novobanco: Investir num futuro mais sustentável

O novobanco acredita que, para endereçar correcta e plenamente os impactos, riscos e oportunidades ambientais, sociais e de governance associados à actividade do banco, é necessário que a sustentabilidade e os factores ESG sejam integrados de forma orgânica na estratégia de negócio e na forma como trabalham. Quem o afirma é Inês Soares, responsável do Gabinete ESG do novobanco, que, nesta entrevista, fala sobre a estratégia e política de sustentabilidade do banco, procurando ser um agente catalisador de mudanças positivas na economia e na sociedade.

Quais as políticas de sustentabilidade consideradas prioritárias para o novobanco?

As políticas prioritárias envolvem a promoção de práticas que contribuam para a transição energética, a mitigação de mudanças climáticas e o apoio a uma economia mais inclusiva e sustentável. Entre os nossos principais eixos de actuação, destacamos o Financiamento Sustentável e a integração de Critérios Ambientais, Sociais e de Governança (ESG) nas decisões de crédito e investimento, com foco no financiamento de projectos verdes, como energias renováveis, eficiência energética ou economia circular.

As políticas e metas de sustentabilidade do novobanco são estabelecidas tendo como referência benchmarks globais e nacionais, como os ODS e os compromissos climáticos do Acordo de Paris, bem como considerando as expectativas de stakeholders: accionistas, reguladores, clientes e sociedade civil. Estas políticas e metas são revistas periodicamente para se ajustar e darem resposta às exigências de novas regulamentações e de mudanças nas expectativas e necessidades sociais e ambientais.

De que forma as iniciativas sustentáveis contribuem para a estratégia de negócio do novobanco?

Um dos programas estratégicos do novobanco é dedicado à sustentabilidade e à integração dos tópicos ESG no negócio. Este programa e as suas iniciativas desempenham um papel- -chave na consolidação do modelo de negócio do banco, ajudando a criar valor a longo prazo. Estas iniciativas são uma resposta às exigências regulatórias e sociais, mas também uma oportunidade para o banco inovar, diferenciar-se no mercado e gerir riscos de forma mais eficaz.

Actualmente, o financiamento sustentável promove a transição para modelos de baixo carbono das empresas nossas clientes e atrai novos clientes que estão comprometidos com práticas éticas e ambientais, ajudando a dinamizar sectores-chave da economia nacional e contribuindo para impulsionar uma economia mais sustentável. Ao integrar sustentabilidade na sua estratégia de negócio, o novobanco melhora a sua competitividade no mercado e gera um impacto positivo na comunidade.

Que medidas adoptam para reduzir a pegada ambiental nas operações diárias?

O novobanco tem adoptado medidas para reduzir a pegada ambiental nas suas operações diárias, desde a gestão de recursos até a digitalização de processos, com foco na minimização de resíduos, redução de emissões e consumo responsável.

Algumas das iniciativas passam pela contratação de energia eléctrica de fontes renováveis, instalação de painéis solares para autoconsumo na sede do novobanco, electrificação da frota de veículos do banco e promoção do uso de transportes públicos, assim como a digitalização de processos internos e de contratação com clientes.

Ao nível da economia circular e redução de resíduos, destaco a reciclagem dos nossos cartões de débito e crédito, e a produção de cartões bancários em PVC reciclado, a substituição de utensílios descartáveis por alternativas, como garrafas reutilizáveis distribuídas a todos os colaboradores, e reaproveitamento de equipamentos, como o prolongamento da vida útil de equipamentos de escritório e tecnologia através de reparações ou doações.

Para o sucesso destas medidas e maximização do impacto são essenciais acções de formação e sensibilização internas e a participação das nossas equipas em projectos comunitários de índole ambiental.

Além disso, o novobanco definiu o objectivo de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), de âmbito 1 e 2, em 54% até 2030 (face a 2021) e de atingir a neutralidade carbónica no mesmo âmbito em 2050. Entre 2021 e 2023, o banco reduziu as suas emissões em 36%.

Qual o papel do novobanco no que diz respeito ao financiamento de projectos sustentáveis?

