o vírus de se replicar no organismo e que têm sido eficazes no tratamento de outros agentes patogénicos virais, como o vírus da imunodeficiência humana (VIH) ou o vírus da hepatite C.

Prevemos iniciar brevemente a fase 2 dos ensaios clínicos e esperamos, caso venham a ser aprovados, estar em condições de disponibilizar estes fármacos, que poderão ser mais uma importante ajuda no combate a esta pandemia, no início do próximo ano.

Em que medida é que a vacina contra a Covid-19 tem impactado a notoriedade da Pfizer no mercado português?

A pandemia provocada pela Covid-19 trouxe o tema da saúde, da investigação e o papel da indústria farmacêutica para a esfera pública. Este tema ganhou destaque nos meios de comunicação social, dando a conhecer à sociedade civil o importante papel da indústria farmacêutica, nomeadamente da Pfizer, no combate a esta pandemia.

Prova disso é o facto de a Pfizer ter sido reconhecida pelos portugueses como a companhia da indústria farmacêutica com maior índice reputacional em 2020, segundo um estudo da consultora OnStrategy.

O facto de ter sido a primeira vacina contribuiu para o aumento de notoriedade?

Nunca tivemos a pretensão de ser os primeiros a chegar ao mercado. O nosso objectivo sempre foi desenvolver uma vacina segura e eficaz num curto espaço de tempo e, para isso, investimos todos os recursos necessários e que estavam ao nosso alcance. A Pfizer não obteve qualquer financiamento público para o desenvolvimento desta vacina – o investimento foi da sua exclusiva responsabilidade e risco. De destacar que a Pfizer e a BioNTech assumiram o risco de iniciar a produção desta vacina em Julho de 2020, ainda antes de saber se esta demonstraria eficácia e segurança para ser aprovada. Foi uma decisão determinada pelo interesse público de fazer face à pandemia o mais cedo possível.

Sentimos que estamos a cumprir o nosso papel enquanto companhia que desenvolve inovação que transforma a vida dos doentes e procuramos que a visibilidade que a Pfizer tem tido nestes últimos meses contribua para uma melhor percepção daquilo que fazemos todos os dias em prol das populações, seja em projectos de literacia em saúde, seja no acesso aos medicamentos e vacinas.

Iniciaram 2021 com um novo logótipo, representando uma “nova” companhia, centrada na inovação. Porquê?

A Pfizer é uma companhia com um impressionante legado de mais de 170 anos de história ao serviço dos doentes e das populações. O novo logótipo em forma de dupla hélice simboliza a força desta herança, assente na solidez da ciência e no compromisso firme e perene para com o bem-estar das pessoas e dos doentes.

Por seu lado, a mudança de imagem assinala igualmente um momento de reinvenção e de dinamismo que prepara a companhia para o futuro. É um símbolo dinâmico, que significa transformação permanente, um processo alimentado pela força e pelos avanços contínuos da ciência, a verdadeira força motriz que inspira a nossa actividade no dia-a-dia. A nossa ambição para o futuro não é apenas a de continuar a tratar a doença, mas também preveni-la e curá-la, fazendo uso do conhecimento de vanguarda em áreas como a biotecnologia ou a terapia genética.

A companhia tem procurado também desenvolver projectos de literacia em saúde. Quais os projectos em andamento e com que objectivos?

Temos noção que nunca se falou tanto em saúde, ciência e investigação como no último ano, mas que ao mesmo tempo ainda existe um défice significativo em termos de literacia em saúde. Por isso, sentimos que é nosso dever contribuir para informar a população em geral sobre aspectos ligados à saúde.

No final de 2020, lançámos as Pfizer Talks, um programa de conversas informais com profissionais da saúde que, na primeira pessoa, nos têm vindo a contar o que de melhor se está a fazer em Portugal, e que impacto isso está a ter nas nossas vidas. Ao longo de cerca de 20 episódios, divididos por duas temporadas, entrevistámos e abordámos temas diversificados com impacto na sociedade e no sistema de saúde. Os episódios estão disponíveis nas redes sociais da Pfizer Portugal e no nosso canal de YouTube.

Mais recentemente, lançámos os workshops Pfizer Curious, com sessões que decorrem ao vivo no Facebook da Pfizer Portugal, com o objectivo de formar a população sobre os mais variados temas e questões sobre o mundo da ciência e da medicina. Estes workshops são desenvolvidos pelos colegas da Pfizer e, para além da transmissão em directo, ficam igualmente disponíveis no canal de YouTube da Pfizer Portugal.

Acreditamos que ainda existe um longo caminho a percorrer, mas sem dúvida que estes projectos vão ajudar a aumentar a literacia em saúde da população portuguesa.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Marketing de Saúde”, publicado na edição de Maio (n.º 298) da Marketeer.

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