ISAG: (In)formação, o grande desafio das empresas portuguesas

Por Márcia Monteiro, Coordenadora da Licenciatura em Gestão de Empresas do ISAG – European Business School

Numa economia em que 96% das empresas são micro (2019, INE e Pordata) e em que 57% dos gestores admitiram ao mais recente Barómetro do Kaizen Institute que as suas empresas ficaram aquém dos objectivos traçados para 2020, “crescer” tornou-se palavra de ordem. Criar novos produtos ou serviços, chegar a novos públicos, implementar novos processos de produção, canais de distribuição e contacto. Alcançar o que é novo faz parte do espírito ambicioso, empreendedor e inovador que deve marcar o tecido empresarial e que passa pelo aumento das equipas, dos meios técnicos e dos espaços físicos, pois são causa e efeito de negócios saudáveis.

Se os objectivos de crescimento estão sempre presentes, nem sempre é fácil alcançá-los. Há “dores de crescimento” que já existiam antes da Covid-19 e que poderão manter-se, caso não haja um investimento por parte dos empresários na sua preparação para enfrentar os desafios do mercado. O comércio electrónico disparou em Portugal devido às mudanças dos hábitos de compra, razão pela qual as empresas necessitam de acompanhar este novo paradigma e fazer a integração híbrida da experiência digital e física. Urge desenvolver o processo de transição das empresas para os meios digitais.

Costumamos ouvir que “o segredo é a alma do negócio” e, sim, quantas vezes pode mesmo sê-lo! Sugiro que, por momentos, substituamos esta expressão por outra: a informação é a alma do negócio! De forma sumária, é aqui que começa qualquer estratégia de crescimento, quando um gestor se predispõe a olhar para a sua empresa e o seu sector para conhecê-los de forma aprofundada.

Perceber quem é o público-alvo, em que canais se move e quais os comportamentos de compra, saber quais os mercados prioritários e produtos-chave é essencial, tal como analisar estes mesmos factores para as empresas concorrentes. Procurar entidades sectoriais que sirvam de rede de suporte ou de contactos e identificar mecanismos de financiamento ou apoios estatais fazem também parte do processo de descoberta.

É com base em toda esta informação que se torna possível traçar objectivos, estratégias e prioridades de forma mais ajustada e mais assertiva para a geração de resultados efectivos. A informação permite, além do mais, encontrar parceiros nacionais ou internacionais que, por terem a mesma visão e objectivos, podem partilhar investimentos e recursos para um crescimento conjunto.

Ao analisar a realidade da sua empresa, cada gestor consegue ainda percepcionar que competências técnicas faltam à organização, bem como perceber a forma de colmatá-las, não só com novas contratações, mas também com a capacitação dos profissionais que já compõem a equipa. A aposta em formação, por exemplo, na comunicação e venda em canais digitais pode alavancar novos negócios.

É munido de informação e rodeado de parceiros e profissionais que cada empresário irá encontrar o seu caminho de crescimento. Poderão existir dores, mas o planeamento e a estratégia irão reduzi-las, por gerarem investimentos mais seguros e proveitosos.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Negócios 100% Digitais”, publicado na edição de Junho (n.º 299) da Marketeer.

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