O novobanco utiliza a sua capacidade financeira e papel enquanto financiador da economia para apoiar as jornadas de transição energética e de transformação para modelos de produção de baixo carbono dos seus clientes.

Alguns exemplos são projectos de energia renovável, nomeadamente de energia solar, eólica ou biomassa; projectos de modernização de infra-estruturas e transportes para torná-los mais eficientes no uso de energia e recursos naturais; assim como projectos que promovam o reaproveitamento de materiais e a redução de resíduos em processos industriais.

Este compromisso reflecte-se, da mesma forma, na alocação de recursos financeiros e na avaliação do impacto desses investimentos, que é feito de duas formas. Através de um modelo detalhado de classificação de financiamentos verdes, que descreve de forma criteriosa as características dos projectos que podem ser considerados sustentáveis do ponto de vista ambiental e climático, e para os quais definiu objectivos comerciais ambiciosos de produção de crédito verde; e, por outro lado, uma monitorização recorrente do indicador de emissões de gases com efeito de estufa das empresas financiadas pelo novobanco.

Como é que o banco promove a inclusão financeira e o apoio a pequenas e médias empresas sustentáveis?

O nosso foco nas pequenas e médias empresas nacionais reflecte o nosso compromisso com a criação de impacto positivo na sociedade. Além do acesso a financiamento para PME, com a disponibilização de linhas direccionadas para investimentos na transição com condições preferenciais e em parceria com fundos públicos nacionais e europeus, disponibilizamos também: acesso a uma rede de parceiros especializados de apoio a PME; iniciativas que promovem a inclusão, literacia e capacitação das pequenas e médias empresas nacionais, com programas de formação executiva em parceria com a Academia, e programas de literacia ESG (Environmental, Social and Governance) e de sustentabilidade, que levámos a cabo com parceiros especializados, através de workshops, seminários e conferências; e, ainda, iniciativas em parceria com ONG e associações locais para a promoção de programas de literacia e inclusão financeira dirigida a clientes empresariais, particulares e a organizações do terceiro sector.

De que forma o banco envolve os seus colaboradores em iniciativas de sustentabilidade e responsabilidade social?

O envolvimento das nossas pessoas é essencial para integrar a sustentabilidade e a responsabilidade social nas nossas operações e linhas de negócio. Por isso, promovemos diversas iniciativas que visam capacitar e envolver os colaboradores, incentivando a adopção de práticas sustentáveis e a participação activa em projectos sociais.

Investimos em formação para capacitar as nossas pessoas para uma transformação no negócio trazida pelos tópicos da sustentabilidade, e desenvolvemos um programa de impacto social com uma importante vertente de voluntariado, que cobre iniciativas sociais e ambientais e que permite aos colaboradores ajudar o outro ou o ambiente, doando o seu tempo, bens ou dinheiro.

Lançámos, também, desafios que incentivam à redução do consumo de papel, plástico e energia dentro das instalações do banco; e iniciativas que promovem a utilização de transportes públicos, car-sharing e hábitos de mobilidade mais ecológicos.

Que objectivos foram estabelecidos pelo novobanco para reduzir a emissão de carbono?

O novobanco estabeleceu metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa até 2030, baseadas em metodologias científicas – Science Based Targets – e, portanto, alinhadas com os objectivos globais de combate às mudanças climáticas e ancoradas em padrões internacionais, como o Acordo de Paris e os compromissos nacionais e europeus de descarbonização da economia.

Estas metas englobam emissões de carbono das nossas operações próprias, mas também as emissões decorrentes do nosso negócio de financiamento e investimento com os nossos clientes. Os principais objectivos passam por atingir a neutralidade carbónica nas operações próprias até 2030 (face a 2021) e tornar as operações directas do banco neutras em carbono até 2050, através de iniciativas como o uso exclusivo de electricidade de fontes renováveis em todas as instalações, a modernização de edifícios e sistemas de climatização, e o incentivo à mobilidade sustentável para colaboradores, como substituição da frota por veículos eléctricos ou híbridos.

