Fricon: O frio que conquistou o mundo
A história da Fricon é, tal como tantas outras, a história do sonho de um empreendedor. A empresa, especializada na produção e comercialização de equipamentos de congelação e refrigeração, nasceu em Vila do Conde em 1976, quando o fundador, Artur Martins Azevedo, regressou do Zimbabué com know-how na bagagem e alguma matéria-prima para dar início ao seu próprio projecto empresarial nesta área.
Os primeiros equipamentos produzidos na fábrica da Fricon foram conservadores domésticos direccionados ao mercado nacional. «Iniciamos a nossa história de uma forma extremamente modesta, mas com muita ambição», recorda Ricardo Pereira, head of Marketing da Fricon. Do segmento doméstico, a empresa evoluiu para a área de gelados, depois para a das bebidas, criou a linha mobile (destinada à promoção de marca e venda ambulante) e, nas últimas duas décadas, expandiu para o segmento dos supermercados. Destas cinco áreas de negócio, destacam-se os supermercados como o core business da companhia, representando 84% das suas receitas.
45 anos volvidos desde a sua fundação, a Fricon é hoje uma autêntica força exportadora. Detendo unidades fabris em Portugal, mas também em Espanha e no Brasil, a empresa portuguesa exporta mais de 80% do seu volume de produção para nada menos que 116 mercados (70 dos quais com venda directa) espalhados pelos cinco continentes.
Do seu portefólio de clientes, no segmento dos supermercados, constam nomes conhecidos como o Grupo Jerónimo Martins, Sonae, Grupo Dia, a retalhista norte-americana Walmart, a britânica Marks & Spenser, o grupo chileno Cencosud e a cadeia sueca ICA Supermarket. No segmento de retalho alimentar, a Fricon fornece diversas insígnias do universo Unilever; e nos segmentos de gelados e bebidas, trabalha com empresas como a Nestlé, Pepsi e diversas marcas do Super Bock Group. «Existem ainda no nosso portefólio dezenas de marcas no segmento de produtos congelados nacionais e internacionais, uma carteira de tal forma densa que seria impossível mencioná-las, mas que são parceiros fundamentais para nós. Trabalhamos com marcas de todas as dimensões, nos vários segmentos», salienta Ricardo Pereira.
ADN feito de inovação
Tal como acontece com os seus diversos parceiros e clientes, também o negócio da Fricon tem sido impactado pela pandemia de Covid-19. Desde o início da crise sanitária, a empresa viu os seus custos operacionais aumentarem. Além disso, por exportar a grande maioria da sua produção, acaba por estar mais exposta aos efeitos desta crise global.
Apesar de tudo, a companhia tem sabido adaptar-se ao novo normal do mundo dos negócios. «Felizmente somos uma equipa coesa e com um drive de flexibilidade, um ponto muito forte a nosso favor. A nossa equipa de negócios, apesar de todas as contingências, superou-se de uma forma extraordinária, o que só foi possível pelo compromisso de todas as equipas. A nossa equipa operacional em chão de fábrica foi inexcedível, tendo incorporado um nível de responsabilidade muito difícil de descrever – são verdadeiros heróis para nós», frisa Ricardo Pereira.
O trabalho de equipa tem sido, então, fundamental para que a Fricon sobreviva e se adapte à nova realidade. Mas também a inovação tem sido um eixo fulcral para que a empresa possa responder às necessidades do mercado. Um exemplo muito claro: desde o início da pandemia de Covid-19, o comércio electrónico (e-Commerce), até então algo subdesenvolvido no segmento do retalho alimentar, tem crescido exponencialmente neste sector. Ora, fruto de todo um trabalho de Investigação & Desenvolvimento (I&D) ao longo dos últimos anos, a Fricon já contava no seu portefólio com soluções adaptadas a esta vertente do negócio, nomeadamente um sistema de refrigeração direccionado ao e-Commerce do retalho alimentar. Trata- -se de uma solução integrada, que mantém a cadeia de frio em toda a operação de e-Commerce, usando unidades de refrigeração móveis, que podem ser operadas sem fornecimento de energia eléctrica.