Além disso, reduzir as emissões de GEE financiadas nos sectores com maior intensidade carbónica: alinhar a carteira de crédito e investimento aos objectivos de redução de emissões nacionais e europeias, para atingir a neutralidade carbónica até 2050. Para 2030, e face a 2021, o novobanco definiu metas sectoriais de redução de emissões financiadas para os sectores de Produção de Electricidade (-74%), Cimento (-23%) e Hipotecas comerciais (-68%).

Para atingir estas metas será essencial conhecer os planos de transição dos clientes nestes sectores, monitorizar a maturidade das suas jornadas e apoiar os investimentos necessários para os executar.

Que tipo de apoio é dado a projectos de impacto positivo nas comunidades locais?

Apoiamos projectos que geram impacto positivo nas comunidades locais, não só por meio de financiamento directo, mas também via parcerias estratégicas, programas sociais e iniciativas de voluntariado corporativo. A colaboração que temos vindo a dar, através do apoio financeiro, logístico ou de voluntariado aos nossos parceiros estratégicos da sociedade civil, permite aumentar o alcance e o impacto dos projectos que apoiamos em áreas como literacia financeira e digital, educação, inclusão social, cultura e preservação ambiental.

Quais as métricas utilizadas pelo novobanco para avaliar a eficácia dos seus programas de responsabilidade social na comunidade onde opera?

Recorremos a um conjunto de estratégias e métricas, nomeadamente através do estabelecimento de objectivos e indicadores-chave de desempenho, que são definidos aquando da implementação de cada uma das iniciativas, como sejam o número de beneficiários, famílias apoiadas ou estudantes que receberam bolsas, entre outros.

Quais as estratégias do novobanco para promover a literacia financeira na comunidade?

A literacia financeira é um dos eixos de actuação prioritários no plano de responsabilidade social do novobanco, especialmente em segmentos da população que têm menos acesso a informações sobre gestão das finanças pessoais.

Ao fornecer conhecimento acessível e adaptado a diferentes públicos, contribuímos para que mais pessoas tomem decisões financeiras informadas, melhorando a sua qualidade de vida e fortalecendo o desenvolvimento sustentável das comunidades que servimos.

Disponibilizámos, recentemente, a plataforma Futuro em Dia, uma iniciativa para ajudar famílias e empresas em dificuldades financeiras a organizar as suas finanças, superar desafios e atingir os seus objectivos financeiros e económicos, promovendo uma gestão financeira mais sustentável.

Em paralelo, apoiamos a capacitação dos jovens através de diversas iniciativas, como a atribuição de bolsas de estudo a jovens em contextos económicos desfavorecidos, o apoio a iniciativas de promoção de intervenção cívica e desenvolvimento de capacidades de liderança.

No âmbito da literacia digital, para além do desenvolvimento e disponibilização de conteúdos de cibersegurança, protecção de dados e boas práticas na utilização de plataformas digitais e serviços de vendas digitais, desenvolvemos, em parceria com a APB e seus associados, um programa de literacia digital para seniores.

Por fim, como comunicam o impacto das acções de sustentabilidade e responsabilidade social aos stakeholders e ao público em geral?

Comunicamos a nossa performance nas áreas de sustentabilidade, ambientais, sociais e de governance de forma estratégica e transparente, utilizando uma combinação de relatórios recorrentes, iniciativas de envolvimento nas redes sociais e plataformas de comunicação pública.

No entanto, o principal veículo de comunicação é o Relatório de Sustentabilidade, que publicamos anualmente. Nesse sentido, este documento detalha todas as iniciativas, resultados e métricas associadas às áreas de meio ambiente, impacto social e governance.

A partir de 2025, as grandes empresas e bancos passarão a relatar a sua performance ESG de acordo com os requisitos da nova directiva de reporte de sustentabilidade corporativo (CSRD). Estamos confiantes que esta nova directiva europeia permitirá uma ainda maior comparabilidade e confiabilidade na divulgação dos dados.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Sustentabilidade e responsabilidade social”, publicado na edição de Dezembro (n.º 341) da Marketeer.

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