Este sistema modular pode ser facilmente implementado em qualquer ponto de venda e garante uma cadeia de abastecimento de temperatura controlada da loja ao consumidor final, permitindo simultaneamente a optimização de materiais, recursos humanos e espaço disponível. «Em algumas geografias europeias, este sistema está a ter um crescimento, muito substancial», adianta Ricardo Pereira. «Ao longo de décadas, temos conseguido antecipar tendências, como foram as questões de eficiência energética e sustentabilidade ambiental. Neste processo, tivemos ainda a felicidade de nos anteciparmos e investirmos anteriormente em áreas e projectos que se verificaram diferenciadores e apostas certas», reitera.
Em termos de inovação, destaca-se ainda a CLS, uma nova linha de arcas de supermercado, que procura responder a vários desafios dos retalhistas, nomeadamente a melhoria da experiência de consumo no ponto de venda e a necessidade de tornar a operação mais eficiente em termos energéticos. «A CLS, além de uma resposta tecnicamente efectiva e eficiente, responde a necessidades crescentes de optimização de espaço e aumento de promoção e rotação de produto. Procurámos superar-nos neste desenvolvimento e integramos tecnologia e princípios de neuromarketing, visando tornar o consumidor final co-produtor no processo de eficiência energética no ponto de venda, tornando-o mais responsável e parte da solução, de uma forma completamente integrada», sublinha o head of Marketing. «Estes dois princípios aplicados visam uma resposta 360º a alguns dos desafios mais importantes do retalho alimentar, tais como a sustentabilidade, a eficiência energética, a optimização operacional e, ainda, a experiência de consumo», reitera o responsável.
Para este ano, o objectivo da Fricon passa por manter este posicionamento de engenharia sustentável e eficiência – baseado em incorporação tecnológica -, alinhado com uma crescente resposta às necessidades de customização das marcas e da transformação da sua relação com o cliente final.
Acompanhar as tendências
A empresa de Vila do Conde tem assim como objectivo continuar a monitorizar, acompanhar ou até mesmo antecipar as mudanças que estão a ocorrer no mercado do retalho alimentar. Neste âmbito, o e-Commerce e a sustentabilidade e eficiência energética são dois dos eixos prioritários da estratégia da Fricon. «As operações de e-Commerce no retalho alimentar estão sob uma prova de fogo, e vão assumir uma importância relativa crescente na estratégia dos retalhistas. A experiência de consumo no ponto de venda e o envolvimento do retalhista com o consumidor vão estreitar-se», vaticina Ricardo Pereira.
Quanto à sustentabilidade e eficiência energética, é já há largos anos um pilar da actividade da Fricon, reflectindo-se nos produtos inovadores que a empresa lança constantemente, em estreita colaboração com os seus fornecedores de componentes. «Tendo em conta a nossa dispersão global, estamos expostos a estreitas regras de certificação energética e não só, pois todos os mercados para onde comercializamos as nossas soluções têm diferentes e crescentes exigências», sublinha o responsável.
A par do processo de desenvolvimento de produtos, a Fricon tem em curso um plano de investimento ambicioso na optimização do layout produtivo e automatização do processo produtivo. «Em simultâneo a estes investimentos, lançámos ainda novos programas de capacitação das nossas equipas e um projecto muito robusto de lean management em chão de fábrica. O investimento mencionado e em curso fecha este círculo de aposta numa engenharia de base sustentável: vamos produzir o mesmo, consumindo menos recursos », promete o head of Marketing.
Num plano mais abrangente, mais do que abrir novos mercados ou unidades de negócio noutras geografias, a Fricon tem como objectivo consolidar a sua operação de dentro para fora. Nesse sentido, até 2022, a prioridade da empresa vai ser apostar no seu maior activo, as pessoas, através da formação e empowerment. É por essa razão que iniciou, entre outros processos transformacionais, o Projecto Líder, que visa precisamente o compromisso e capacitação das suas equipas. Porque «líderes formam líderes», conclui Ricardo Pereira.